quinta-feira, maio 22, 2014

Tira-teimas

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou nesta quarta-feira (21), após acordo entre parlamentares, a chamada Lei da Palmada. 
A proposta proíbe pais e responsáveis legais por crianças e adolescentes de baterem nos menores de 18 anos. Aprovada em caráter terminativo, seguirá diretamente para análise pelo Senado, sem necessidade de votação no plenário da Câmara.
O projeto prevê que os pais que agredirem fisicamente os filhos devem ser encaminhados a cursos de orientação e a tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de receberem advertência. A matéria não especifica que tipo de advertência pode ser aplicada aos responsáveis. As crianças e os adolescentes agredidos, segundo a proposta, passam a ser encaminhados para atendimento especializado.
O texto altera o Estatuto da Criança e do Adolescente para incluir trecho que estabelece que os menores de 18 anos têm o direito de serem "educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante" como formas de correção ou disciplina.

O texto acima é uma compilação parcial de artigo publicado no portal do G1 ( http://g1.globo.com ). O facto é notícia em toda a Imprensa.

Eu penso que a maioria dos deputados que aprovou este projecto, bem como a dos senadores que o votarão a seguir, mereciam, sim, levar muitas palmadas. Se porventura levaram algumas na infância ou na adolescência, ainda foram poucas e se perderam as que não os atingiram. Se tivessem "sofrido" esse tipo de castigo, certamente nem políticos seríam com o rótulo que a maioria porta...
A porta da minha casa, mesmo que não fechada à chave, só se abrirá a estranhos se antes na mesma baterem. E só entrarão se eu o permitir. Assim, o que acontece dentro dela, principalmente no que diz respeito à educação dos meus filhos e netos é de fórum íntimo e a ninguém mais interessa. Naturalmente que, se algo errado ocorra e que ultrapasse os limites da civilização, como eu mesmo faria, poderão entrar sem bater...
Eu, como a maioria dos pais, somos educados e temos plena noção de como educar os nossos filhos. Não podemos admitir que se promulgue uma lei dessa natureza. Certamente, como muitas outras, jamais será cumprida.
O título desta minha crónica, "Tira-teimas", é expressivo e tem muito a ver comigo. Lembrei-me do termo logo que da matéria em questão tive conhecimento.
Desde que me conheço por gente e até ao fim da minha adolescência, o tira-teimas fez parte do cotidiano da minha vida. Era uma correia de couro, de uns 50 centímetros livres, pregada num cabo de madeira. Ficava pendurada na parede atrás da cabeceira da mesa da sala de jantar. Não era exactamente como a da ilustração desta matéria, mas assemelhava-se, pois era um verdadeiro chicote...
Enquanto à mesa sentados, eu e meu irmão não podíamos trocar uma palavra. A hora da refeição era "sagrada". Naturalmente que algumas raras vezes pisávamos o risco desse limite e, sem percebermos de imediato, o tira-teimas queimava as nossas orelhas ou outra parte do corpo onde acertasse.
Outras vezes, quando os meus pais entendíam que as costumeiras palmadas machucavam mais as suas mãos do que a nós próprios, recorríam ao tira-teimas. Confesso que apanhei muito e às vezes sem motivo tão forte para tal. Mas fui assim educado e esse era o método geral de antanho na minha e noutras famílias.
Antes que me esqueça, recordo que na escola primária oficial (dos 7 aos 10 anos), todos os professores tinham uma régua de madeira com a qual castigavam os alunos dando-lhes determinado número de reguadas nas mãos. Escondiam-na quando da visita de algum inspector do Estado. A quantidade de reguadas dependia da gravidade do "delito" e eu cheguei a apanhar uma dúzia em cada mão... No rigoroso Inverno era terrível.
Tudo foi terrível, mas reconheço ter sido parte positiva da minha educação. Naturalmente que não morri por causa de tudo isso e ninguém daqueles tempos condenava ou condena os procedimentos. Hoje muita gente condena e certamente haverá comentários negativos a respeito do que menifesto nesta postagem. Poderei argumentar que se faça uma comparação das gerações, principalmente no que respeita ao comportamento dos alunos com os professores, dos filhos com os pais, enfim.
Tenho 5 filhos e, que eu me lembre, sòmente dei um bofetão num deles já quando adulto. Não tive como evitar e fá-lo-ia de novo hoje perante acto tão grave quanto. Aos outros eu acho que nunca dei uma palmada sequer, mas daria se necessário.


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