Não poderei afirmar que na maioria dos países o ministro da defesa é um civil ou um militar mas, na maioria dos países democráticos essa é a tendência e acho até que por uma questão de independência.
Seja como fôr, um ministro de qualquer pasta terá que ter a capacidade mínima para absorver o essencial dos meandros que formam o seu ministério ou, no mínimo, manobrar as peças e olear as engrenagens de modo que a sua actuação seja simplesmente de comando.
No Brasil sempre existiu grande aversão aos civis, por parte dos comandos militares, para que a um deles se subordinem e, algumas vezes, assistimos a actos explícitos de desobediência ou pura e simples ignorância de ordens ou posturas.
Naturalmente que eu condeno esse corporativismo e tenho bases concretas para assim pensar, pois já comandei muitas equipes de trabalho em que só teria que usar o cérebro. Por exemplo, numa área de manuseio de materiais sob a minha gestão, aceito pacìficamente que o operador de um guindaste ou empilhadeira conheça muito mais que eu sobre a máquina. Porém, o conjunto das habilidades e conhecimentos de cada membro da minha equipe é que concorrerá para o desempenho da minha administração.
Infelizmente, uma cadeia de gafes por parte do actual ministro da defesa brasileiro vem, até certo ponto, dar razão aos militares. Em vários eventos apareceu vestindo um uniforme camuflado de campanha e isso só é ajustável aos Bush da vida; na última conferência de imprensa sobre o acidente aéreo, ao ser inquirido por um jornalista a quantos km equivaliam 200 milhas marítimas, não soube responder sem pedir auxílio a um dos militares; explicou, ou tentou explicar que um corpo só subirá à superfície se o seu abdómen não estiver aberto.
Mesmo que o uniforme camuflado de campanha, dos três ramos das forças armadas, seja igual, ele deveria sempre aparecer civilmente trajado, pois os militares são muito ciumentos nesse capítulo... Na única vez que um ministro da defesa visitou um destacamento que eu comandava (Ameixoeira - Grafanil) em Lisboa, mesmo sendo um militar, estava à civil; no meu curso superior (Administração de Empresas) ou no do senhor ministro (Direito), não se aprende a equivalência de medidas --- isso eu aprendi no curso primário; quanto a dissertar sobre algo tão melindroso como os corpos das vítimas é inaceitável e impertinente e, afirmar taxativamente que o avião explodiu e, por isso não haveria combustível derramado no mar, é problemático.
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