Nos meus tempos de infância, lembro-me muito bem, o meu pai
sempre criou pombos. Tinha um pombal no
quintal da casa com uma população de, mais ou menos, 50 aves.
Quando saía para a pesca, sempre levava consigo uma meia
dúzia que soltava depois ,como se pombos correios fossem. E, do mesmo modo que
os pombos correios, aqueles sempre achavam o caminho de casa. Se soubessem o
fim que os esperava, talvez não voltassem mais...
Naqueles tempos do pós guerra, a vida era muito mais dura do
que é hoje. Porque assim, era normal sacrificar alguns pombos mais velhos
quando do nascimento de novos.
Ao contrário do que muita gente pensa, é um bom petisco.
Nada dessas crenças de que a ave transmite doenças ao ser humano. Os seus
dejectos sim.
Aqui na minha casa, actualmente, um bando de pombos e
rolinhas dividem a ração do meu cachorro. Ele já não liga muito e o pejuizo
acaba por ser grande. Assim, pensei comprar uma espingarda de pressão
(chumbinho) e acabar com os pombos, o mesmo tempo que treinaria tiro ao alvo. E
se mais ninguém os quisesse saborear, comê-los-ía eu sozinho...
Um dia ao chegar em casa, notei que tinha muita pena de
pombo espalhada no chão. Procurei e achei uma pomba, viva, acuada num canto.
Não tinha as penas da cauda e duma asa. De resto estava de prefeita saúde, o
que pressupõe um milagre. Dezenas de rolin
has já foram desta para melhor, mas
desta vez o meu cachorro não deu a mordida de misericórdia.
O que aconteceu, então? --- Nada de espingarda e de petisco.
Peguei a pomba a fechei-a num dos apartamentos do canil. De lá ela não foge. Todos
os dias lhe troco a água e a ração especial. Os pardais entram lá para dividir.
Outros pombos cercam o local para animar a “prisioneira”. Assim continuará até
que as penas tenham crescido e, consequentemente, possa voar para a liberdade. São
voltas que o Mundo dá...
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