Uma das minhas ocupações profissionais, ao longo da minha vida, foi a de sucateiro. Foi na época de grande crise económica (1980) em que perdi o que foi o meu último emprego e passei a trabalhar por conta própria.
Sempre gostei das coisas direitas e, mesmo sem ter um espaço físico à altura e específico, abri firma com tudo legalizado. Como muita coisa que fiz, entrei de curioso com a força e a vontade e fui conhecendo os meandros dessa actividade. Grandes máfias existem nesse campo…
Aliando o útil ao agradável, fui-me embrenhando e cada vez mais apaixonado ficava por certas peças descartadas como sucata e que eram, na verdade, obras de arte e antiguidades valiosas. Criei gosto pelo ramo.
Eu próprio cheguei a criar agumas obras utilizando pedaços de metais. Algumas eu guardei e a maioria acabou mesmo por voltar a ser sucata depois que passei horas olhando para elas e ter concluído tratar-se de algo horripilante…
Porém, repentinamente e tantos anos depois, mostro-me arrependido desses actos. Quem me garante que alguma dessas muitas obras que fiz, até mesmo esculturas em bronze derretido, não valeria 1 milhão de dólares!?
Não estou voando muito alto quando cito 1 milhão, pois faço uma comparação com os 103 milhões pagos no leilão da Sotheby’s em Londres pela escultura “Homem andando” de Giacometti e que, diga-se de passagem e sinceramente, é uma verdadeira droga de mau gosto.
Não sou mais sucateiro profissional, mas mantenho o hábito de guardar tranqueiras e vendê-las depois. É o caso das latinhas e cerveja que tomo diàriamente. Assim, estou a par dos preços dessas commodities e pasmo quando o cara do ferro velho me paga o bronze a 20 paus o kg e me lembro da escultura do suiço…
1 comentário:
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