O Programa do Jô, da TV Globo, cortou parte da entrevista
concedida pelo delegado de Polícia Civil do RJ, Orlando Zaccone.
Gravada nesta segunda-feira (12) e exibida dia 13,
a entrevista do policial sofreu um corte no momento em que ele comentou o filme "Tropa de Elite".
O trecho simplesmente não foi ao ar.
Segundo Zaccone, Jô Soares ficou irritado com o seguinte comentário:
"Essa classe média que está batendo palma para o filme não agüenta um tapa de polícia na rua".
O apresentador teria respondido algo como "Não concordo. Isso é sua opinião".
Zaccone ainda foi polido.
Em vez de responder o óbvio, que havia sido convidado justamente para emitir sua opinião,
ainda tentou contemporizar, explicando que as palmas a que se referia
eram para as cenas de tortura e execuções sumárias.
Quem assistiu à entrevista pôde notar que Zaccone levou Jô na flauta.
Ao contrário da maioria dos programas, em que o apresentador costuma aparecer mais que o convidado, o delegado conseguiu oferecer uma boa exposição sobre o conteúdo de seu livro recém-lançado
(Acionistas do nada - quem são os traficantes de drogas).
Abordou com bastante propriedade a teoria da seletividade da pena e mostrou, através de experiência própria,
que a esmagadora maioria dos presos por tráfico não são violentos.
Além disso, ainda achou espaço para criticar a mídia:
"Recentemente um jornal do Rio de Janeiro publicou uma foto de uma mulher armada,
de shortinho e piercing no umbigo.
Só que esse estereótipo não condiz com a realidade".
Jô ficou meio atordado e o interrompeu:
"Mudando de assunto, já que os convidados vêm aqui para falar de sua vida,
me fala sobre quando você era Hare Krishna".
Zaccone falou alguns segundos e logo deu um jeito de voltar a criticar a criminalização da pobreza.
O sujeito estava impossível.
Como diz o Yuka, o cara consegue, fácil, vender picolé no inverno russo.
Além do livro, Zaccone levou um exemplar do jornal "Sol quadrado - também brilha!",
A capa, diagramada com perfeição por Évlen Bispo, foi exposta em * close * durante generosos segundos.
No final do programa até o prefeito de Nova Iguaçu, o petista Lindeberg Farias,
telefonou para parabenizar o delegado.
Que, apesar da censura, tirou o gordo pra dançar.
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