Para a História: o registo do historiador Jonathan Llewellyn sobre a Guerra do Ultramar, 1961/74:
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«OS PORTUGUESES DEVEM «ORGULHAR-SE DO QUE CONSEGUIRAM.»
«Espero que perdoem a um estrangeiro intrometer-se neste assunto, mas é preciso
que alguém diga certas verdades.
A insurgência nos territórios ultramarinos portugueses não tinha nada a ver com
movimentos nacionalistas. Primeiro, porque não havia (como ainda não há) uma
nação angolana, uma nação moçambicana ou uma nação guineense, mas sim
diversos povos dentro do mesmo território. E depois, porque os movimentos de
guerrilha foram criados e financiados por outros países.
ANGOLA – A UPA, e depois a FNLA, de Holden Roberto foram criadas pelos
americanos e financiadas (directamente) pela bem conhecida Fundação Ford e
(indirectamente) pela CIA.
O MPLA era um movimento de inspiração soviética, sem implantação tribal, e
financiado pela URSS. Agostinho Neto, que começou a ser trabalhado pelos ame-
ricanos. só depois se virando para a URSS, tinha tais problemas de alcoolismo que
já não era de confiança e acabou por morrer num pós-operatório. Foi substituído
pelo José Eduardo dos Santos, treinado, financiado e educado pelos soviéticos.
A UNITA começou por ser financiada pela China, mas, como estava mais interessa-
da em lutar contra o MPLA e a FNLA, acabou por ser tolerada e financiada pela
África do Sul. Jonas Savimbi era um pragmático que chegou até a um acordo com
os portugueses.
MOÇAMBIQUE - A Frelimo foi criada por conta da CIA. O controleiro do Eduardo
Mondlane era a própria mulher, Janet, uma americana branca que casou com ele
por determinação superior. Mondlane foi assassinado por não dar garantias de fiabi-
lidade e substituído pelo Samora Machel, que concordou em seguir uma linha ma-
rxista semelhante à da vizinha Tanzânia. Quando Portugal abandonou Moçambique,
a Frelimo estava em ta estado que só conseguiu aguentar-se com conselheiros do
bloco de leste e tropas tanzanianas.
GUINÉ – O PAIGC formou-se à volta do Amílcar Cabral, um engenheiro agrónomo
vagamente comunista que teve logo o apoio do bloco soviético. Era um movimento
tão artificial que dependia de quadros maioritariamente cabo-verdianos para se agu-
entar (e em Cabo Verde não houve guerrilha). Expandiu-se sobretudo devido ao
apoio
da vizinha Guiné-Konakry e do seu ditador Sékou Touré, cujo sonho era eventual
men-
te absorver a Guiné portuguesa.
Em resumo, territórios portugueses foram atacados por forças de guerrilha treinadas,
financiadas e armadas por países estrangeiros. Segundo o Direito Internacional,
Portugal estava a conduzir uma guerra legítima. E ter combatido em três frentes si
mul-
tâneas durante 13 anos, estando próximo da vitória em Angola e Moçambique e com
a situação controlada na Guiné, é um feito que, militarmente falando, é único na Histó-
ria contemporânea.
Então porque é que os portugueses parecem ter vergonha de se orgulharem do que
conseguiram?»
Publicado a 01 de Junho 2013 por Jonathan Llewellyn
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Partilhado de Eduardo Amarante, de um post de 2018. | O título é meu.
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