Hoje é sexta-feira, estou de folga, o dia está chuvoso e nada tenho que fazer... Numa situação dessas, duas coisas fôram auto-sugeridas --- passear o meu cachorro e navegar na internet. Completei a primeira tarefa e comecei a segunda. Porém, sinceramente, a internet começa a tornar-se enfadonha na medida em que evito as notícias repetitivas nas diversas situações e falta-me vontade para descobrir outros caminhos.
Sem querer, um link clicado levou-me a um site no qual se abordava assunto de empresa que completou, no pretérito dia 10 deste mês, 35 anos da sua fundação. E ali se contava num resumo muito resumido (desculpem o pleonasmo) a história daquela que nascera com o nome de Mogiana Alimentos, S.A e por todos conhecida por Guabí, a sua marca comercial. Pelo que senti, no momento, acho que um brilho diferente tomou conta dos meus olhos, mais pelo orgulho de ter feito parte da equipe pioneira e nem um pouco pela ingratidão e desconsideração de que vim depois a ser alvo.
O fulcro da minha crónica é fincado no abstractismo dessas "História da Empresa", pois acho que se deveriam focar detalhes materiais e pessoais para se ter uma ideia concreta de como do quase nada nasceu uma grande potência. Isso seria uma informação interessante e afagava o ego daqueles que se empenharam de corpo e alma na grande epopeia. Entendo perfeitamente que nem tudo deve ser publicado, mas isso é outra história.
De um relacionamento, muito próximo, entre dirigentes da então Purina do Brasil e outros do ramo empresarial e da agropecuária da região da Alta Mogiana, nasceu a ideia de se construir uma fábrica de rações na cidade de Orlândia. Estes últimos cederam as velhas instalações de armazéns da Companhia Mogiana de Óleos Vegetais e os primeiros arregimentaram os elementos chave em diversas unidades da Purina para comandar o navio.
Nessa rede eu fui pescado em Canoas, lá no Rio Grande do Sul e com a família me mudei para Orlândia. Foi duro, muito duro. Desde a supervisão da montagem de equipamentos até à seleção e treinamento de pessoal e gerência da produção, tudo carreguei nas costas, mas fi-lo com interesse e paixão do mesmo modo que a maioria daqueles que a mim eram subordinados.
Com um ano de operação, criou-se naquele espaço uma segunda fábrica, tal a aceitação pelo mercado. Chegámos até ter que trabalhar com os normais três turnos, numa véspera e dia de Natal ininterruptamente.
Quando finalmente se transferiu a planta para a cidade vizinha de Sales de Oliveira e outras já começavam a nascer com parcerias em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, eu já não pertencia mais à equipe.
Fui acompanhando muito superficialmente o crescimento da empresa e a sua ramificação para outros tipos de investimento, e até mesmo a aquisição da unidade Purina, de Campinas, hoje a sua séde e o grande sonho do cacique fundador... Do mesmo modo me certifiquei do grande sucesso de alguns dos pioneiros que enveredaram por outros caminhos e da desgraça de uns poucos. A foto ilustrativa mostra a costura do primeiro saco na linha de produção. Era de ração para cavalos, mas não me lembro do nome da mesma. Afinal, tudo faz parte dessa história que jamais será contada.
Sem comentários:
Enviar um comentário