segunda-feira, janeiro 04, 2016

Pombos



Nos meus tempos de infância, lembro-me muito bem, o meu pai sempre criou pombos. Tinha um pombal  no quintal da casa com uma população de, mais ou menos, 50 aves.
Quando saía para a pesca, sempre levava consigo uma meia dúzia que soltava depois ,como se pombos correios fossem. E, do mesmo modo que os pombos correios, aqueles sempre achavam o caminho de casa. Se soubessem o fim que os esperava, talvez não voltassem mais...
Naqueles tempos do pós guerra, a vida era muito mais dura do que é hoje. Porque assim, era normal sacrificar alguns pombos mais velhos quando do nascimento de novos.
Ao contrário do que muita gente pensa, é um bom petisco. Nada dessas crenças de que a ave transmite doenças ao ser humano. Os seus dejectos sim.
Aqui na minha casa, actualmente, um bando de pombos e rolinhas dividem a ração do meu cachorro. Ele já não liga muito e o pejuizo acaba por ser grande. Assim, pensei comprar uma espingarda de pressão (chumbinho) e acabar com os pombos, o mesmo tempo que treinaria tiro ao alvo. E se mais ninguém os quisesse saborear, comê-los-ía eu sozinho...
Um dia ao chegar em casa, notei que tinha muita pena de pombo espalhada no chão. Procurei e achei uma pomba, viva, acuada num canto. Não tinha as penas da cauda e duma asa. De resto estava de prefeita saúde, o que pressupõe um milagre. Dezenas de rolin
has já foram desta para melhor, mas desta vez o meu cachorro não deu a mordida de misericórdia.
O que aconteceu, então? --- Nada de espingarda e de petisco. Peguei a pomba a fechei-a num dos apartamentos do canil. De lá ela não foge. Todos os dias lhe troco a água e a ração especial. Os pardais entram lá para dividir. Outros pombos cercam o local para animar a “prisioneira”. Assim continuará até que as penas tenham crescido e, consequentemente, possa voar para a liberdade. São voltas que o Mundo dá...

Sem comentários: