Uma coisa puxa outra e, porque assim, o número três da crónica anterior acabou por puxar esta…
Quando eu residia em Portugal na minha juventude, fazia-me espécie o elevado número de identificação das casas nas ruas do Brasil. Rua tal nº 3050. Isto dava-me a ideia dessa rua tal ser muito longa, kilométrica.
Mais tarde, no local, compreendi o porquê dessa ilusão, pois as casas são numeradas de dez em dez, enquanto em Portugal o são de dois em dois.
De qualquer modo, não entendi porque razão são numeradas de dez em dez. Será um espaço que no futuro comporte 5 residências novas? Creio que não, pois acho um absurdo e improvável devido ao exíguo espaço médio de 300 metroa quadrados.
Aliás, esta questão de numeração aqui no Brasil tem coisas muito estranhas, como o mesmo número duas vezes na mesma rua ou o número crescente que, de repente, começa a diminuir e volta a aumentar…
Em Portugal a numeração é de dois em dois e, do mesmo modo que no Brasil, impar de um lado e par de outro, observando-se o início e fim da rua de acordo com os pontos cardiais. Não tem como alterar isso, a não ser a colocação de um A ou um B, no máximo, num mesmo número e por alguma razão, mas com autorização oficial, pois essas alterações têm incidência nos Registos Cartoriais.
Aqui entra a historinha de meu pai. Lá na cidade alentejana de Estremoz, minha terra natal, mudámos da Rua dos Telheiros nº 49 para a Rua Direita nº 11. E daí?
E daí é que o número 11 é muito feio; ele é indicativo de cabrão (côrno) na tradição portuguesa. Por isso, meu pai não se fez rogado e a primeira coisa que fez foi mudar o número para 9-A, sem autorização, numa prevenção à gozação dos amigos e por convicção.
Por isso, como no caso daquele número 3 de cabeça para baixo, lá em Sintra, devemos primeiro pensar numa possível justificativa que poderá existir e não tirar um sarro num primeiro ímpeto…
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