sexta-feira, novembro 17, 2006

COZINHA DOS GANHÕES

Tomei a liberdade de transcrever do site da Câmara Municipal de Estremoz tudo o que abaixo está descrito. A exemplo do que faço todos os anos, é a minha contribuição para divulgação das coisas da minha saudosa cidade. Este é um evento já com fama além fronteiras e todos aqueles que navegam por este Portal, que estejam em Portugal ou que para lá forem por estes dias, não podem perder. MENSAGEM DO PRESIDENTE Eis-nos chegados a mais uma edição da Cozinha dos Ganhões, a décima quarta.E mais uma vez comemoramos os saberes e os sabores da rica gastronomia alentejana de outros tempos.Espaço de convívio a cada ano que passa, a Cozinha é o ponto de encontro para quem aprecia os pecados da gula, em forma de umas migas, ou de uma açorda ou ainda de um prato de caça, ou ainda... a doçaria conventual, que essa, é de bradar aos céus.Queremos que esta edição seja, para além da grande festa gastronómica, uma montra do nosso artesanato, dos nossos produtos tradicionais, em suma, uma mostra do melhor de nós.A animação está fundada na nossa cultura popular. Pelo palco da Cozinha passarão os Grupos Corais Alentejanos, Etnográficos, Poetas Populares, Tocadores de Concertina... e o Fado Castiço.O nosso reconhecimento a todos quantos tornaram possível a criação da Cozinha dos Ganhões em Estremoz, bem como aos homens e mulheres que vão encher de brilho como tasqueiros, doceiros, expositores e artistas, a edição 2006.A nossa ambição é que a Cozinha dos Ganhões 2006, seja uma Marca de Estremoz e do Alentejo. Aprecie bem esta Cozinha. Sinta-se desde já convidado(a). Um abraço amigo.José Alberto FateixaPresidente da Câmara 30 de Novembro de 2006 (Qinta-feira) 18:30 Cerimónia de abertura da XIV Cozinha dos Ganhões. 19:00 Abertura das Tasquinhas e Doceiros. 21:30 Actuação do Rancho “As Azeitoneiras” de S. Bento do Cortiço 22:00 Espectáculo Musical com o Grupo Coral “Os Ganhões” de Castro Verde 01 de Dezembro de 2006 (Sexta-feira) 12:00 Abertura da Cozinha dos Ganhões. 17:00 Prova de Azeites de Estremoz, pela SICA. 18:15 Prova de Enchidos de Estremoz, pela Salsicharia Estremocense. 18:30 Apresentação do Livro “Sorrindo no Alentejo com Zé d´Alter”, da autoria do Dr. Alberto Ribeiro. 19:15 Prova de Vinhos de Estremoz · Encostas de Estremoz · Margarida Cabaço – Unipessoal · Quinta do Carmo · Tiago Cabaço 22:30 Noite de Fados com António Pinto Basto, José Gonçalez e Patrícia Leal acompanhados pelo Trio de Guitarras de Jorge Silva. 02 de Dezembro de 2006 (Sábado) 12:00 Abertura da Cozinha dos Ganhões. 15:00 Actuação da Orquestra de Percussão de Estremoz “Tocábombar”, pelo recinto. 15:30 4º Encontro de Poetas Populares do Concelho de Estremoz, numa organização da Associação Filatélica Alentejana, com o apoio da Câmara Municipal de Estremoz, no Palco Principal. 17:00 Prova de Azeites de Estremoz, pela Cooperativa de Olivicultores de Estremoz. 18:15 Prova de Enchidos de Estremoz, pela Salsicharia Moreira e Pimenta. 18:30 Prova de Vinhos de Estremoz · Herdade do Pombal · João Portugal Ramos · Monte Seis Reis · Vinhos Dona Maria 19:30 Cantares ao Desafio pelo Grupo Coral “Unidos do Baixo Alentejo”, em ronda pelos restaurantes. 19:15 Prova de Vinhos de Estremoz 22:00 Espectáculo Musical com o Grupo Coral “Unidos do Baixo Alentejo” 03 de Dezembro de 2006 12:00 Abertura da Cozinha dos Ganhões. 15:30 Encontro de Tocadores de Concertina e Acordeão. 18:15 Prova de enchidos de Estremoz, pela Salsicharia Cortes. 18:30 Espectáculo Musical com o Grupo de Cantares de SouselApoio: Geopedras 19:15 Prova de Vinhos de Estremoz · Herdade das Servas · Poeiras & Xarepe · Quinta do Mouro · Sociedade Agrícola Monte da Caldeira 22:00 Encerramento da XIV Cozinha dos Ganhões 2006. O Que é um Ganhão GANHÃO: “s.m. Aquêle que lança mão de tudo para ganhar; ganha dinheiro. Jornaleiro, trabalhador; criador de lavoura: Seria condenável o ganhão, ou mancebo do lavrador, que deixando de lavrar nas terras de seu amo, fôsse a dar jeiras nos casais alheios, D. Francisco Manuel de Melo, Apólogos Dialogais, III, p. 173; Guarde – Deus, mana mulher... Isto aqui de quem é?... Trazem ganhões cá na herdade? Fialho de Almeida, O País das Uvas, p. 187. Prov. Beir. Aquêle que trabalha com uma junta de bois, (Cf. Revista Lusitânia, XI, p. 157).” Grande Enciclopédia Luso-Brasileira Categoria de trabalhador agrícola cuja hierarquia difere de região para região. No distrito de Portalegre corresponde ao homem que se ocupa de serviços de lavoura não especializados, tais como; lavrar com bois, que são guardados e tratados por outro homem denominado “boieiro”; cavar moitas; carregar os molhos de cereal nos carros; etc. O Ganhão aqui é, por assim dizer, um trabalhador de pouca categoria que actua debaixo das ordens de um capataz conhecido por abegão. No distrito de Évora, chama-se Ganhão ao que no de Portalegre se dá o nome de abegão e designa-se por moço de lavoura o que nesse mesmo distrito de Portalegre se denomina Ganhão.” Fonte:A.J. SARDINHA DE OLIVEIRA Verbo Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura Ganhões eram os moços da lavoura e de outros serviços, como cavas, acarretos, eiras, etc. A colectividade que os agrupava denominava-se por ganharia ou malta. Muitas vezes existiam rapazes de 14 a 16 anos, que só se consideravam ganhões depois de lavrarem toda uma época de uma sementeira outonal. Entre os ganhões de uma casa havia duas categorias: os de “pensão” (anuais, que se acomodavam por muito tempo e que, por vezes, eram encarregados interinos) e os “rasos” (eram temporários, de poucos dias). O ganhão raso era simplesmente máquina de trabalho, ganhava pouco e era constantemente fiscalizado. A “casinha dos Ganhões” era o dormitório, a casa de descanso dos ganhões ou dos moços da lavoura, que constituíam a ganharia. Como se pode supor, tem semelhanças com as casernas dos soldados. Na maioria dos casos era uma casa ampla que acomodava vinte a trinta homens. Todas elas tinham sempre uma lareira espaçosa, num dos cantos ou no centro, que era por eles designada de chaminé. As paredes eram caiadas de branco, mas na sua maior parte estavam enegrecidas do fumo da lareira. Era aí que se juntava a criadagem nos serões, sentados nos burros (bancos rústicos de pernadas de azinheira) aquecendo-se e enxugando-se das chuvadas que sofriam durante o dia. As tarimbas erguiam-se em redor das paredes, formadas por leitos de carros velhos, portas inutilizadas, tábuas, etc., revestidas com rama de piorno, giesta e palha. A copa (vestuário), safões, chapéus, esteiras e calçado amontoavam-se, sem que mão bondosa se lembrasse de os arrumar. Mas para os ganhões estava tudo bem. O arranjo, a compostura e a limpeza eram para as mulheres e para as suas casitas de vila ou aldeia. As noites eram divertidas. A maioria eram rapazes novos, cheios de vida e sem grandes preocupações. Faziam simulações de touradas, jogos de brincadeiras para logro dos novatos e dos mais velhos que, já cansados, rejuvenesciam e recordavam as partidas que eles mesmos já haviam feito e das quais tinham saudades. Noutras noites os papéis invertiam-se, eram os mais velhos que distraíam os mais novos, tomando ares de superioridade paternal. Propunham adivinhas, recitavam décimas, narravam contos e episódios de guerra ao ponto dos moços exclamarem:”Caramba rapazes! Sempre o tio fulano sabe muito!... É poço sem fundo! Não sei como lhe cabe na cabeça tanta coisa!!! Se fosse homem de letras era doutor!...” Como Surgiu a Ideia Em Abril de 1985, num convívio de vinhos e petiscos, sentámo-nos à mesma mesa o João Albardeiro, o Jacinto Varela, o Armando Alves, o João Paulo e eu. Petiscos saborosos e vinho de qualidade, e a ideia nasceu: e se fizéssemos uma casa de petiscos para a feira de Maio! (...) Cada tasca, cada restaurante, cada cozinheiro, em dias diferentes, apresentaram as suas especialidades. Tratou-se ainda, com grande participação, da promoção e divulgação de vinhos alentejanos Aníbal Falcato Alves – Os comeres dos Ganhões. Memória de outros sabores, Porto, Campo das letras, 1994, página 7.

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