Eram quase seis e meia da tarde e a lotérica fecha a essa hora. Saí de casa apressado para dar tempo de fazer a costumeira fezinha na “Lotofácil”.
Ao aproximar-me da loja, seguíam três jovens à minha frente. Dois entraram e o terceiro ficou encostado a um dos ombrais da porta olhando para os lados. Isso despertou-me a atenção e o sexto sentido. Mas logo este também entrou.
Observei o seu jeito, a maneira de vestir, e o percing no lábio inferior. Bem vestidos os três, de cor branca e nada de anormal a não ser o facto de serem três jovens apostando na loteria àquela hora, pois normalmente encostam ali seres mais velhos. Foi a segunda desconfiança.
Entrei na fila, normalmente, apesar de me ser facilitado o atendimento preferencial por causa da minha idade de ancião… E ainda bem que não usei desse benefício.
O jóvem da frenta dirigiu-se ao guichê e, empunhando um revólver, anunciou o assalto. Eu jamais passara por uma situação dessas e, como os demais, fiquei inerte e só observando. Ainda ouvi o cara gritar que iria disparar a arma caso a funcionária não lhe entregassa o dinheiro do caixa.
Naquele momento pensei que os três fariam a limpeza dos clientes, também. O reduzido montante que eu tinha não era o suficiente para me preocupar, mas estava nervoso perante a dúvida em relação ao que mais poderia acontecer.
Despertou-me a atenção o facto de o assaltante apontar a arma para baixo, para aquela bandeja por onde passamos o jogo e o dinheiro e não para a frente em direção da atendente. Mas mais tarde vim a saber que, sendo os vidros blindados, aquele era o único local por onde entraria a bala e, ricocheteando no aço, atingiria a moça.
Alguém no interior se apercebeu do que estava acontecendo e disparou o alarme sonoro. Isso fez com que os três abortassem o assalto e fugissem em disparada. Não atiraram a esmo como vingança, mas poderiam tê-lo feito e, assim, eu poderia não estar mais aqui escrevendo sobre o acontecido.
Foi a minha primeira vez numa situação destas, mas a minha opinião a respeito não se alterou; ela já existe há muito e muito tempo. Os traficantes, por exemplo, não me incomodam, pois jamais usei ou usarei drogas. Mas, um indivíduo que usa uma arma para roubar ou intimidar inocentes desprotegidos, deveria ser julgado sumàriamente e fuzilado. A lei tem que ser modificada.
1 comentário:
Putz, amigo...que susto, hein?
Posso avaliar muito bem o que passates...
Tbm eu já me senti assim...à princípio, assustada.
Imaginando mil "se..."Isto é o que mais incomoda.
Depois vem a revolta, a raiva, a vontade que existisse a pena de morte e esses bandidos fossem condenados a ela.
Mas não tem...e ficamos à mercê deles, sem defesa.
No terceiro estágio vem o medo...queria mudar de cidade, de país, não queria mais sair à rua...o pânico.
Quase um ano assim...
Consegui superar, mas ainda resta o trauma.
Espero que consigas, tbm...
Mas é uma experiência péssima!
Toma um whiskynho para relaxar...vais precisar.
Eu tive que virar um copo de whisky de vez, na época...meus dentes tremiam tanto, que até quebrei um...
...é uma sensação horrivel de impotência...limitação...
Que bom que foi só um susto, amigo...Fica bem, agora que passou.
E vamos esperar que esta pôrra de lei se modifique.
Enviar um comentário