Como é que os Bonecos de Estremoz inspiraram a
Padroeira do Brasil
Já
sabíamos que a barrística de Estremoz é uma caixa de surpresas. E foi confirmada
a tendência. Ficou-se a saber que os famosos bonecos, classificados pela
Unesco, terão inspirado a imagem de Nossa Senhora Aparecida – Padroeira do
Brasil - que foi encontrada por três pescadores no rio Paraíba, há 300 anos
Sebastião Amoedo, Presidente do Conselho de Minerva (Brasil), que visitou o concelho – ver texto em baixo - abordou, sobretudo, o momento da passagem da comitiva pelo Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz, destacando as comparações entre a Senhora Aparecida e o figurado estremocense.
Escutemos o professor: «Há uma certa evidência científica de que a imagem de Maria que foi encontrada no rio Paraíba do Sul e que é a nossa padroeira tem grandes semelhanças com estes bonecos. Se não tiver uma origem física em Estremoz, tem uma origem imaginária no seu figurado. Penso que podemos dizer que a padroeira do Brasil saiu de Estremoz», sublinhou.
Hugo Guerreiro, do departamento de cultura da Câmara de Estremoz, explica esta ligação da barrística ao Brasil, à boleia das «paulistinhas» - arte sacra em barro – que ganharam tradição no Vale de Paraíba, precisamente inspiradas nos bonecos de Estremoz. «O Museu de São Paulo tem uma boa colecção dos nossos bonecos, porque eram feitos aos milhares e seriam levados para as colónias. No século XVIII a saída era tão grande, que era natural que as pessoas as tentassem imitar por lá», sublinha.
Ainda assim,
ressalva que a técnica das paulistinhas é diferente da de Estremoz, embora a
estética do boneco seja semelhante. «Depois da independência cessou o
grande fluxo comercial e é natural que as paulistinhas tenham crescido em
termos de produção. Esta nossa ligação ao Brasil é muito interessante», avança
o mesmo responsável. A visita do Conselho Minerva a Estremoz e Évora
Monte inscreveu-se nas comemorações dos 200 anos da criação do império do
Brasil, dos 190 anos do desembarque do Mindelo e dos 188 da Convenção de Évora
Monte. A episódios que marcaram a restauração do reino Constitucional de
Portugal.
«Estremoz é surpreendente. Não
imaginava encontrar tudo isto. Vamos falar desta cidade e deste património no
Brasil» destacou Sebastião Amoedo, enquanto Eduardo Basso, da Liga dos
Amigos do Castelo de Évora Monte (LACE), destacava a projecção turística que o
evento envolveu.
«Estas iniciativas
podem trazer aqui muitos investigadores, que depois vão divulgar o nosso
património. Hoje levam uma imagem bastante positiva», conclui o dirigente.
Adaptação do texto de Roberto Dores