segunda-feira, fevereiro 29, 2016

Amor de Perdição



Algo que sempre me atraíu foi o jogo; o chamado jogo de azar. Porque não jogo de sorte, ou simplesmente “jogo”?...
Como o jogo é proibido no Brasil (liberado em todo o Mundo), um  absurdo num país que insiste em aumentar ou criar novos impostos para atenuar os efeitos da crise, inevitavelmente frequento alguns dos milhares de salões clandestinos. Não vou lá para ganhar ou perder, pois sou consciente que só ganha o “banqueiro”, mas para passar o tempo e me divertir. Sempre tem algumas pessoas interessantes e se come e bebe gratuitamente, pois o pagamento já está incluso no dinheiro que lá deixamos...
Há uma semana a esta parte, enquanto a minha atenção se fixava na tela do caça níqueis perante as mirabolantes composições numéricas, fui surpreendido com a aparição de uma nova funcionária. Uma figura estonteante! A minha atenção desviou-se só para ela, que certamente notou essa minha postura, pois esboçou um sorriso que mexeu com todo o meu sistema nervoso central. Além de uma manifestação de simpatia para comigo, foi, também, um tipo de “sossega leão”...
Mas não tinha como evitar e, sempre que havia oportunidade, o meu olhar se fixava nela. Uma, outra e outras vezes. Havia ali uma reação química entre os seus elementos e os meus. Criou-se, como popularmente se costuma chamar, uma química entre nós. O seu rosto é de uma beleza extrema e todo o seu corpo harmonioso com a delineação perfeita da bunda, do quadril, das coxas.
Mais duas outras vezes visitei o local e, naturalmente, começámos a estar mais próximos, se bem que as únicas palavras que lhe dirigi foi a indagação do seu nome, o pedido de recarga da máquina ou o do recebimento de créditos.
Apesar de tanta formosura e gostosura, jamais passou pela minha cabeça chavecá-la com uma proposta indecente. Norteava-me, sim, a dúvida sobre o porquê dela trabalhar numa casa daquelas e não como atriz ou modelo!?...
Ontem voltei ao casino clandestino e, logo que cheguei, sentei-me na única máquina livre. Bebi algumas cervejas e jantei. Uma hora depois, mais ou menos, entrou ao serviço a Ariana. Sim, este é o nome dela e, quando eu soube disso até me lembrei da Merkel e do Wolfgang Schäuble...
Parei de jogar e, durante alguns minutos, fixei-me na Ariana. Eureka! Descobri a razão de tanta atracção. Estava ali, sem tirar ou pôr qualquer detalhe, a sósia perfeita da Belarmina. As linhas pronunciadas do rosto cândido e alvo numa expressão só dela; o cabelo liso e macio a cair-lhe sobre os ombros; o corpo que já defini e a postura. Principalmente o olhar fulminante...
E, afinal, quem é Belarmina!? --- perguntais vós, certamente.
Belarmina foi a minha verdadeira primeira namorada. Morava nas Galinheiras, um anexo da Ameixoeira, bairro de Lisboa onde se situava o famoso Forte. Ali eu estive destacado até ser mobilizado para cumprir comissão em Timor. Ali, num dia em que estava de Sargento da Guarda, à Porta de Armas, eu e Belarmina trocámos os primeiros olhares e palavras. Ali nasceu um grande e inesquecível amor de perdição. Realmente inesquecível!...

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

Cortiça

Primeiro teste de protótipo de máquina de descortiçar - FILCORK

Publicado por Ansub Associação dos Produtores Florestais do Vale do Sado em Sexta, 18 de julho de 2014

quarta-feira, fevereiro 10, 2016

Rua da Atalaya

Uma rua representativa, plebeia e nobre ao mesmo tempo, mantendo o mesmo nome desde o século XVI, hoje simplesmente popular no Bairro Alto. Tem, ainda, o pitoresco do lugar, no cariz dos edifícios, nos prédios côr de rosa, nos velhos palácios adormecidos e sem fidalgos, com a sua nota de poesia e cor nos canteiros floridos das sacadas.
Tenho algumas histórias incríveis a contar e passadas nessa rua. Tanto assim, que é ponto de romaria sempre que vou a Lisboa.
Todos os dias por lá passava a pé ou de elétrico (como pendura), pois era uma transversal à Calçada do Combro onde ficava a Escola D. Maria II e onde eu passei a estudar aos 15 anos de idade, recém vindo de Évora. 
Não vou na rua da Atalaya há, pelo menos 5 anos, pois na última estadia em Portugal coisas muito importantes me ocuparam na totalidade os 90 dias no Alentejo. Não sei como andam as coisas por lá, mas é natural que tenha havido grandes mudanças.
Com o número 124 na mente, procurei na internet mas não o encontrei. O que será lá agora? Talvez uma pensão, quem sabe? Ou um escritório de advogados, um cabeleireiro, como no 104 (Bar 104), um restaurante do 13 ao 15  (Mascote da Atalaia), no 160 (Bar Janela), no 57 outro restaurante (Papa Açorda) e uma pensão no 150. A relação é longa...
Na próxima vez que for a Lisboa passarei por lá e fotografarei o tal 124 da Rua da Atalaya. Ali, no primeiro andar, era uma acolhedora casa de prostituição com um apreciável número de meninas. Muitas vezes ali lancei âncora para me abrigar do frio e, finalmente, concretizar a minha primeira vez. Outras tantas vezes fui convidado a sair porque a minha timidez não atava e nem desatava e ali era uma casa de negócios. Muitas outras casas do gènero por lá havia, em quase todas as ruas do Bairro. Mas aquela sempre foi especial para mim.
Mantenho até hoje comigo uma daquelas agendas de bolso onde escrevia uma espécie de mini diário. Lá anotava tudo o que eu considerava um acontecimento importante. E o acontecimento desta história está lá...
Com alguns amigos de Évora, estava acampado na Península de Troia em Setúbal. Naquela tarde resolvi dar um pulo a Lisboa e fui directamente ao 124 com 50 escudos, além do dinheiro das passagens. Sentei-me, como habitualmente, naquele banco corrido de madeira e, a certo momento, fiz sinal para uma das profissionais disponíveis, esta aparentando ter, pelo menos, mais 30 anos que eu... 
Era muito grande a ansiedade, algo que sempre acontece na primeira vez de cada um. A coisa foi tipo galo --- vapt e vupt. Naturalmente que eu queria bis, mas para bisar seria pagamento dobrado. E eu estava têso em todos os sentidos...
     

sexta-feira, fevereiro 05, 2016

Arte Rupestre

Timor-Leste tem mais de 30 grutas e abrigos com arte rupestre

Timor-Leste tem mais de 30 grutas e abrigos com arte rupestre


Timor-Leste tem mais de 30 grutas e abrigos com arte rupestre que ainda hoje são sagrados para as comunidades e utilizados para tomar decisões importantes para o futuro, disse o arqueólogo português Nuno Vasco Oliveira.

"Na zona de Los Palos, Tutuala, há mais de 30 grutas e abrigos com milhares de imagens pintadas nas paredes das rochas e dos abrigos que, para além da importância científica de ajudarem a perceber a relação das pessoas que chegaram a Timor e as pessoas que chegaram a outros locais aqui à volta, são também importantes para as comunidades que ainda hoje gerem esses sítios e os utilizam", afirmou Nuno Vasco Oliveira.

Segundo o também assessor da Direção Geral de Arte e Cultura timorense e cientista convidado da Universidade da Austrália, onde tirou o doutoramento, os primeiros sítios de arte rupestre foram documentados por António de Almeida e Ruy Cinatti nos anos de 1960.

António de Almeida era médico e fez vários estudos de investigação colonial em antropologia em Timor-Leste à semelhança do poeta, agrónomo e antropólogo Ruy Cinatti.

"A maior parte desses sítios continuam a ser sagrados e nesses locais continuam a ser tomadas decisões importantes para a vida futura das comunidades", afirmou.

Muitas dessas grutas, explicou Nuno Vasco Oliveira, foram utilizadas durante o período da resistência à ocupação indonésia e recuperaram uma "dimensão de sagrado, de sacralidade e de importância para as comunidades, porque nelas estiveram abrigados guerrilheiros com um papel fundamental na criação do que é hoje o país".

"Muitas delas têm ocupação pré-histórica antiga: 20 mil anos, 30 mil anos, 40 mil anos de ocupação", disse, salientando que são sítios significativos em Timor-Leste.

Para preservar aqueles sítios, as autoridades timorenses têm trabalhado com as comunidades no sentido de valorizar ainda mais a importâncias que já lhes dão.

"No fundo o que nós pretendemos fazer é trabalhar com elas para, valorizando e reconhecendo esse valor que elas lhes dão, acrescentar valor dando-lhes um enquadramento mais científico e fazendo com que as comunidades percebam que para além daquele valor há outro valores que ajudam a contar a história de porquê que eles estão ali, de quem eles são, qual a sua relação com comunidades vizinhas", disse.

Candidatar a arte rupestre de Timor-Leste a património mundial da UNESCO (Fundo da ONU para a Educação, Ciência e Cultura) é uma possibilidade, mas segundo o arqueólogo, ainda há um grande trabalho pela frente.
Artigo publicado no SAPO Timor-Leste no dia 11 de Fevereiro de 2014

Trópico...

Simplesmente algo fora de série

Publicado por Paulo Santos Vaz Santos em Domingo, 2 de agosto de 2015