"Grito de Carnaval" é a expressão há muitos e muitos carnavais usada para definir o início da popularíssima festa de Momo.
E porquê "grito"? --- acredito eu por ser uma exaltação e um exacerbamento da alegria. E concordo também que o grito não deveria ser um trampolim para a gritaria desenfreada e a música em escala altíssima que nos agride os ouvidos quando atrás de um trio elétrico ou no interior do salão.
Não me considero um velho ranzinza, brega e quadrado como muitos certamente me qualificarão. Sou, antes, uma pessoa com o ouvido sensível moldado assim pela Natureza como, aliás, acontece com todo o ser humano e isto só para me ater à espécie, pois até me poderia referir ao meu cão que não suporta o som do estalo de um simples rojão ou bombinha...
Sou amante da boa música de todos os tipos, mas dedico especial carinho à coleção de clássicos do meu acervo que, só não é maioria devido à menor escala de produção... Ao longo da minha vida frequentei todos os lugares como os bailes da escola, discotecas, salões de clubes, bares com música ao vivo, concertos, etc.. Claro que em muitas dessas ocasiões a atração não era a música pròpriamente (...); mas o alto número de decibeis no ambiente forçavam-me a picar a mula para outras paragens.
Ontem teve festinha de carnaval na escola de um dos meus netos. Era um dia diferente e constava das actividades planeadas pelo corpo docente para o ano lectivo. Assim, quando na hora da saída à tarde lá estava eu para o trazer para casa, o que normalmente acontece todos os dias num revezamento entre os avós maternos.
Não foi fácil encontrá-lo no meio de todo aquele alvoroço de fim de festa. Caminhando por ali e por acolá, desemboquei no pavilhão de desportos, o ponto central das festividades. Confesso que me senti fora do meu habitat, pois os meus ouvidos não toleravam a altura do som expelido por um conjunto de caixas acústicas. Coloquei os dedos indicadores como tampão nos ouvidos e acredito que para alguns dos impávidos e serenos eu estaria numa pose ridícula...
Finalmente encontrei o meu neto. Rápidamente o saquei daquele inferno, depois que ele foi alertar a professora sobre a minha presença. Já na parte externa comecei a conversar com ele sobre aquele problema do som e, a princípio, notei que não entendia o que eu estava falando. Passados alguns minutos começou a entender-me e confirmou estar com dificuldades de audição e dores de cabeça.
Nem direi para o Carnaval do póximo ano, mas já para as Festas Juninas deste, a gritaria terá que ser mais suave. Caso contrário o neto ficará com os avós e estes terão que vergar a mola enferrujada para participar das brincadeiras.
1 comentário:
Os meus parabéns atrasados para o autor do blog ;)
Abraço do leitor assíduo
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