Ontem coloquei aqui uma bela foto de um pintassilgo comendo sementes de extremosa e que me foi enviada pela minha amiga jornalista Vera Fernandes.
A postagem deveu-se mais ao flagrante em si e deixei a história daquele e outros pintassilgos para outra oportunidade. Afinal, o assunto é interessante e actualíssimo e, quando assim, raramente passo batido, preferindo até debruçar-me mais sobre esse tema, que considero importantíssimo, em vez de focalizar as desgraças da política. Desgraça por desgraça, deixo os estupores para lá...
A Vera me contou que todas as manhãs recebe a visita daquele e outros pintassilgos na janela da sua sala de trabalho. Dali eles vôam para os galhos das extremosas para comerem as sementes e voltam; é um vaivém com sonoridade agradável na expressão da alegria que demonstram e que a todos cativam. Dá ânimo para o enfrentar da labuta do dia que começa.
Ontem, ao final da tarde, também eu vivi uma experiência envolvendo um casal de animais silvestres --- dois saguís, que habitam a cidade grande pelo mesmo motivo dos pintassilgos e muitas outras espécies. Já tinha percebido a sua presença aqui no bairro, um pouco mais distante daquele bar onde me encontrava. Surpreendi-me pelo facto deles terem passado para o outro lado da movimentada avenida, se realmente dos mesmos se trata.
Notei que os dois saguís estavam juntos na copa de uma frondosa árvore e, de repente, um foi avançando sobre um dos cabos de alta tensão até perto do poste. Aqui, inadvertida e inconscientemente, a sua cauda tocou um outro daqueles cabos e instantâneamente morreu electrocutado. Ouvi o gritar do parceiro que, não sei por que motivos, resolveu fazer exactamente o mesmo percurso e da mesma maneira. Viveram juntos e juntos morreram.
Esta cena chocou-me profundamente e tanto mais porque, uma semana atrás, almocei num belo lugar rodeado de grandes árvores habitadas por dezenas dessa espécie de macaquinhos. Era o seu habitat natural num resquício de mata atlântica enfronhado na cidade, mas que ainda lhes oferece condições de sobrevivência. Não sei até quando.
Aqui na minha humilde casa tenho um quintal grande e nele aceroleira, pitangueira e mangueira, além das várias espécies de flores. É uma festa durante todo o dia, orquestrada por sabiás, maritacas, sebinhos beija-flores e outros, quando o gavião carcará não plana sobre o local...
Por trás de todas essas maravilhas esconde-se, afinal, o grande drama que origina essa migração do campo para a cidade --- o desmatamento e o envenenamento das matas e rios. Ainda por cima, na cidade, algumas dessas criaturas encontram cabos electrificados em vez de cipós e não percebem as diferenças.
Temos que fazer algo para reverter essa situação. Estamos adiando isso há muito tempo. Não podemos esperar decisões desse tipo por parte dos G8, G14 e outros que tais. Temos que formar um "G" elevado à enésima potência e agir com afinco e seriedade. Os netos dos nossos netos agradecerão reconhecidamente.
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