sexta-feira, fevereiro 29, 2008

COMUNICADO OFICIAL (Português/Tétum)

Díli, 29 de Fevereiro de 2008
Díli, loron 29 fulan Fevereiru tinan 2008
Zona de acantonamento de Aitarak Laran acolhe já um total de 550 peticionários - hoje chegaram mais vinte.
Iha Zona akantonamentu Aitarak LaranHalibur dau-daun hamutuk peticionárius Atus lima lima nulu (550) - to’o tan ohin hamutuk rua nulu.
Hoje chegaram mais vinte peticionários à zona de acantonamento de Aitarak Laran, em Díli, que se vêm juntar aos 530 que já se encontravam ali ao final do dia de ontem. Eleva-se, assim, para 550 o número total de peticionários acantonados.
To’o tan ohin petisionáriu rua nulu hamutuk ba iha zona akantonamentuAitarak Laran, iha Díli, mai hamutuk ho sira ne’ebé atus lima tolunulu (530) mak iha tiha ona loron ida horisehik nian. Nune’e hasae ba petisionáriu númeru atus lima lima nulu mak akantona tiha ona.
Da parte da manhã chegaram dez peticionários, com um segundo grupo de igual número a fazer a viagem para Díli de tarde. Na sua maioria, os peticionários que chegaram hoje a Aitarak Laran são provenientes de Ermera.
Iha dadér san to’o tan petisionáriu nain sanolu, konta tuir segundugrupu ho númeru hanesan halo viajen mai Dili lorokraik. Petisionáriu sira ne’ebé to’oiha Aitarak Laran, barak liu, hosi Ermera.
Em Aitarak Laran prosseguem os trabalhos visando a ampliação e a melhoria das instalações e dos cuidados prestados, de modo a responder ao número crescente de peticionários que continuam a chegar ao longo desta semana.
Iha Aitarak Laran haré hala’o servisu halo luan tan hadia no haloinstalasaun ho kuidadu, atu bele responde númeru peticionáriu sira seiaumenta winhira to’o tan mai iha semana hirak ne’e nia laran.
O Governo está a fazer todos os esforços no sentido de garantir uma solução justa e duradoura para todos os peticionários.
Governu halo esforsu tomak hodi garanti solusaun justa kleur-liu bapetisionariu sira hotu.
O Secretário de Estado do Conselho de Ministros
Porta-voz do Governo
Secretáriu Estadu Konsellu Ministrus
Porta-voz Governu nian.
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR-LESTE
SECRETARIA DE ESTADO DO CONSELHO DE MINISTROS

QUADROS DE ÉVORA

Aguarelas do meu conterrâneo Francisco Charneca

AO ABRIGO DAS LEIS

TORTA "NEGA MALUCA"
UMA SENHORA ENTRA NUMA CONFEITARIA E PEDE AO BALCONISTA UMA TORTA "NEGA MALUCA".
O BALCONISTA DIZ À CLIENTE QUE USAR O NOME "NEGA MALUCA", HOJE EM DIA, PODE DAR CADEIA, EM FACE DE:
LEI EUSÉBIO DE QUEIROZ; ARTIGO QUINTO DA CONSTITUIÇÃO; CÓDIGO PENAL; CÓDIGO CIVIL; CÓDIGO DO CONSUMIDOR; CÓDIGO COMERCIAL; CÓDIGO DE ÉTICA; MORAL E BONS COSTUMES, ALÉM DA LEI 'MARIA DA PENHA' ...
- ENTÃO, MEU FILHO, COMO PEÇO ESSA TORTA?
- TORTA AFRO-DESCENDENTE COM PROBLEMA MENTAL.

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

TIMOR E OUTRAS VERGONHAS DO IMPÉRIO

Detesto o “politicamente correcto” dos tempos correntes: tem um cheiro a bafio, a corrupção moral e material, a União Nacional do Estado Novo. Timor e todo o processo por que passou desde a revolução de 25 de Abril de 1974 até à sua constituição como Estado independente, em 20 de Maio de 2002, e daí até à actualidade, constitui em Portugal um caso típico da prática dessa subserviente atitude mental do “politicamente correcto”, por parte de sucessivos governos, de todas as formações políticas e, mais grave ainda, pela quase generalidade da comunicação social que, na sua função de formadora de opinião pública, induziu até muitos portugueses - em alguns casos por falta de melhor informação e noutros por manifesto oportunismo político - a vestir-se de branco, sair à rua, acender velas e dar as mãos em intermináveis cordões humanos para derramar lágrimas de crocodilo por uma terra que uma grande parte, porventura, nem saberá bem onde fica.
É evidente que estão bem patentes na nossa lembrança acontecimentos dramáticos como o massacre de Santa Cruz e, posteriormente, a acção de destruição, de política de terra queimada, levada a cabo pelas forças indonésias e, sob a sua protecção, pelas milícias timorenses e, por isso mesmo, poder-se-á afirmar que, em sintonia com todo o mundo civilizado, aí sim, a totalidade da nação portuguesa, incluindo eu próprio, cidadão anónimo e contribuinte fiscal que nada deve ao Estado, não podia deixar de se indignar perante a barbárie dos acontecimentos. Lá como cá, sempre o povo sofredor!
Quando se pretende ser formador de opinião, mandam a ética e a deontologia profissional que se faculte toda a informação disponível sobre o assunto, sob pena de se incorrer na ignóbil atitude de manipulação, tão característica e criticada no regime de Salazar e agora frequentemente aplicada pela “ditadura de partidos” que nos governa e pela comunicação social que temos, a qual, sistemática e deliberadamente, confunde opinião publicada com opinião pública e que, tal como frequentemente faz em relação a outras matérias, tem vindo a arrogar-se o direito de falar sobre a questão de Timor em nome de “todos os portugueses”, como se milhões de portugueses, anónimos como eu, alguma vez lhe tivessem passado poderes de representação em matéria de opinião ou fossem um bando de imbecis incapazes de opinião própria, ao mesmo tempo que omitiu parte da informação, porque era “politicamente incorrecto” dá-la a conhecer. Vem isto a propósito do “Relatório da Comissão de Análise e Esclarecimento do Processo de Descolonização de Timor”, um documento produzido por aquela Comissão, nomeada pelo Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas em 27 de Julho de 1976, e entregue ao Presidente da República e Chefe do Estado- Maior General das Forças Armadas, Senhor General Ramalho Eanes, em 1 de Fevereiro de 1977. Posteriormente, em 1981, esse documento foi mandado imprimir, em forma de livro, com 303 páginas, pela Presidência do Conselho de Ministros, sem qualquer classificação de segurança que impedisse a sua consulta, como se pode ver da capa respectiva aqui incluída, mas nunca nenhum órgão de comunicação fez qualquer referência pública ao seu conteúdo. Nele reside, todavia, toda a informação indispensável à formação de opinião do povo português sobre a descolonização de Timor, muita da qual, desde 1975, tem vindo a ser sistematicamente branqueada.
A título de rápido enquadramento dos vergonhosos méritos da colonização portuguesa e embora sabido, recorde-se aqui que os portugueses aportaram a Timor por volta de 1514 e por lá ficaram até que, em 1975, da forma mais desastrada, como se pode ler no Relatório, a Administração Portuguesa local literalmente fugiu do território, abandonando nos paióis grande quantidade de armas e munições - de que a Fretilin, o partido dessa sinistra figura política chamada Ramos Horta (a quem, como homem, daqui desejo as rápidas melhoras), não tardou a apoderar-se e a utilizar numa guerra fratricida que se cifrou em dezenas de milhares de mortos - e, mais grave ainda, abandonando no terreno militares portugueses que viriam a ser feitos prisioneiros pela Indonésia, como se, quando o barco se afunda, a regra não fosse que o comandante deve ser o último a abandoná-lo.
Nesses 461 anos de presença portuguesa, a população nativa foi mantida no mais profundo “obscurantismo”, simbolicamente transportado pelos timorenses para a sua actual bandeira nacional através do triângulo de cor negra que a integra, em paralelo com o triângulo amarelo que, alegadamente, pretende representar “o rasto do colonialismo português”. Estas são as quase únicas marcas históricas da presença portuguesa porque e, mais não digo, de acordo com os números oficiais, Portugal conseguiu, ao longo de quase cinco séculos, ensinar a língua portuguesa a apenas 5% da população, deixando uma marca cultural sensivelmente igual a zero. Quer se queira quer não, segundo insuspeitos observadores internacionais, a Indonésia, que não tinha qualquer reivindicação territorial sobre Timor-Leste – apenas informou Portugal que, após o golpe anticomunista de 1965 no seu próprio país, não toleraria a instalação de um regime comunista em Timor-Leste, nem a criação de um pólo de instabilidade na área - fez mais pela educação do povo de Timor-Leste em 25 anos que Portugal em cinco séculos. Embora irrelevante, deixo bem claro que não sou pró nem contra a Indonésia e que, como português, assumo apenas, profundamente envergonhado, a minha parcela de responsabilidade por essa miserável falta de legado histórico.
Todavia, o tempo não anda para trás. Todas as colonizações, a portuguesa e as outras, foram feitas ao sabor das respectivas épocas, foram as possíveis e não as desejáveis. Os líderes nativos timorenses disso devem ter tido profunda consciência, porque por várias vezes se revoltaram contra Portugal e, no pós-25 de Abril, uns tentaram a integração de Timor-Leste na Indonésia, outros declararam unilateralmente a independência do território, todos atentando contra a soberania portuguesa, como consta do referido Relatório.
Efectivamente, a UDT (União Democrática Timorense) liderada pelos Srs. Lopes da Cruz e João Carrascalão, a APODETI (Associação Popular Democrática de Timor), O KOTA (Klibur Oan Timur Aswain) e o Partido Trabalhista, constituindo o sector politicamente mais conservador de Timor, pediram (pág. 253), em 7 de Setembro de 1975 e em nome do povo que lhes não conferira mandato (“Nós, o povo de Timor Oriental…”) a integração na Indonésia, por documento com 31 artigos, que termina com “Viva a República Indonésia”e “Viva a 27ª Província Indonésia” (leia-se, Timor-Leste).
Mas, pior ainda é a atitude mental destes líderes de Timor-Leste, muito reveladora do que o povo timorense deles pode esperar no futuro, alguns deles actualmente altos dignitários daquela nova nação que, como refere o Relatório, após terem solicitado a integração de Timor-Leste na Indonésia, no documento de “Proclamação da Integração” de 30 de Novembro de 1975 (pág. 269) justificam-se nos termos seguintes, “... Admitindo que, por via da acção colonialista de Portugal e da Holanda (para quem Portugal perdeu a metade ocidental da mesma ilha) a qual, ao longo de quase 500 anos separou profundamente os laços de sangue, afinidade étnica, moral e cultural com o povo indonésio da ilha de Timor”; “...Em nome do Todo Poderoso, pelos motivos atrás apontados, proclamamos solenemente a Integração de todo o território da antiga colónia portuguesa de Timor na Nação Indonésia, em virtude de isto constituir a expressão mais elevada dos sentimentos”. Desavergonhadamente, não se coibiram sequer de terminar o referido “Pedido de Integração”, escrevendo, em nome do Povo (!), no respectivo artigo 31º (o último), a seguinte barbaridade: “...O Povo de Timor Oriental solicita ao Governo da República da Indonésia que todos aqueles que se distinguiram pela preservação do ideal timorense oriental em reencontrar os seus irmãos da parte ocidental de Timor sejam publicamente agraciados”. Isto é, reservem-nos lá uns “tachos” no pós-integração!
Semelhante, na sua gravidade, a este pedido de integração, recorde-se aqui também a declaração unilateral de independência de Timor-Leste feita um pouco antes pela Fretilin de Ramos Horta. Sobre ela, eu diria apenas que, em 11 de Novembro de 1965, o Sr. Ian Smith, da então Rodésia, declarou em Salisbury a independência unilateral daquele território colonial inglês. As autoridades do Reino Unido retiraram ao Sr. Ian Smith a qualidade de cidadão inglês e, penso que até à sua morte, em 20 Novembro de 2007, sobre ele impendeu um mandado de captura nas fronteiras do Reino Unido, por traição à pátria inglesa.
Como se a asneira não bastasse, lê-se no Relatório que “…foram repatriados para Portugal (a expensas do governo português, pasme-se!...) alguns refugiados de Timor que se encontravam na Indonésia, alguns dos quais com graves responsabilidades contra a Administração Portuguesa”, isto é, traidores da soberania portuguesa.
Do lado português, é preciso que seja dito que a Comissão autora do Relatório nele incluiu também uma proposta de sanções do foro exclusivamente militar contra vários dos mais destacados elementos do Exército Português em Timor, a qual “…o Governo deliberou não divulgar…”, apesar de recomendação em contrário da própria Comissão e também de um parecer oficial do Senhor General Carlos de Azeredo, este transcrito até para o seu livro “Trabalhos e Dias de um Soldado do Império” (págs. 483 a 493): “… Em face da gravidade dos acontecimentos de Timor… sou de parecer que a manutenção da confidencialidade de um assunto que transcende o próprio âmbito militar, reverte em inaceitável prejuízo para o prestígio das FORÇAS ARMADAS PORTUGUESAS, que não podem ser confundidas com alguns dos seus membros, cuja responsabilidade urge definir em conformidade com as Leis e através dos Tribunais”, depois de ter também feito notar que “… no que se refere às Propostas do Relatório, falta aludir ao apuramento das responsabilidades de muitas entidades…”.
Nunca ninguém veio dizer claramente aos portugueses qual foi a intervenção de Portugal no processo de descolonização que se seguiu ao 25 de Abril. Ainda que tardiamente, porém, e como consta do Relatório, é necessário que os portugueses saibam que, em relação a Timor, ainda que tendo defendido o direito do povo timorense à autodeterminação, Portugal recomendou também, expressa e reiteradamente, em sucessivos contactos bilaterais, que a Indonésia anexasse Timor-Leste, sugerindo mesmo formas de se atingir esse objectivo. Por exemplo, sugerindo que “...a Indonésia melhorasse a sua imagem junto das populações de Timor e que fornecesse apoio económico, o que ajudaria a uma possível escolha, o povo de Timor, a seu favor”; que “...Portugal nada fará para dificultar a integração de Timor na Indonésia...” e que “...Portugal nada fará para que uma das opções seja a ligação a Portugal”. Esta é uma das páginas mais negras deste processo de descolonização que, a todo o custo, se tem tentado branquear.
Para quê as lágrimas de crocodilo? Muito pragmaticamente e segundo a imprensa da época, veio secá-las o Senhor Dr. Jorge Sampaio, quando, na sua visita à Austrália, depois de, como Presidente da República Portuguesa, ter assistido às cerimónias da independência de Timor-Leste, declarou à SBS australiana que “Portugal não tem quaisquer interesses económicos ou estratégicos em Timor Leste”, tendo-se empenhado na luta pela independência por “razões emocionais...”.
Razões emocionais são sempre maus fundamentos para a política externa ou interna de qualquer país e a portuguesa dos tempos recentes tem, com demasiada frequência, sido guiada por emoções e paixões de uns senhores que nos governam, mas cuja noção de Estado deixa muito a desejar e por uma comunicação social que, salvo raras e honrosas excepções, pratica um jornalismo de “causas”, ao sabor dos interesses dos seus mentores e mandantes. Convenhamos, os timorenses, ou antes, os líderes de Timor-Leste, tiverem finalmente, nos últimos anos, a independência que tanto desejavam para o “seu” querido povo. Do meu ponto de vista de cidadão anónimo, com direito à minha opinião, não existe dívida histórica para com Timor. E, publicamente, manifesto a minha indignação por afirmações como aquela feita pelo então Primeiro-Ministro, Sr. Eng. António Guterres, que, em resposta a um jornalista, afirmou oportunamente em directo na televisão que “…para Timor não há limitação orçamental”. Ele e os seus antecessores e sucessores, esqueceram-se que, ao serem eleitos democraticamente, assumiram, como primeira responsabilidade, garantir a segurança e o bem estar de todos os portugueses e que existe, sim, dívida histórica da nação portuguesa para com os milhares de civis (homens, mulheres e muitas inocentes crianças) barbaramente chacinados pelos terroristas angolanos em 15 de Março de 1961 e para com os seus familiares; existe dívida histórica para com o milhão de refugiados das ex-colónias, espoliados de todos os seus bens sem qualquer contrapartida e rotulados depreciativamente de “retornados” e, por vezes, marginalizados até pela sociedade portuguesa de forma não muito diversa daquela como se marginalizam actualmente os imigrantes; existe dívida histórica para com os combatentes das Forças Armadas, os seus órfãos, as suas viúvas; existe dívida histórica para com significativos sectores da sociedade portuguesa, normalmente de avançada idade, que ajudaram a desenvolver Portugal, mas que, no início deste século XXI, vivem no limiar da miséria, não dispondo alguns deles sequer de energia eléctrica que lhes dê algum conforto, qualidade de vida e acesso à informação; existe dívida sistemática da nação para com os deficientes, os das Forças Armadas e todos os outros, tantas vezes abandonados a si próprios, e para com tantos outros portugueses.
Sempre por limitação orçamental. Todavia, entre outras enormidades e apenas a título de exemplo, existiu cabimento orçamental para a aparente máfia do futebol - li em alguma imprensa, a propósito do Euro 2004, que, entre estádios e as acessibilidades respectivas, o Estado Português gastou, em moeda antiga, cerca de 200 milhões de contos - e para que o Estado Português perdoe significativas dívidas externas de países ex-colónias portuguesas dirigidos por uma classe política que, à custa do seu querido povo, acumulou ilegitimamente fabulosas fortunas pessoais, ao mesmo tempo que iniciativas de inúmeras entidades em Portugal tentam captar donativos para crianças e adultos que por lá morrem de doença e até de fome. As sociedades verdadeiramente democráticas vivem com a verdade, por mais incómoda que ela possa ser. As que se dizem democráticas, como a portuguesa, vivem do “politicamente correcto”, um comportamento atávico, tipicamente nacional, que leva a que, como eu próprio tenho testemunhado ao longo de décadas de Estado Novo e, posteriormente, durante a 3ª República, se constituam frequentemente “comissões de inquérito” para esclarecer situações que, pela sua gravidade, interessam à totalidade da Nação, mas cujas conclusões à Nação nunca são facultadas. Como, aliás, foi o caso deste Relatório da Descolonização de Timor, de que sou co-autor. Por isso mesmo, eu, cidadão anónimo, convido daqui o Sua Excelência o Senhor Primeiro-Ministro, que tanta coragem tem revelado em afrontar interesses instalados e a forçar reformas impopulares nunca antes tentadas, a promover a publicação e colocação nas montras das livrarias da VERSÃO INTEGRAL do “Relatório da Comissão de Análise e Esclarecimento do Processo de Descolonização de Timor”, para finalmente esclarecer a Nação sobre essa importante matéria. Mercê do processo corrente de branqueamento da história, neste Portugal de brandos costumes que parece desconhecer a sua própria dignidade nacional, os traidores da Pátria Portuguesa viraram todos heróis. No entanto, dos milhares de militares que, nos três teatros de operações ultramarinos, morreram ao serviço da Pátria, muitos nunca foram devolvidos às suas famílias e por lá se encontram sepultados em cemitérios abandonados e cheios de mato. E tal não aconteceu por falta de cobertura orçamental: aconteceu porque a generalidade dos políticos portugueses nutria e continua a nutrir o maior dos desprezos pelos seus militares.
Foi paradigmático o caso dos restos mortais do Tenente-Coronel Maggiolo Gouveia, distinto oficial do Exército Português, preso, torturado e, em Dezembro de 1975, fuzilado pela mesma Fretilin, partido da simpatia do Sr. Ramos Horta, que foram convenientemente abandonados em Timor-Leste em vala comum e esquecidos por sucessivos governos que nunca, por sua iniciativa, promoveram, como deviam, a sua trasladação para Portugal. O mesmo Ramos Horta que é hoje (imagine-se!) um ilustre Prémio Nobel da Paz e que, em Junho de 2006, todo o mundo viu “de braço dado” com o major Alfredo Reinado, agora morto em condições que estão por explicar, aparentemente conspirando contra Mário Alkatiri, o primeiro-ministro do seu próprio país, cujo governo acabou por cair. Apesar de tudo isso, essa sinistra figura, tem sido sistematicamente bajulada pela generalidade dos políticos portugueses.
Roma não pagou mas, ao mesmo tempo que, como nação, maltrata, vilipendia e persegue até os seus militares, todos aqueles que doaram uma vida inteira ao serviço do bem comum, Portugal paga principescamente aos seus traidores. Foi particularmente infeliz e ofensivo que uma figura pública como Almeida Santos, em tempos a segunda figura na hierarquia do Estado Português, se tenha prestado a apresentar na FNAC, em 14 de Novembro passado, o livro “Memórias em Voo Rasante” do ex-alferes Jacinto Veloso que, de Moçambique, desertou em 1963 para a Tanzânia tripulando um avião militar que roubou (teve vergonha de se assumir como desertor e traidor e, nos convites para a apresentação do livro, escreveu que “… abandonou Moçambique aos comandos de um avião…”), levando também consigo os códigos secretos das comunicações da Força Aérea Portuguesa em Moçambique, pondo, portanto e deliberadamente, em risco as vidas dos seus camaradas da Força Aérea. A quem quis ver, Almeida Santos ofereceu um refinado exemplo de branqueamento da traição e da história.
Sejamos claros. Não há dívida histórica a colonizado nenhum. Na epopeia colonizadora portuguesa, não há nada para esconder ou branquear. No caso em apreço, há sim que assumir, com toda a humildade, que a colonização de Timor foi a vergonha do Império, mas que é tarde para corrigir esse facto.
Concordando plenamente que “Portugal não tem quaisquer interesses económicos ou estratégicos em Timor-Leste”, como cidadão contribuinte fiscal, digo eu (e, comigo, dirão seguramente milhões de outros portugueses a quem, tal como a mim, nunca ninguém pediu a opinião), chega de regabofe, nem mais um euro (ou um GNR) para Timor, nem para qualquer outro teatro de operações onde não esteja directamente em jogo a nossa segurança nacional, seja ele a Bósnia, o Afeganistão, o Iraque, o Kosovo ou o que for, onde, como tem sido o caso, as graves situações de guerra, de instabilidade interna e de consequente existência de centenas de milhares de cidadãos refugiados se tem ficado a dever, quase sistematicamente, ao “terrorismo de Estado” praticado pelos Estados Unidos, à margem de toda a legalidade internacional, transformando o mundo actual, que já não era muito seguro, num verdadeiro inferno. Feito o estrago, esses imperialistas invocam então a solidariedade das alianças formais para praticamente exigir que países como Portugal venham ajudar a limpar a porcaria que eles fizeram. E, lamentavelmente, esquecendo que o nosso País está atolado num défice orçamental que custa aos portugueses os olhos da cara, sucessivos governos que até, em flagrante incumprimento da lei, devem de remunerações aos militares uma enorme soma de dinheiro, insistem em gastar milhões de contos nessas operações ditas de manutenção da paz, procurando aparentemente, como Vicente Jorge Silva magistralmente sintetizou no Diário de Notícias de 26 de Julho de 2006, “o reconhecimento da patética insignificância da nossa política externa”.
E, finalmente, aos timorenses deixo um conselho: agora que são detentores da vossa independência, com a qual se libertaram definitivamente do “colonialismo português”, agora que são livres, deixem-nos em paz, façam as revoluções que quiserem e, em momentos de aflição como é o actual, não nos peçam mais GNR, mas sim, rejubilem, cantem com alegria o vosso Hino Nacional que, para quem não saiba, reza assim:
“Pátria, pátria, Timor-Leste nossa nação.
Glória ao povo e aos heróis da nossa libertação.
Pátria, pátria, Timor-Leste nossa nação.
Glória ao povo e aos heróis da nossa libertação.
VENCEMOS O COLONIALISMO.
Gritamos: abaixo o imperialismo.
Terra livre, povo livre,
não, não, não à exploração.
Avante, unidos, firmes e decididos.
Na luta contra o imperialismo,
o inimigo dos povos,
até à vitória final,
pelo caminho da revolução!”
Fernando Paula Vicente

Major-General da Força Aérea Portuguesa (Reformado)

Co-autor do “Relatório da Comissão de Análise e Esclarecimento do Processo de Descolonização de Timor”

Lisboa, 18 de Fevereiro de 2008

Publicado em www.portugalclub.org

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

CUITELINHO

Acordei nesta Segunda-feira ao som de uma música que há muito elegi como uma das mais belas, tanto na melodia como na letra. É um tesouro da música caipira brasileira. Resolvi compartilhá-la com os visitantes do meu blog colocando aqui duas versões, uma delas com legendas. Apreciem o "Cuitelinho".

domingo, fevereiro 24, 2008

GOL CONTRA

É noite aqui no Brasil e já próximo de um novo dia. Um Domingo chuvoso, um daqueles dias em que não há perspectivas algumas para um bom programa e que realmente não houve. Isso só me traz pensamentos pessimistas e de contestação. Assim, fiquei pensando durante muito tempo sobre o que escrever hoje.
Dois temas se destacaram e os mesmos poderiam ser abordados separadamente, dando origem a duas crónicas distintas: 1- a crise dos times de futebol; 2- o excesso de loterias. Resolvi, então, fazer um bolo com os dois ingredientes...
O governo federal do Brasil acaba de criar uma nova loteria --- Timemania, cuja intenção é a regularização das dívidas, impagáveis, dos clubes com a União. Impressionante! Essa ajuda destina-se àqueles que participam das séries A, B e C do campeonato brasileiro e que se comprometam com a publicação de balanços financeiros e que comprovem formalmente "ficha limpa" dos seus dirigentes nas várias instâncias da Justiça.
É mais uma loteria para o povão gastar um pouco dos seus míseros "trocados". No Brasil tem algum tipo de loteria todos os dias e há dias em que é mais que uma. Isto para só abordar as oficiais, pois tem as contravencionais também... E existe uma lei da década de 40 que proibe o jogo no país...
Eu jogo em algumas delas, dentro das minhas disponibilidades, pois é um dos defeitos que encampei desde tenra idade e, confesso, sempre com fé e esperança de que um dia a sorte baterá à minha porta. É assim com todos os jogadores... Todavia, nesta nova loteria eu jamais jogarei! Garanto que não e explico porquê.
Sempre gostei de futebol, tenho os meus times de coração e esporàdicamente ía aos estádios assistir a partidas interessantes, coisa que hoje não faço mais pelos mesmos motivos que me levam a não apostar na nova loteria. Acho uma grande imoralidade um clube pagar salários astronómicos aos seus atletas e técnicos (além dos desfalques que alguns dirigentes praticam) e não pagar as contribuições e impostos que são um dever de todos.
Se o clube está atolado em dívidas impagáveis, o procedimento normal seria fechar as portas, ter os seus bens imóveis confiscados e os dirigentes indiciados em inquéritos judiciais. Vir o governo com soluções lotéricas como esta de agora, é incitar à imoralidade, ao desrespeito das leis e estimular a corrupção. Gol contra!

sábado, fevereiro 23, 2008

ORO-PRO-NÓBIS

Voltei pra Minas Gerais. Viagem louca e urgente. Quando retornava, na segunda de manhã, comprei um maço de orapornobis já com segundas intenções; faria um franguinho ou uma costelinha de porco do jeito mineiro. Pode se dizer também orapronobis o nome dessa planta encontrada em Minas Gerais ou oro-pro-nobis. Normalmente os galhos da planta viram uma moita.
As coisas se encandeiam quando se trata de mineiros. Cambada de "comi-queto" esse povo das alterosas que fica na moita quando o assunto tende a comprometê-lo. Na roça também, quando mineiro quer desaguar é atrás de uma moita que dá o serviço. Também os mineiros se amoitam quando quer dar "uns pega" na namorada ou no namorado (porque hoje em dia as meninas são tão ou mais assanhadas) pra não serem notados e do "pega" tem nascido muitos mineirinhos temporões. Fala-se que o mineiro vive na moita para dar o bote nos outros e teve até um que vendeu um lote na lua para um carioca na avenida principal.
Estava falando da moita de orapornobis, cujos galhos fincados na terra são espinhentos, mas as folhas são macias de uma textura igual a couve. Escrevi que comprei mas o correto é que consegui com uma dessas conversinhas mole de beira de estrada que a gente vai aprendendo. Encostei a barriga num desses fogões de tijolo cimentado, taipa e chapa quente de uns três metros por três metros de largura, com comida de todo tipo e lasquei o comentário certeiro: Não tem frango com orapornobis? Lógico que já sabia que não tinha. Daí pra segunda pergunta foi um pulo: Cês num tem a planta? Tinham e logo me arranjaram um maço devidamente embrulhado e na sacola. Na hora de pagar a conta do almoço não quiseram cobrar; era brinde da casa. Díficil foi mantê-la verdinha durante o restante do dia e a noite toda até chegar em casa. Imaginem que era segunda e o jantar foi terça de noite. Deu tudo certo. Vim jogando água mineral nela o tempo todo e depois em casa coloquei num desses vasos de cerâmica que parece que revigora as plantinhas.
Mas interessante é que depois do almoço, adiante de Diamantina, terra do presidente JK e dos caminhos do ouro e de diamantes, tinha numa dessas banquinhas de beira de estrada umas mulheres vendendo pequí, fruta do conde e marolo. Não tive dúvida de mandar parar e encostar o carro para dar uma geral. Valeu a pena. Imagine se ia perder de comprar pequí prum arroz tipo goiano (mas feito em todo Brasil) já que tinha conseguido a planta do frango no restaurante. Dei um virada no tempo nessa hora porque quando pequeno (uns oito anos) colhíamos no campo o tal de araticum que chamávamos de urticum ou urticum cagão e outros sitiantes falavam que era marolo, planta que é praga em alguns lugares por ser resistente a seca e ser de cerrado. Mas o cheiro é encantador e o sabor diferente de outras frutas. Acho que é o cheiro de minha infância que senti naquela hora. Lembrei-me do lugar onde colhíamos os marolos numa larga formação de pedra misturada com terra onde não adiantava plantar nada. Só as plantas nativas cresciam insistentemente igual nossas vidas secas naquelas regiões onde o sol um dia nos empurrou expulsando para outras estradas e caminhos.
Mas tinha também umas goiabinhas do campo com cheiro delicioso e sabor doce-azedinho que brotava naquelas terras entre pedregulhos. Cresciam também pés de marmelo cujas frutas nunca mais vi e pitanga que acompanhávamos as frutinhas pequenininhas e verdes, depois amarelas e finalmente vermelho-sol que derretiam na boca quando chegávamos antes dos pássaros.
É bom diferenciar a fruta do conde que veio de Portugal por volta de uns 375 anos trazida pelo Conde de Miranda e plantada na Bahia com o araticum ou marolo que é do nosso cerrado. Acho a pinha ou fruta do conde mais palatável se observar só características de leveza e sabor, mas o marolo é grosseiro, azedo e rústico como nosso povo do mato e de minha origem. No cheiro do marolo e no seu azedume busco meu avô, meus tios e toda aquela gente de chapéu de palha com rostos queimados e enrugados em terra e sol. E mais importante no olhar áspero de meu pai quando ralhava conosco. Nem precisava falar nada. Ali estavam incrustados todos esses cheiros azedados dos nossos dias e aprendizado de moleques de roça.
Mas vieram os pequís e os ramos de orapornobis e fizemos um tremendo jantar. Convoquei meus grandes amigos da hora e da vez e tudo saiu direitinho. Sabia que a Rosa manjava do arroz com pequí por que ela também é sertaneja de bons costado e com conhecimento de causa. Sabe tudo essa grande irmã que me socorre sempre nos apuros da vida. Passou e passa pelas fieiras do conhecimento da vida ralando o corpo e a alma nunha sofreguidão e alegria contagiante. Nos entendemos de muitos séculos porque a vida quis que enveredássemos atalhos semelhantes e próximos. Trocamos figurinhas colando muitas vezes nos mesmos cadernos. A Rosa é catingueira lá da Bahia com couro curtido de sol e muito suor. (Tua bênção minha irmã-comadre Rosa).
Ficou para a Carminha fazer as honras dos convites espalhando a notícia das iguarias de Minas e do jantar anunciado. Importante sempre é que só pessoal da Diretoria (como chamamos) entra nessas listas. Como nossa empresa é grande a gente divide por setores e departamentos. É para ninguém ficar com ciumes por não estar num ou noutro evento. Todos vão tendo vez.
Mas a Carmen coordenou tudo direitinho e de sobra fez o frango ficar delicioso com sua mão de mestra que só não vi fazer cair chuva ainda. Rápida e certeira. No decorrer do dia a Rosa enviou uma receita com fotos e tudo que estava coerente com nossos planejamentos gastronómicos. Deu tudo certo. Quem veio viu e se esbaldou. Quem não veio perdeu uma chance apenas porque inventaremos outros encontros pra jogar mais conversa fora e tomar umas e outras. Que teve inclusive umas pinguinhas que o Eduardo e o Serginho mataram, fóra as caipirinhas da Rosa que já estão ficando famosas.
São assim as coisas. Simples. Frango com arroz.
Orai por nóis!... --- Orapornobis --- Amem .
Autor e colaborador: Marcílio de Freitas

ARGUEIRO NOS OLHOS DE TIMOR

«Os australianos devem partir de Timor» declararam responsáveis timorenses do Campo de Deslocados do Aeroporto, situado às portas de Díli, que conta com mais de 4600 habitantes. A GNR portuguesa é a única força que respeita os timorenses, afirmam os mesmos responáveis.
A tensão entre os Deslocados timorenses do Campo do Aeroporto e as forças australianas aumentou em 2007 quando um blindado do exército australiano da «Stabilisation Force» em Timor Leste entrou no Campo, em 23 de Março de 2007, depois de ter destruído a barreira de limite do recinto, abrindo fogo contra os deslocados provocando a morte de dois residentes e ferindo gravemente um terceiro. A 31 de Outubro, do mesmo ano, um novo incidente é denunciado pelos Deslocados que afirmam que os militares australianos abriram fogo, sem razão aparente, ferindo gravemente um residente.
Os dois incidentes provocaram um mal-estar entre os Deslocados e as forças australianas presentes em Timor Leste, composta por 1200 militares, dos quais 200 da Nova Zelândia, e 70 polícias.
Gestos obscenos e sinais com a mão de ameaça de «cortarem cabeças» são constantes das forças australianas quando patrulham os campos, confirmaram os Refugiados. Durante a noite alguns blindados australianos circundam os campos, enquanto helicópteros das mesmas forças sobrevoam continuamente a capital Díli.
«Se os australianos tentarem entrar aqui vamos os receber com pedras» disse um jovem timorense do mesmo campo. «Os únicos militares que são bem vindos são os da GNR de Portugal» afirma o chefe do campo que considera os portugueses como os únicos que respeitam os timorenses. «Quando temos problemas só queremos a GNR» prossegue o mesmo responsável perante sinais de concordância de vários jovens.
Condensado do Jornal Digital (http://jornaldigital.com/

As acusações são gravíssimas. Todavia, para mim isso não me causa muita estranheza e sempre tenho publicado aqui o que penso sobre a Austrália com relação a Timor. O ventos que de lá sopram não são bons e, pelo passado não muito logínquo, durante a Segunda Grande Guerra, deveria existir reconhecimento e gratidão, pois os timorenses ofereceram grande resistência à invasão japonesa e aquele país beneficiou-se disso. Os grandes interesses económicos sobrepõem-se à moralidade. As forças da ONU ali estacionadas se constituídas com uma maioria arregimentada nos países dos PALOP, principalmente Portugal e Brasil, dariam um rumo muito diferente à consolidação de Timor.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

O MAJOR

Sempre que volto a Lisboa fico encantado. Nessa bela cidade morei, trabalhei e estudei. Aqueles eu considero os melhores anos da minha vida, independentemente da escala de valores que possamos usar para cada uma das fases da mesma. Tudo aquilo que vivemos na adolescência parece que se enraiza mais na nossa memória. Somos mais curiosos, mais livres, aventureiros e até desprendidos de grandes problemas, se bem que eles existiram. Voltei a radicar-me na cidade depois que voltei da comissão militar em Timor; outra fase da minha vida.
A última vez que estive em Lisboa foi em 2001. Como sempre faço, percorri as suas ruas, sózinho, numa peregrinação de saudade. Passei em cada um dos lugares que para mim fôram marcantes e não me importei com as mudanças que notei, pois elas não me dizem nada. Desterro, Intendente, Mouraria, Castelo; Av. de Roma, Alvalade, Lumiar, Ameixoeira; Cais do Sodré, Chiado, Bairro Alto. Em todos esses lugares eu passei mais uma vez, comtemplativo.
No Poço do Borratém ainda encontrei aquela tasca com grupos de jogadores de "sueca". Bebi um copo e observei-os por alguns momentos na sua agilidade com o baralho. São outros seguindo o ritual daqueles do meu tempo e que certamente já se fôram... Na rua dos Fanqueiros lá estava o prédio onde fôra o meu primeiro emprego -- Flores & Ferreira. Passei na rua dos Douradores e, mais uma vez, lá saboreei aquela "dobradinha" gostosa no Galego. Saí dali com ar feliz em direção à Ginginha.
No novo trajecto da minha caminhada notei que dois engraxadores conversavam, olhando para mim, e dando risadas entre eles. Escutei um dizendo: "é o Valentim Loureiro, pá..." Estava claro que a gozação era comigo, pois que a minha barba branca e porte físico emprestavam indiscutível semelhança... Voltei e, de dedo em riste disse-lhes: "podem chamar-me de filho da puta, cabrão e outros nomes mais, mesmo eu não sendo nada disso. Porém, jamais de chamem de Valentim Loureiro ou de Major, pois eu fico muito ofendido e poderei partir para a porrada". Eles ficaram boqueabertos, sem reacção, e eu segui o meu caminho.
Esse tal de Major -- Valentim Loureiro -- é uma das figuras mais sinistras. É prepotente, arrogante, mal educado e dono de outros adjectivos a serem aprovados pela Justiça, pois enfrenta vários processos nos Tribunais portugueses, a maioria deles relacionados com o futebol. Esta semana voltou a ser notícia nos jornais.

ZEITGEIST

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

DEVAGAR, COMPANHEIROS!

Durante todo o período em que Raúl Castro assumiu interinamente o poder, certamente algumas questões sobre mudanças fôram colocadas sobre a mesa e Fidel acompanhou esses debates. Não tenham dúvidas sobre isso. Fidel Castro jamais baixaria a guarda ou relaxaria a sua firmeza. Não iria auto-flagelar o seu orgulho e desbotar em dois ou três anos as cores com que pintou uma bandeira. Porém, isso não significa que não tenha chegado à conclusão de que devem ser implementadas algumas mudanças e notória abertura. Tudo isso acontecerá muito em breve e de modo gradativo, dando a ideia que Fidel nada tem a ver com isso... Tudo isso começará com reformas económicas prementes e, consequentemente, reformas políticas na rabeira da procissão.
Os Estados Unidos serão fulcro importantíssimo para alanvancar mudanças e acho que, independentemente de quem seja o vencedor das próximas eleições, a potência do Norte facilitará as coisas e a diáspora cubana não protestará porque vai compreender que há um processo de abertura que, mesmo tímido e sem a desenvoltura sonhada, será um primeiro passo.
É importante alertar alguns que já aventam aos quatro cantos que tudo mudou de ontem para hoje como se El Comandante tivese morrido. Calma! Devagar com o andor porque o santo é de barro...

LEMBRANDO MAIAKOVSKI

Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

LEMBRANDO MAIAKO

Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

PARTIDO SOCIALISTA

Finalmente, no PS, há quem esteja a acordar da letargia.
Ana Benavente Professora universitária, militante do PS

1. Não sou certamente a única socialista descontente com os tempos que vivemos e com o actual governo. Não pertenço a qualquer estrutura nacional e, na secção em que estou inscrita, não reconheço competência à sua presidência para aí debater, discutir, reflectir, apresentar propostas. Seria um mero ritual. Em política não há divórcios. Há afastamentos. Não me revejo neste partido calado e reverente que não tem, segundo os jornais, uma única pergunta a fazer ao secretário-geral na última comissão política. Uma parte dos seus actuais dirigentes são tão socialistas como qualquer neoliberal; outra parte outrora ocupada com o debate político e com a acção, ficou esmagada por mais de um milhão de votos nas últimas presidenciais e, sem saber que fazer com tal abundância, continuou na sua individualidade privilegiada. Outra parte, enfim, recebendo mais ou menos migalhas do poder, sente que ganhou uma maioria absoluta e considera, portanto, que só tem que ouvir os cidadãos (perdão, os eleitores ou os consumidores, como queiram) no final do mandato. Umas raríssimas vozes (raras, mesmo) vão ocasionando críticas ocasionais.
2. Para resolver o défice das contas públicas teria sido necessário adoptar as políticas económicas e sociais e a atitude governativa fechada e arrogante que temos vivido? Teria sido necessário pôr os professores de joelhos num pelourinho? Impor um estatuto baseado apenas nos últimos sete anos de carreira? Foi o que aconteceu com os "titulares" e "não titulares", uma nova casta que ainda não tinha sido inventada até hoje. E premiar "o melhor" professor ou professora? Não é verdade que "ninguém é professor sozinho" e que são necessárias equipas de docentes coesas e competentes, com metas claras, com estratégias bem definidas para alcançar o sucesso (a saber, a aprendizagem efectiva dos alunos)? Teria sido necessário aumentar as diferenças entre ricos e pobres? Criar mais desemprego? Enviar a GNR contra grevistas no seu direito constitucional? Penalizar as pequenas reformas com impostos? Criar tanto desacerto na justiça? Confirmar aqueles velhos mitos de que "quem paga é sempre o mais pequeno"? Continuar a ser preciso "apanhar" uma consulta e, não, "marcar" uma consulta? Ouvir o senhor ministro das Finanças (os exemplos são tantos que é difícil escolher um, de um homem reservado, aliás) afirmar que "nós não entramos nesses jogos", sendo os tais "jogos" as negociações salariais e de condições de trabalho entre Governo e sindicatos. Um "jogo"? Pensava eu que era um mecanismo de regulação que fazia parte dos regimes democráticos.
3. Na sua presidência europeia (são seis meses, não se esqueça), o senhor primeiro-ministro mostra-se eufórico e diz que somos um país feliz. Será? Será que vivemos a Europa como um assunto para especialistas europeus ou como uma questão que nos diz respeito a todos? Que sabemos nós desta presidência? Que se fazem muitas reuniões, conferências e declarações, cujos vagos conteúdos escapam ao comum dos mortais. O que é afinal o Tratado de Lisboa? Como se estrutura o poder na Europa? Quais os centros de decisão? Que novas cidadanias? Porque nos continuamos a afastar dos recém-chegados e dos antigos membros da Europa? Porque ocupamos sempre (nas estatísticas de salários, de poder de compra, na qualidade das prestações dos serviços públicos, no pessimismo quanto ao futuro, etc., etc.) os piores lugares? Porque temos tantos milhares de portugueses a viver no limiar da pobreza? Que bom seria se o senhor primeiro-ministro pudesse explicar, com palavras simples, a importância do Tratado de Lisboa para o bem-estar individual e colectivo dos cidadãos portugueses, económica, social e civicamente.
4. Quando os debates da Assembleia da República são traduzidos em termos futebolísticos, fico muito preocupada. A propósito do Orçamento do Estado para 2008, ouviu-se: "Quem ganha? Quem perde? que espectáculo!". "No primeiro debate perdi", dizia o actual líder do grupo parlamentar do PSD "mas no segundo ganhei" (mais ou menos assim). "Devolvam os bilhetes...", acrescentava outro líder, este de esquerda. E o país, onde fica? Que informação asseguram os deputados aos seus eleitores? De todos os partidos, aliás. Obrigada à TV Parlamento; só é pena ser tão maçadora. Órgão cujo presidente é eleito na Assembleia, o Conselho Nacional de Educação festeja 20 anos de existência. Criado como um órgão de participação crítica quanto às políticas educativas, os seus pareceres têm-se tornado cada vez mais raros. Para mim, que trabalho em educação, parece-me cada vez mais o palácio da bela adormecida (a bela é a participação democrática, claro). E que dizer do orçamento para a cultura, que se torna ainda menos relevante? É assim que se investe "nas pessoas" ou o PS já não considera que "as pessoas estão primeiro"?
5. Sinto-me num país tristonho e cabisbaixo, com o PS a substituir as políticas eventuais do PSD (que não sabe, por isso, para que lado se virar). Quanto mais circo, menos pão. Diante dos espectáculos oficiais bem orquestrados que a TV mostra, dos anúncios de um bem-estar sem fim que um dia virá (quanto sebastianismo!), apetece-me muitas vezes dizer: "Aqui há palhaços". E os palhaços somos nós. As únicas críticas sistemáticas às agressões quotidianas à liberdade de expressão são as do Gato Fedorento. Já agora, ficava tão bem a um governo do PS acabar com os abusos da EDP, empresa pública, que manda o "homem do alicate" cortar a luz se o cidadão se atrasa uns dias no seu pagamento, consumidor regular e cumpridor... Quando há avarias, nós cortamos-lhes o quê? Somos cidadãos castigados! O país cansa!Os partidos são necessários à democracia mas temos que ser mais exigentes. Movimentos cívicos...procuram-se (já há alguns, são precisos mais). As anedotas e brincadeiras com o "olhe que agora é perigoso criticar o primeiro-ministro" não me fazem rir. Pela liberdade muitos deram a vida. Pela liberdade muitos demos o nosso trabalho, a nossa vontade, o nosso entusiasmo. Com certeza somos muitos os que não gostamos de brincar com coisas tão sérias, sobretudo com um governo do Partido Socialista!

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

URSO DE OURO

Surpresa! Sim, constituíu uma grande surpresa a conquista do troféu "Urso de Ouro" pelo cinema brasileiro com o filme "Tropa de Elite". Talvez mais por parte dos estrangeiros, pois que os brasileiros mantiveram a fé até ao fim. Tive a oportunidade de assistir esse filme e gostei. Dou os meus parabéns a todos os que trabalharam nessa produção.
Esse filme, de algum modo, mexeu muito com os brasileiros e não é em vão que constitui um recorde de bilheteria. Até mesmo as vendas do vídeo atingiram nível muito alto e tudo continúa de vento em pôpa.
Quando digo que mexeu muito, refiro-me exactamente à realidade do dia a dia que o filme mostra. Existe um desejo enorme que essa ficção se torne realidade e, pelo andar da carruagem, parece já começarem a ser atingidos alguns desses objectivos. A própria Polícia Militar, no Rio de Janeiro, começou a sentir uma certa pressão, pois o filme retrata a corrupção existente no seu seio por parte de alguns grupos.
A violência e, consequentemente a insegurança e revolta, são parte de um todo que atingem grandes proporções no Brasil. O cidadão comum está de mãos amarradas e nada pode fazer. Nem deve. Chega-se ao ponto, como já outrora aconteceu com força notória, de o cidadão aprovar as grandes chacinas praticadas por elementos das polícias ao arrepio da lei. Como antigamente os esquadrões da morte.
O filme mostra-nos o procedimento de uma outra parte da polícia; aquela que vai procurar e extirpar o tumor como uma medida radical, sem ordens judiciais que aqui representam os medicamentos que não curam o mal. O inimigo, a princípio, é o mesmo. As razões e a força motora interior de uma "tropa de elite" diferem de um "esquadrão da morte" e por isso mesmo tem os aplausos da "plateia".

VIVA KOSOVO!

17 de Fevereiro será, a partir de agora, uma data importantíssima para os kosovares, pois foi decretada a independência de Kosovo. Em qualquer país do mundo que outrora tenha sido agregado, comquistado e colonizado, a data da sua libertação será sempre, de entre outras, a mais importante para o seu povo e, portanto, sempre comemorada a cada ano que passe. Sou a favor desta independência e de outras que por aí virão... Sou a favor da liberdade de todos os povos que têm uma identidade própria e que almejam separar-se daqueles com os quais não se identificam.
Os kosovares de etnia albanesa foram sempre perseguidos e massacrados. Mais tarde ou mais cedo, este momento tanto esperado surgiria. Todos sabemos que as coisas não serão fáceis daqui para a frente e temo que muito sangue possa correr. A Carta das Nações Unidas, no seu artigo primeiro, nº 2, reconhece o direito de todos os povos à autodeterminação. Todavia é de lamentar que algumas nações se oponham a essa e outras independências e pior, que algumas fiquem em cima do muro para só mais tarde decidirem para que lado vão pular
...
Outros povos estão na fila para um dia proclamarem, também, a sua independência. Não me vou referir a todos, pois muitos existem sufocados e espezinhados por esse mundo fora. Frisarei, como exemplos, a Catalunha, País Basco, Galiza, Chipre.

Talvez seja na Espanha o próximo caldeirão a levantar fervura. É um país grande e com enorme desenvolvimento econômico. Um dos mais aprazíveis do mundo. É um país bonito, riquíssimo em monumentos históricos, clima temperado. Um verdadeiro paraíso para todos os que o visitam como eu já fiz muitas vezes, até porque nasci e me criei bem perto da fronteira. A Espanha tem grandes empresas que investem no exterior e isso é notório aqui no Brasil.
A partir de 1978, com a nova Constituição, as partes de um todo passaram a denominar-se “Regiões Autônomas”. Em relação ao longo período da ditadura franquista, essas regiões são como aquelas crianças que se lambuzam com guloseimas que há muito não saboreavam. A idéia do separatismo está incandescente. Para bascos, catalães e outros, a prosperidade da Espanha nos dias de hoje não lhes diz nada. Para eles isso é o que menor importância tem.
A Catalunha, por exemplo, nunca teve nada a ver com a Espanha... No século XI, unida com Aragão, dominou as Ilhas Baleares, a coroa da Sicília, a Sardenha e o reino de Nápoles. Em 1469, com o casamento de Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela, foi então absorvida. É um país colonizado! E não adianta Don Juan Carlos mandar que eu e outros se calem...
Outros povos, além dos que citei aqui, tem a sua história e situações idênticas certamente. Abordei o caso da Catalunha como um exemplo entre tantos outros e mais porque é notícia constante de há muitos anos a esta parte. Com o caso de Kosovo, agora, os ventos começarão a soprar muito fortemente em várias latitudes. É só esperar para ver!

terça-feira, fevereiro 12, 2008

PAZ ATRAVÉS DA FIRMEZA E JUSTIÇA

Em declarações à Lusa em Bruxelas, a eurodeputada socialista, Ana Gomes, manifestou a sua "emoção e perturbação" pelos ataques José Ramos-Horta e Xanana Gusmão e também "algum alívio por Reinado estar morto".
Segundo a antiga diplomata, o major rebelde, que terá liderado o ataque contra a casa do Presidente timorense era "um criminoso e um indivíduo desequilibrado", um "Rambo" idolatrado pelos "gangs" de jovens desempregados.
Ana Gomes não percebe, por isso, as atitudes "demasiado apaziguadoras" adoptadas pelas autoridades timorenses - Ramos-Horta chegou recentemente a encetar conversações com o líder rebelde - e também pelas forças australianas e da própria ONU. Esta atitude "não poderia dar bons frutos, como demonstram os dramáticos episódios de hoje", lamentou, lembrando o papel central assumido pelo antigo comandante militar, que se rebelou contra as chefias militares na crise que atingiu Díli na Primavera de 2006."Este dramático episódio mostra que não é possível lidar com criminosos de forma frouxa e espero que sirva de lição.
A tentação de ser demasiado apaziguador é prejudicial, mina a gestão da justiça e as bases do direito fundamental", comentou Ana Gomes, que espera a partir de agora "mais firmeza das autoridades de Timor e de quem lá está a apoiá-las". A antiga embaixadora de Portugal em Jacarta considera que é necessário continuar a seguir atentamente outros revoltosos e os "gangs" que apoiavam Reinado, mas manifestou-se convicta de que estes desmobilizarão sem a sua liderança, tanto mais que este foi morto quando atentava contra a vida do Presidente de Timor.
Newsletter "Público"

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

ACORDA TIMOR!

Os últimos acontecimentos em Timor não são de todo uma grande surpresa, pois algo estava na forja há muito tempo. A surpresa foi a magnitude das ações. Esta é uma opinião minha e formada a partir de detalhes conhecidos através da imprensa internacional nas notícias de última hora e que associei ao que de estranho se passou durante muito tempo com relação ao major Reinaldo. Afinal, foragido da Justiça e conhecido o seu paradeiro por muita gente importante, porque razão nunca se colocou côbro a essa situação esdrúxula? Será porque os australianos lhe davam cobertura?--- Mas, se assim é, a gravidade da situação é muito maior, pois deduz-se haver conivência no que se passou agora. Muita coisa terá que ser descortinada e os timorenses teem direito de saber o que acontece no seu País.

INTERROGAÇÃO

No meu entender, os últimos acontecimentos em Timor estavam de certo modo previstos. Não com essa magnitude, mas algo de grave estava na forja.
O paradeiro do major Reinaldo, fugitivo da Justiça, era conhecido por alguns, principalmente australianos...

GOLO DE PLACA

Duas copas do mundo consecutivas falando português? Legal!, dirão os brasileiros. Bestial!, dirão os portugueses. A de 2014 organizada pelo Brasil e a de 2018 por Portugal. Eu estaria presente nos dois eventos, acreditando que possa viver até lá...
Em crónica anterior referi-me à copa no Brasil e expressei todas as minhas dúvidas quanto à realização da mesma. Ainda hoje não acredito nisso e não é porque seja pessimista ou esteja torcendo contra. Decidido que será aqui disputada, não vi até agora qualquer movimentação concreta, principalmente no que diz respeito à construção de novos estádios e sete anos não é muito tempo para tanta inércia e tranquilidade. É notório que muitos outros problemas surgirão.
Portugal é um dos candidatos à realização do evento de 2018 e sobre isso ainda não me tinha pronunciado. Com relação aos estádios, existem alguns novos e de última geração; outros ainda teriam que ser construídos. Porém, os mesmos problemas que pipocam no Brasil também pipocam em Portugal e a única diferença é que teve alguém de peso que já se pronunciou a respeito --- o Presidente da República!
É notório que existem nos dois países coisas muito mais importantes para serem abordadas e muitos problemas para serem resolvidos. As prioridades são outras sem quaisquer sombras de dúvida. Os dois povos são apaixonados pelo futebol, é certo, mas colocarão essa paixão em segundo plano se perceberem que algo estará sendo feito que vise o seu bem estar e lhes proporcione uma vida digna.

TIMOR EM PERIGO!

O bispo resignatário de Díli, D. Ximenes Belo, disse esta segunda-feira à TSF que está «profundamente triste» com os últimos acontecimentos em Timor-Leste que feriram com gravidade o presidente timorense, Ramos Horta.
Para D. Ximenes é com «infelicidade» que observa que «o esforço feito nos últimos dois anos não teve qualquer efeito». O bispo apela ainda à «calma» e pede aos timorenses que respeitem o Estado de direito.
As Nações Unidas apelaram à população em Díli para restringerem os movimentos e não saírem de casa se não for estritamente necessários.
O embaixador português Ramos Pinto afirmou à SIC Notícias que a situação em Díli está «calma» e não há relatos de confrontos. Contudo, aconselhou a comunidade portuguesa - via sms - a permanecer em casa e a circular o mínimo possível.
O líder do Partido Socialista de Timor-Leste (PST), Avelino Coelho, condenou esta segunda-feira os ataques ao presidente e ao primeiro-ministro timorenses, sublinhando que qualquer ataque àquelas personalidades é um «atentado à segurança do Estado», escreve a Lusa.
Avelino Coelho, antigo membro do Conselho de Estado, afirmou estar «preocupado com a estabilidade no país», mas sublinhou acreditar que o Governo irá «tomar as medidas necessárias».
«Qualquer ataque a um presidente ou a um primeiro-ministro é um atentado à segurança do Estado. É preocupante e estou preocupado, mas acredito que o governo de Xanana Gusmão irá tomar as medidas necessárias para estabilizar o país», sublinhou o líder do PST.
Afirmando não dispor ainda de «muitos pormenores», Avelino Coelho recusou responsabilizar o governo por um «eventual desleixo» em relação ao major Alfredo Reinado, supostamente líder do grupo armado que atacou quer o presidente José Ramos-Horta quer o primeiro-ministro Xanana Gusmão.
«Pelo contrário, ao longo destes últimos meses, o governo deu sinais claros de que queria ver a situação resolvida e disse isso mesmo aos peticionários» que estiveram sempre ao lado de Reinado, sustentou o antigo candidato presidencial.
Avelino Coelho, ex-deputado, responsabilizou a «intransigência» de Reinado, que, segundo fontes oficiais e policiais, foi morto na emboscada que protagonizou, face às constantes aberturas do executivo de Díli na tentativa de resolver o problema.
Notícias: PortugalDiário
Fotos: Internet

CONTRADIÇÕES

Na minha caixa de correio, na Internet, estou recebendo este texto enviado por amigos que entraram nessa corrente. A alguns dos mais chegados respondi com uma pequena nota comentando o assunto e, como continúo recebendo, resolvi publicar no blog como uma participação da minha parte, não sem meter a colher, apesar da minha convicção sobre quanto é melindroso este tema.
Numa primeira leitura do texto conclui-se que o mesmo foi elaborado por um cidadão judeu, quiçá americano...
Não me dei ao trabalho de uma pesquisa sobre exactamente o que Eisenhower tenha ou não dito, mas sempre fico com um pé atrás quando de certos tipos de propaganda americana. Porém, isso não vem tanto ao caso. Todavia reconheço que tem sido atendido totalmente o apelo do ex-presidente no decorrer destas seis décadas.
Estranho muito a revolta manifestada por alguns perante decisões como a do Reino Unido, pois evidencia uma grande contradição ao se comparar com o que sucedeu no Carnaval do Rio de Janeiro, onde a Associação Israelita recorreu à Justiça para proibir a exibição desse tema no desfile de uma das escolas de samba. Não entendo! Essas imagens seriam vistas por muito mais de 40 milhões em todo o mundo...
Exactamente, como foi previsto há cerca de 60 anos

É uma questão de História lembrar que, quando o Supremo Comandante das Forças aliadas, General Dwight D. Eisenhower encontrou as vítimas dos campos de concentração, ordenou que fosse feito o maior número possível de fotos, e fez com que os alemães das cidades vizinhas fossem guiados até aqueles campos e até mesmo enterrassem os mortos.
E o motivo, ele assim explanou: ' Que se tenha o máximo de documentação - façam filmes - gravem testemunhos - porque, em algum ponto ao longo da história, algum bastardo se erguerá e dirá que isto nunca aconteceu'.
'Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que os homens de bem nada façam'.
(Edmund Burke)
Relembrando:
Esta semana, o Reino Unido removeu o Holocausto dos seus currículos escolares porque 'ofendia' a população muçulmana, que afirma que o Holocausto nunca aconteceu... Este é um presságio assustador sobre o medo que está atingindo o mundo, e o quão facilmente cada país está se deixando levar.
Estamos há mais de 60 anos do término da Segunda Guerra Mundial. Este email está sendo enviado como uma corrente, em memória dos 6 milhões de judeus,20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos, e 1900 padres católicos que foram assassinados, massacrados, violentados, queimados , mortos de fome e humilhados , enquanto Alemanha e Rússia olhavam em outras direcções. Agora, mais do que nunca, com o Irão, entre outros, sustentando que o 'Holocausto é um mito', torna-se imperativo fazer com que o mundo jamais esqueça. A intenção em enviar este email, é que ele seja lido por 40 milhões de pessoas em todo o mundo.
Seja um elo desta corrente e ajude a enviar o email para o mundo todo. Não o apague. Você gastará, apenas, um minuto do seu tempo a reencaminhá-lo.

domingo, fevereiro 10, 2008

DUAS ÉPOCAS DE SÃO PAULO

No pretérito dia 25 de Janeiro, data da comemoração do 454º aniversário da cidade de São Paulo, nada escrevi a respeito. Procurei algo que melhor constituísse um presente que as palavras que porventura escrevesse.
As fotos seguintes referem-se a duas épocas de um mesmo lugar da cidade e, na minha opinião, antigamente São Paulo era uma cidade muito mais bonita. Concordam?...
Identificação das imagens, da esquerda para a direita e de cima para baixo:
1 - Praça Ramos Azevedo - 1916 e 2007
2 - Rua Boavista - 1916 e 2007
3 - Rua Santo Amaro - 1862 e 2007
4 - Rua Direita - 1862 e 2007
5 - Estação da Luz - 1917 e 2007
6 - Largo da Memória - 1935 e 2007
7 - Igreja Santa Efigénia - 1862 e 2007
8 - Igreja do Carmo e Av. Rangel Pestana - 1817 e 2007
9 - Rua Florêncio de Abreu - 1914 e 2007
10 - Rua José Bonifácio - 1914 e 2007
11 - Rua XV Novembro - 1862 e 2007