quarta-feira, novembro 11, 2020

Timor-Leste --- Segredos


Santa Cruz foi há 24 anos. Há uns nomes mais conhecidos que outros. Hoje a Agência Lusa conta duas histórias de dois dos nomes menos conhecidos.

O primeiro é Saskia Kouwenberg.
Timor-Leste: Imagens do massacre de Santa Cruz sairam escondidas dentro de roupa interior
*** Por António Sampaio, da agência Lusa ***
Díli, 11 nov (Lusa) - Dois dias depois do massacre de Santa Cruz, a 14 de novembro de 1991, Saskia Kouwenberg coseu duas cuecas uma à outra, arranhou o interior do nariz até chorar e deixou cair sangue no tecido, que escondia um documento vital.
A ‘bolsa’ improvisada pela holandesa, manchada de sangue, tinha no seu interior a cassete com as imagens do massacre no cemitério de Santa Cruz, recolhidas pelo jornalista inglês Max Stahl e que, para muitos marcaram um momento de viragem na questão de Timor-Leste.
Foi uma medida preventiva. Saskia Kouwenberg, que aceitou pela primeira vez contar a história, explicou à Lusa que o conteúdo da cassete que transportou de Díli tinha que chegar às televisões de todo o mundo.
Pensando que a sua bagagem poderia ser revistada - e contando com os eventuais preconceitos muçulmanos caso isso acontecesse -, Kouwenberg, que conversou com a Lusa pela rede social Skype, a partir de Amesterdão, queria garantir que as imagens não seriam descobertas.
“Pedi a um jornalista que me arranjasse agulha e linha. Eu uso sempre cuecas enormes. Confortáveis mas enormes. Arranhei tanto o nariz que até chorei. E enchi as cuecas de sangue, e depois cozi duas e meti a cassete lá dentro e fui para o aeroporto”, recordou.
Envolvida no movimento pacifista da década de 1980 teve o primeiro contacto com os timorenses em Darwin, norte da Austrália, para onde se mudou com o marido no início dos anos 1990.
A proposta visita de uma delegação parlamentar portuguesa a Díli, em outubro de 1991 fez aumentar o interesse à volta da situação em Timor. Como a visita coincidia com uma viagem que Saskia e o seu marido na altura, Russell, deveriam fazer à Europa, decidiram incluir uma passagem por Díli.
“Na altura disseram que ia ser muito difícil entrar, que não íamos conseguir. Mas conseguimos entrar. Só que a visita da delegação acabou por ser cancelada e tudo entrou em colapso”, recorda.
O Governo indonésio rejeitou a inclusão na delegação - de que fariam parte 12 jornalistas - da jornalista australiana Jill Jolliffe, considerada próxima da resistência, e Portugal recusou manter a visita se esta fosse excluída.
“Isso gerou pânico em Timor. Muitas pessoas e muitos jovens tinham-se preparado para visita e queriam, a todo o custo, falar com eles”, recorda Saskia, uma dos sete ou oito estrangeiros que estavam em Díli na altura.
A tensão aumentou e a 28 de outubro tropas indonésias e elementos pró-integracionistas atacaram um grupo de jovens que estava na Igreja de Motael a preparar manifestações para receber a delegação parlamentar, de que resultou a morte do jovem pró-independentista Sebastião Gomes e do pró-integracionista Afonso Henriques.
A 12 de novembro realiza-se uma missa e cerimónia em homenagem de Sebastião Gomes e milhares de pessoas dirigem-se de Motael até ao cemitério de Santa Cruz.
Durante o percurso alguns abriram cartazes e faixas de protesto. As forças indonésias respondem com extrema violência, matando mais de 250 pessoas.
Um ativista neozelandês, Kamal Bamadhaj, foi morto, dois jornalistas foram espancados, os americanos Amy Goodman e Allan Nairn, e as imagens foram registadas pelo jornalista inglês Max Stahl.
Nesse dia Saskia estava como uma grande dor nas costas, que praticamente não a deixava movimentar-se. Gravou algumas imagens, ainda na igreja, e regressou ao Hotel Díli, onde estava hospedada.
“Quando saí de novo vi que a cidade estava praticamente deserta e comecei a perguntar o que tinha acontecido. Estavam pessoas escondidas em vários locais que disseram que tinha acontecido algo muito mau”, contou.
“Nessa noite falei com o Max que disse que tinha escondido o filme no cemitério. Ele foi lá busca-lo e, depois a questão era quem tirava o filme de Timor. Eu ofereci-me porque não tinha sido vista em Santa Cruz”, explica.
Primeiro tentou com o Relator Especial da ONU para Direitos Humanos e Tortura, Pieter Kooijmans, que estava em Díli a quem pediu se podia levar a cassete.
“Ele disse que não. Estava borrado de medo. Falei também com a Embaixada holandesa. Ninguém acreditava que isto tinha acontecido”, disse.
Retirar a cassete com as imagens de Timor-Leste, recorda, foi uma espécie de “filme B” que começa no aeroporto onde chega, no dia seguinte, com o seu marido e o americano Steve Cox, e é informada de que o voo estava cheio.
“Eu corri para o avião a dizer que tinha que sair. Os militares tentaram tirar-me das escadas. Estava aos gritos. E enquanto isto estava a decorrer o Kooijmans passou por mim e fez que não me conhecia”, disse.
“Depois de muitos gritos e discussão deixaram-me entrar com o Steve Cox e o Russell. E quando chegámos vimos que havia mais lugares vazios. Foi uma situação muito tensa”, disse.
Os seus companheiros de viagem saíram em Kupang, Timor indonésio, e Saskia continuou até Bali onde se misturou com turistas enquanto esperava ligação para Jakarta.
Ali, depois de uma conversa de uma hora entre o embaixador e as autoridades indonésias, acabou por passar pela zona VIP, sendo levada para um quarto na missão diplomática de onde não pode sair.
“Eles insistiam que eu entregasse tudo o que tinha comigo. Diziam-me que eu não ia conseguir sair com o filme. Pensei e dei-lhes um pacote que disse que só podiam entregar ao charge d’affairs - que eu sabia que estava fora. Eles pensaram que era a cassete mas era só uma cópia do livro Exodus”, conta, sorrindo.
Coze as cuecas e prepara-se para nova viagem para o aeroporto antes do voo para Amesterdão. Apesar do medo e de mais negociações com as autoridades indonésias é levada de carro à porta do avião e embarca, sem que a sua mala seja sequer revistada.
“Passam quatro dias entre sair de Díli e estar em segurança. Na Holanda tive que dar o filme aos donos que tinha contratado Max Stahl. Eu queria que o filme fosse transmitido nessa mesma noite porque ainda havia a controvérsia porque a Indonésia negava que tinha havido um massacre em Timor”, disse.
“Eles insistiam que as imagens eram para usar num documentário. E eu recusei-me a entregar a cassete. Pedi primeiro à televisão holandesa que fizesse uma cópia. E essas foram as imagens transmitidas na noite de sábado 16, cinco dias depois do massacre”, recorda.
Um momento crucial para Timor-Leste, quer pelo reconhecimento internacional que o problema assumiu mas, destaca, pelo impacto que as imagens tiveram em Portugal.
“Até Santa Cruz havia tanta negação na comunidade internacional sobre o que estava a acontecer. E aqui tínhamos um exemplo em que os indonésios diziam que nada tinha acontecido, e as imagens mostraram o contrário, que algo grande tinha ocorrido”, disse.
“Essas imagens fizeram uma grande diferença especialmente em Portugal. Porque as pessoas na capela e no cemitério estavam a rezar em português. E em poucos dias todas as casas em Portugal acenderiam velas por timor, comprometendo-se a não abandonar Timor de novo”, afirmou.
ASP // EL
Lusa/Fim

quinta-feira, novembro 05, 2020

Convenção de Evoramonte

Evoramonte é uma pequena localidade pertencente ao Concelho de Estremoz. Situa-se entre esta e a cidade de Évora e equidistante da também famosa Arraiolos.


No dia 26 de Maio de 1834 ,viria a ser precisamente em Evoramonte, na casa de Joaquim António Saramago (onde ainda hoje se encontra uma lápide comemorativa do evento), que se assinou o acordo que pôs fim às guerras entre liberais e tradicionalistas (chamados absolutistas ou miguelistas pelos liberais), em Portugal. Para esse efeito, reuniram-se os generais Azevedo e Lemos, comandante-em-chefe do exército tradicionalista, com os generais João Carlos de Saldanha Oliveira e Daun, Conde (futuro Marquês) de Saldanha, e António José Severim de Noronha, Conde de Vila Flor (futuro Duque da Terceira), comandantes das forças de D. Pedro IV (I do Brasil), na presença de um legado do britânico, John Grant, a fim de se discutirem as condições definitivas para a paz em Portugal. 

Arraiolos

 Arraiolos define un dos mais famosos tapetes do Mundo. E, lògicamente, a tecelagem manual se faz na pequena cidade do mesmo nome. Arraiolos fica entre a minha cidade natal (Estremoz) e a minha adotada (Évora), ambas no Alentejo.

A foto mostra uma calçada portuguesa, com pedras de basalto de várias cores, representando um dos citados tapetes, no centro de Arraiolos. O meu Alentejo é maravilhoso!

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La Paloma

terça-feira, novembro 03, 2020

Astroturismo

 


Céu Alentejo duplamente premiado nos     “Óscares do Turismo”

 

O céu alentejano voltou a ser galardoado com mais dois importantes prémios internacionais, premiando assim uma das vertentes do turismo alentejano que tem vindo a ganhar mais importante ao longo dos últimos anos, o astroturismo.

Dark Sky® Alqueva acaba de ser distinguido internacionalmente como Europe’s Responsible Tourism Award 2020 e Europe’s Leading Tourism Project 2020, nos World Travel Awards, anunciado hoje, dia 2 de Novembro de 2020.

O Dark Sky® Alqueva é assim duplamente distinguido nos “Óscares do Turismo”, depois de no ano passado, ter passado a fazer parte do destinos premiados pelos World Travel Awards com a atribuição do Europe’s Responsible Tourism Award 2019.

Recordamos que o Dark Sky® Alqueva é o primeiro destino de astroturismo português cuja criação remonta a 2007. Tendo por base o conhecimento adquirido que permitiu acreditar e apostar no astroturismo como uma importante tendência futura da procura turística, avançou-se em 2007 para o desenvolvimento de um destino sustentável em que o recurso céu noturno fosse o pilar da base de trabalho. Aliado ao desenvolvimento turístico sustentável, a nossa missão reside ainda em proteger o céu nocturno e com isso trabalhar com o objectivo de atingir valores próximo de zero, no que diz respeito à poluição luminosa.

Em 2011, o Dark Sky® Alqueva tornou-se o primeiro Starlight Tourism Destination do mundo e em 2018 o primeiro transfronteiriço. Começou com seis concelhos Portugueses, aos quais se associaram Mértola, Évora, Serpa e Redondo e hoje abrange uma área, entre Portugal e Espanha, de 9.700,00 km2 em torno do Lago Alqueva.

Desde o final do ano passado que o Dark Sky® Alqueva tem vindo a introduzir melhorias, a diversificar a oferta de actividades e a aumentar a rede de parceiros locais, os quais estarão brevemente visíveis no nosso website. Mas o conceito Dark Sky® também tem crescido a nível nacional fruto de parcerias regionais, originado assim o nascimento do Dark Sky Aldeias do Xisto em parceria com a ADXTUR, e o Dark Sky Vale do Tua em parceira com a ADRVT, formando assim a Rede Dark Sky® PORTUGAL com três destinos já certificados pela Fundação Starlight representando uma área de 12.947,38 km2 e posicionando o nosso país como aposta de um destino internacional líder no Astroturismo.

 

https://odigital.pt/