Acontecem coisas no meu País que me deixam meio embrulhado. No que me recebeu e que eu adoptei, também tem muita coisa esquisita, mas não é o caso do momento.
A venda de comboios usados ao estrangeiro, que empresas públicas portuguesas como a CP estão fazendo, é algo que me sôa muito estranho. O rendimento dessas vendas orla no pico de muitos milhões, mas eu não descortino nisso vantagens reais. Ou talvez as haja no campo surrealista e aí já são outros quinhentos, ou que o buraco seja mais embaixo...
A assinatura desses contratos de venda possìvelmente renderão algumas propinas não se sabe a quem; ou sabe-se e ninguém mais se importa com isso por ser trivial.
São locomotivas, vagões e carruagens imprestáveis para uso nas nossas ferrovias (já muito poucas), mas recuperáveis ao ponto de satisfazerem as exigências dos compradores. Estranho, não é? Faz até lembrar o tipo que desdenha daquela mulher gostosa e que insinuantamente é inquirido sobre a localização da sua lata de lixo...
Já estou enxergando na linha do horizonte que, mais dia menos dia, iremos nós comprar esse mesmo tipo de material, mas novo. E aqui outros contratos, certamente assinados pelos então vendedores da sucata. "Vous pisès?", termo muito usado por Eddi Constantine num dos seus filmes e pertinente para eu colocar aqui...
Um dos empregos que tive aqui no Brasil foi exactamente uma grande fábrica de vagões e carruagens de metropolitano. Ali juntei o útil ao agradável pois, tendo passado a minha infância brincando nos trilhos e na estação de comboios situada pertinho da minha casa em Estremoz, agora tinha a oportunidade de participar da construção dessas maravilhas que tanto me fascinavam. Infelizmente a fábrica faliu e exactamente mercê de políticas erradas de um governo que prefere escutar as buzinas dos automóveis e caminhões ao invés daquele apito mágico da locomotiva.
Afinal, o que tem a ver esta pequena história com o assunto da venda do material ferroviário que comecei a abordar!? --- Muito! muito a ver. É que, quem conhece bem o ramo sabe o quanto são fortes locomotivas e vagões e o quão difícil é a sua degradação pelo tempo. O cérebro das pessoas é que se arruina fàcilmente.
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