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Sul Ibérico
A praga do Guadiana que passou a negócio à boleia dos espanhóis
Eis a história do pescador alentejano que nem conhecia o lagostim e hoje tem oito trabalhadores a pescar para vender às fábricas em Espanha «Quando comecei a ver que estavam a chegar pescadores espanhóis para apanharem lagostins no Guadiana, eu ainda nem sabia de que espécie se tratava. Para mim, aquilo era só uma praga», começou por contar Pedro Santos, recuando ao enchimento da albufeira de Alqueva.
Mas o tempo e a experiência ensinaram a este pescador alentejano que o lagostim-vermelho-do-louisiana traduzia, afinal, um «potencial de grande negócio». Começou há 18 anos e continua a crescer até aos dias de hoje, apenas à «boleia» dos clientes espanhóis.
Como assim? «Todos os lagostins capturados por cá são encaminhados para as fábricas da Isla Mayor (Andaluzia), que exporta para todo o mundo. E se mais apanhássemos, mais eles compravam», revelou o pescador que participou no encontro sobre as novas oportunidades dos nossos rios, que decorreu no Alandroal, inserido na Mostra Gastronómica de Peixe de água doce. Espanhóis ofereceramdinheiro e artes de pesca Voltou ao recuar no tempo até aos dias em que começaram a chegar a Alqueva compradores de lagostins. «Mais e mais», sublinhou, deixando-se convencer a entrar no negócio. «Os espanhóis sabiam que Portugal também tinha que arranjar pescadores. Começaram por oferecer dinheiro e chegaram aos dois euros o quilo. Depois começaram a trazer material para nos incentivarem a pescar» relatou, admitindo que a actividade passou a ser "muito atractiva".
As contas feitas à época, que influíam o dinheiro gasto em barcos e no isco necessário para capturar lagostim, deixavam perceber que valia a pena apostar no novo negócio aproveitando aquela que, a saber, terá sido a primeira espécie invasora desde o encerramento das comportas da barragem. Mantém-se rentável até aos dias de hoje.
«Alqueva foi a rampa de lançamento para esta pesca. Neste momento já temos oito trabalhadores. Até houve outros colegas que começaram a trabalhar para os espanhóis, mas perceberam que valia a pena pescarem por conta própria», revela Pedro Santos, admitindo que o maior lago artificial da Europa já não é tão rico em lagostim, mas «as barragens da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva) têm os maiores lagostins de Portugal todo o ano.
Talvez seja devido ao calor e à comida que encontram na massa de água». A qualidade superior do sável cheio de ovas Além do lagostim, há outras espécies que potenciaram a abertura de novas oportunidades de negócio. Que o diga o empresário João Cortez que não hesita em apresentar o sável do Guadiana como «o melhor do país», avançando que se adaptou às águas do Guadiana.
«Passou a ser um peixe de água doce, porque tem aqui boas condições. Em cada dez exemplares, nove têm ovas, enquanto nas outras regiões é ao contrário», revelou, destacando que o peixe é analisado semanalmente «e não há igual à sua textura».
Também por isso o empresário acha «estranho» que o Alandroal seja o único concelho do Sul onde são servidos pratos de sável. «Mandamos muito peixe para o Norte e isso até me deixa triste, porque estamos a perder algo com muito potencial e de qualidade superior, sobretudo neste altura do ano», concluiu. TEXTO Roberto Dores
Mas o tempo e a experiência ensinaram a este pescador alentejano que o lagostim-vermelho-do-louisiana traduzia, afinal, um «potencial de grande negócio». Começou há 18 anos e continua a crescer até aos dias de hoje, apenas à «boleia» dos clientes espanhóis.
Como assim? «Todos os lagostins capturados por cá são encaminhados para as fábricas da Isla Mayor (Andaluzia), que exporta para todo o mundo. E se mais apanhássemos, mais eles compravam», revelou o pescador que participou no encontro sobre as novas oportunidades dos nossos rios, que decorreu no Alandroal, inserido na Mostra Gastronómica de Peixe de água doce.
As contas feitas à época, que influíam o dinheiro gasto em barcos e no isco necessário para capturar lagostim, deixavam perceber que valia a pena apostar no novo negócio aproveitando aquela que, a saber, terá sido a primeira espécie invasora desde o encerramento das comportas da barragem. Mantém-se rentável até aos dias de hoje.
«Alqueva foi a rampa de lançamento para esta pesca. Neste momento já temos oito trabalhadores. Até houve outros colegas que começaram a trabalhar para os espanhóis, mas perceberam que valia a pena pescarem por conta própria», revela Pedro Santos, admitindo que o maior lago artificial da Europa já não é tão rico em lagostim, mas «as barragens da EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva) têm os maiores lagostins de Portugal todo o ano.
Talvez seja devido ao calor e à comida que encontram na massa de água».
«Passou a ser um peixe de água doce, porque tem aqui boas condições. Em cada dez exemplares, nove têm ovas, enquanto nas outras regiões é ao contrário», revelou, destacando que o peixe é analisado semanalmente «e não há igual à sua textura».
Também por isso o empresário acha «estranho» que o Alandroal seja o único concelho do Sul onde são servidos pratos de sável. «Mandamos muito peixe para o Norte e isso até me deixa triste, porque estamos a perder algo com muito potencial e de qualidade superior, sobretudo neste altura do ano», concluiu.
quarta-feira, março 02, 2022
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