sábado, maio 23, 2009

Rodeios

Os meus afazeres profissionais obrigam-me a levantar cedo todos os dias; normalmente às 5 horas saio de casa. Como de cidade grande se trata, Campinas já tem um bom movimento nas ruas antes do nascer do Sol. Porém, aos Sábados, não sendo tão intenso o movimento em relação aos demais dias da semana, tomo cuidados redobrados.

As noitadas de Sexta são intensas e a juventude da região metropolitana da cidade vive isso sobremaneira. São eventos vários em diversos pontos e a agitação é total. Não existe e nunca existiu crise para essa turma.

Cada um de nós, os mais velhos, já passou por essa fase, se bem que com comportamentos diferenciados. Não que fôssemos melhores que os jovens de hoje, mas havia tentações às quais resistíamos com firmeza e, muito por isso, não aconteciam catástrofes como as de hoje.

No trajecto que percorro nas manhãs de Sábado é raríssimo não encontrar carros despedaçados devido a batidas em postes que não saíram do caminho (...) e, muitas vezes com vítimas fatais. Nesta época do ano, então, a coisa é mais feia ainda, pois acontecem os tão badalados Rodeios e a região é pródiga na realização dos mesmos.

Sempre fui contra os Rodeios. Não só e principalmente por não aprovar esse relacionamento do homem com o animal, mas também por identificar um comportamento inaceitável dos fãs dos mesmos. Estes são agressivos quando embriagados e, travestidos de peões, vaqueiros ou fazendeiros que não são, passam uma imagem de prepotência e arrogância.

Antes de sair de casa, na madrugada de hoje quando eram 4 horas, ouvi no rádio a notícia de se terem verificado algumas mortes e a existência de muitos feridos no Rodeio de Jaguariúna, cidade a 30 km de Campinas. Foi uma notícia vaga ainda sem grande desdobramento e isso aguçou-me a curiosidade.

Como o meu local de trabalho aos Sábados fica exactamente no começo da estrada que liga Campinas a Jaguariúna, muitos desses jovens que de lá regressam acabam por passar na feira livre para comerem um pastel na banca do japonês. De todos a quantos perguntei o que de anormal se passara no Rodeio, nenhum me soube responder concretamente. Só se referiram a ter ouvido chamarem os bombeiros através dos altifalantes e nada mais.

Muito estranho ou nem tanto. Embriagados e sabe-se lá com o quê mais na cabeça, além do chapéu de cowboy, não se aperceberam do grande tumulto gerado por brigas e discussões, do corre-corre, do empurra-empurra e do pisoteamento de muitas pessoas com a morte de quatro jovens.

Por decisão da Justiça, foi cancelado o restante da programação que previa para amanhã à noite a apresentação do cantor Roberto Carlos.

Achei que foi acertada essa decisão. Mas também pergunto o que deu no Rei para se apresentar numa arena que não é a dele e perante um público que não se coaduna com as canções do seu surrado repertório!?

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