sexta-feira, julho 23, 2010

Filhos da Puta

Muitas vezes quando inicío uma crónica já tenho um título para a mesma, pois nasce naturalmente. Outras vezes, como é o caso desta, fico na dúvida e, assim, vou escrevendo e aguardar até ao final por uma luz que dissipe essa escuridão. Tudo isto porque o assunto é escabroso e me deixa revoltado, o que origina uma lista de títulos raivosos…
Cada um sabe onde lhe doi e tem que dançar conforme a música. Juntei duas metáforas com o mesmo sentido na mesma frase para explicar que durante muitos anos, mais de 15, paguei um Plano Privado de Saúde e jamais usufruí do mesmo. Felizmente que assim foi, pois significou isso que nunca fiquei doente (?). Desisti desse Plano por achar que estava muito caro e pelo resultado de uma matemática que coloquei no bico do lápis.
Além dos 15 anos referidos, fiquei mais 5 sem qualquer tipo de Plano e sem ter tido necessidade de ir ao médico. Porém, a idade descobre coisas que até então estavam cobertas e, devido a alguns sintomas estranhos, procurei inscrever-me no Sistema de Saúde Pública. Foi difícil e, confesso, tive que “meter uma cunha” através de uma enfermeira que eu conhecia só de vê-la passar e que soube trabalhar no Sistema…
Por uma série de factores, descuidos e burrices, virei obeso e, consequentemente, hipertenso. E, se não me tocasse a tempo, talvez não estivesse aqui escrevendo hoje.
Mas  a saúde pública é uma merda, aquém e além mar… As consultas não são marcadas consoante as nossas necessidades e tem-se que deitar mão das emergências, verídicas ou fantasiadas.
Além da complicação de um médico receitar determinado medicamento nas emergências, vem o outro que cuida de mim periòdicamente e manda suspender aquele e me receita outro. E nunca qualquer um deles me encaminhou para um especialista.
Pensando ter a pressão sob controle porque as medições o demonstravam, jamais imaginei ter outros problemas correlatos. Mas o corpo avisou-me que sim, que havia outros problemas. Fui nas emergências do hospital público, fiquei lá o dia inteiro e fiz uma bateria de exames. O médico avaliou-os todos e eu estava perfeito. Olhou para as duas radiografias (torax e coração) e disse que estava tudo como novo. Mas que seria bom procurar um cardiologista. Como o meu médico já anteriormente tinha analisado uma outra radiografia (não decorrera muito tempo), dizendo que o coração e o pulmão estavam perfeitos, comecei a ficar preocupado…
Pensei: “faz um sacrifício e procura um médico particular!” E foi o que fiz hoje. Levei aquela última radiografia e quando ele a examinou logo exclamou: “O seu coração está muito mal! Está muito inchado. Por aquilo que me descreveu como sintomas, sei perfeitamente o que o senhor tem” --- Retruquei se deveria ter procurado um cardiologista há mais tempo e a resposta foi positiva e enfática.
Não poderei fazer muito esforço. Tenho que rever o meu trabalho diário e abster-me de levantar aqueles grandes pesos; nem o cachorro devo levar a passear por causa da minha resistência à sua força brutal. Toda a medicação anterior foi suspensa e uma nova (caríssima) passou a vigorar hoje mesmo.
Cheguei no final e lá colocarei o título que não gostaria, mas que se encaixa perfeitamente.

2 comentários:

dor@ disse...

Que m...., hein?
Mas eu já sabia que a saude deste pais é só para quem TEM saude.
Quem está doente tá ferrado.
Lembra do CPMF que pagavamos pra saude? Poisentaum...cadê,ele???
O gato comeu...os "gatunos" comeram...miau...
E o povo fica assim, ao "deus dará"...morrendo nas filas dos SUS da vida...Revoltante!

Veja agora o que tem que fazer, só não pode é descuidar.
Te cuida, amigo.
E falar uns palavrões pode não resolver, mas pelo menos desabafa.
Tá liberado.

Claudio Trindade disse...

já que nunca ouviste os conselhos do teu filhote.. agora não deixes de ouvir o teu corpo. Ainda te queremos por cá muitos anos!