sábado, abril 07, 2007

AS RAIZES DA VIOLÊNCIA EM TIMOR LESTE

NO TIMOR LESTE A VIOLÊNCIA TEM RAÍZES COMPLEXAS
Por Sébastien Blanc DILI, 6 abr (AFP)
A violência que desestabiliza há um ano o Timor Leste tem raízes étnicas, históricas e políticas complexas resumidas abaixo.
-- Oposição étnica leste/oeste: uma forte tensão ressurgiu entre os "Loromunu", etnia que habita o centro e o oeste, e os "Lorosae", que vivem no leste. Eles falam dialetos diferentes de uma língua comum: o tétum. Os Loromonu se consideram vítimas de discriminação por parte dos Lorosae. Os Lorosae afirmam estar mais envolvidos que os Loromonu na luta independentista.
-- Desmantelamento das forças de segurança: O exército se dividiu no ano passado. Um terço dos efetivos (os "peticionários"), se considerando vítimas de discriminação, desertaram e se voltaram contra as forças armadas. O governo apelou para as forças estrangeiras, principalmente enviadas pela Austrália, a potência vizinha. O chefe da polícia militar, o comandante Alfredo Reinado, se rebelou e passou a liderar um grupo de resistência."Acho que eles não querem capturá-lo porque não querem novos confrontos armados", declarou à AFP Damien Kingsbury, um especialista em Timor Leste.
-- Revolução "ceifada" da juventude: vários jovens timorenses, que participaram da luta de resistência contra a ocupação indonésia (1975-1999), que têm o indonésio como principal idioma, lutaram pela independência e consideram uma injustiça a instauração de um governo dirigido por uma elite lusófona vinda do exterior, que eles não entendem.O grupo do ex-primeiro-ministro, Mari Alkatiri, foi acusado de ter se apropriado do partido que simbolizou a luta independentista, a Frente Revolucionária por um Timor Leste Independente (Fretilin). O movimento de Alkatiri passou a ser chamado "Fretilin-Maputo" em razão de suas ligações com Moçambique, onde viveu durante a ocupação indonésia.
-- Terror semeado por grupos autônomos: gangues de jovens e grupos de artes marciais rivais, aproveitam o clima de instabilidade para se enfrentarem, pilhar, incendiar e aterrorizar. A justiça timorense não dispõe de instrumentos jurídicos apropriados para lutar contra estes delinqüentes.O retorno à calma é a primeira das aspirações dos timorenses. "A insegurança põe em risco todos os outros aspectos da vida coletiva e individual", comentou para a AFP Andrea Bartoli, do Centro Internacional de Resolução de Conflitos (Universidade de Columbia, Nova York).
-- Deslocados: de 70.000 a 100.000 pessoas vivem amontoados em campos de refugiados, após terem fugido de suas terras em 2006. Enquanto estes deslocados não reconstruírem seus povoados, a situação não poderá se normalizar.
-- Pobreza e desemprego: Os timorenses continuam a se afundar em um estado de pobreza crônica, um quinto dos habitantes do Timor vive com menos de um dólar por dia. O Timor Leste é o país menos desenvolvido da Ásia, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
-- Retirada das Nações Unidas: a retirada da ONU (e de suas forças de segurança), de 2002 a 2005, foi considerada prematura quando o país mergulhou no caos em 2006. "É praticamente impossível que um país atinja a maturidade em um período tão curto", considerou Hideaki Asahi, chefe japonês dos observadores para a eleição presidencial.
-- Traumas ligados à ocupação indonésia: Quase um terço dos habitantes do Timor Leste foi dizimado sob a ocupação indonésia (1975-1999) e Jacarta ainda consegue escapar das acusações de "crimes contra a humanidade". As seqüelas psicológicas deixadas por estes anos negros, agravadas pela impunidade dos agressores, explicam os comportamentos de hoje.
seb/dmAFP 071405 APR 07[Non-text portions of this message have been removed]
Retirei esta parte da matéria publicada para o meu blog, com o intuito de dar a conhecer o fulcro dos problemas a alguns dos que por aqui passam e que estão mais ávidos de informações, por pouco saberem de mais concreto sobre a situação ali decorrente.
O meu comentário resume-se a dizer que as coisas chegaram a um ponto tal que exige um esforço hercúleo para uma normalização, um ponto zero a partir do qual tudo deve ser planeado criteriosamente e colocado em prática gradativamente. O povo de Timor é inteligente o suficiente para participar da criação de uma nova infra-extrutura e galgar os degraus que o levarão ao patamar da normalidade. Aqui se projectará o alcance de outros horizontes.

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