Algo
que sempre me atraíu foi o jogo; o chamado jogo de azar. Porque não jogo de sorte,
ou simplesmente “jogo”?...
Como
o jogo é proibido no Brasil (liberado em todo o Mundo), um absurdo num país que insiste em aumentar ou
criar novos impostos para atenuar os efeitos da crise, inevitavelmente frequento
alguns dos milhares de salões clandestinos. Não vou lá para ganhar ou perder, pois
sou consciente que só ganha o “banqueiro”, mas para passar o tempo e me
divertir. Sempre tem algumas pessoas interessantes e se come e bebe
gratuitamente, pois o pagamento já está incluso no dinheiro que lá deixamos...
Há
uma semana a esta parte, enquanto a minha atenção se fixava na tela do caça
níqueis perante as mirabolantes composições numéricas, fui surpreendido com a
aparição de uma nova funcionária. Uma figura estonteante! A minha atenção
desviou-se só para ela, que certamente notou essa minha postura, pois esboçou
um sorriso que mexeu com todo o meu sistema nervoso central. Além de uma
manifestação de simpatia para comigo, foi, também, um tipo de “sossega leão”...
Mas
não tinha como evitar e, sempre que havia oportunidade, o meu olhar se fixava
nela. Uma, outra e outras vezes. Havia ali uma reação química entre os seus
elementos e os meus. Criou-se, como popularmente se costuma chamar, uma química entre nós. O seu rosto é de
uma beleza extrema e todo o seu corpo harmonioso com a delineação perfeita da
bunda, do quadril, das coxas.
Mais
duas outras vezes visitei o local e, naturalmente, começámos a estar mais
próximos, se bem que as únicas palavras que lhe dirigi foi a indagação do seu
nome, o pedido de recarga da máquina ou o do recebimento de créditos.
Apesar
de tanta formosura e gostosura, jamais passou pela minha cabeça chavecá-la com uma proposta indecente.
Norteava-me, sim, a dúvida sobre o porquê dela trabalhar numa casa daquelas e
não como atriz ou modelo!?...
Ontem
voltei ao casino clandestino e, logo que cheguei, sentei-me na única máquina
livre. Bebi algumas cervejas e jantei. Uma hora depois, mais ou menos, entrou
ao serviço a Ariana. Sim, este é o nome dela e, quando eu soube disso até me lembrei
da Merkel e do Wolfgang
Schäuble...
Parei de jogar e, durante alguns minutos,
fixei-me na Ariana. Eureka! Descobri a razão de tanta atracção. Estava ali, sem
tirar ou pôr qualquer detalhe, a sósia perfeita da Belarmina. As linhas
pronunciadas do rosto cândido e alvo numa expressão só dela; o cabelo liso e
macio a cair-lhe sobre os ombros; o corpo que já defini e a postura.
Principalmente o olhar fulminante...
E, afinal, quem é Belarmina!? --- perguntais vós,
certamente.
Belarmina foi a minha verdadeira primeira
namorada. Morava nas Galinheiras, um anexo da Ameixoeira, bairro de Lisboa onde
se situava o famoso Forte. Ali eu estive destacado até ser mobilizado para
cumprir comissão em Timor. Ali, num dia em que estava de Sargento da Guarda, à
Porta de Armas, eu e Belarmina trocámos os primeiros olhares e palavras. Ali
nasceu um grande e inesquecível amor de perdição. Realmente inesquecível!...