Com toda a certeza que quem abriu
a minha página veio em atenção ao título da matéria e se surpreenderá ao notar
que, em vez da tradicional açorda à alentejana, eu disserto sobre a figueira e
os figos... Na verdade tudo está interligado.
A figueira é primeira planta
descrita na Bíblia - Adão vestiu suas folhas e não parras ao descobrir que
estava nu. Na antiguidade a consideravam sagrada. A sua origem é entre o sul da
península arábica. Há mais de mil espécies de figueiras, planta do gênero
Ficus, da família Moraceae, e nem todas produzem frutos comestíveis. A maior
parte da produção brasileira concentra-se na região de Valinhos, aqui bem
pertinho de Campinas, com enorme prevalência para a variedade roxo-de-valinhos.
As espécies de figueira variam no
tamanho e na forma. Algumas delas podem chegar a 10 metros de altura.As do tipo
comercial, como a Ficus carica, raramente ultrapassam três metros de altura,
devido à aplicação de podas drásticas, necessárias para facilitar o manejo. Uma
curiosidade: com cinco a oito centímetros e cor esverdeada ou violácea, o figo
é, na verdade, uma inflorescência, uma flor que não desabrochou.
São frutas altamente energéticas,
ricas em açúcar, fibra, ácidos orgânicos e sais minerais
como o potássio, o cálcio e o fósforo, que contribuem para a formação de ossos
e dentes, evitam a fadiga mental e contribuem para a transmissão normal dos
impulsos nervosos. O efeito diurético deve-se ao elevado teor em
potássio do figo, que torna-o num alimento alcalinizante. Os figos apresentam o
valor de pH mais básico (alcalino) de todos os alimentos. Por isso, são muito
adequados para neutralizar alimentos ácidos, como a carne, os produtos de
charcutaria, a massa elaborada com farinhas refinadas e os doces. É recomendado
em caso de astenia física por causa do seu teor em açúcares, estimulando além
disso a capacidade de concentração. Quanto ao seu uso externo, é recomendado
utilizar o leite dos figos verdes para eliminar as verrugas, e a dor de dentes
desaparece assim que se aplica a polpa prensada de figo sobre a gengiva. A
infusão de 25 a 30 gramas de folhas de figueira, por litro de água, reduz a
tosse, melhora a circulação e ajuda as menstruações difíceis, se tomada uns
dias antes.
Podem ser consumidos de várias
formas, frescos ou secos. Os figos frescos são bastante utilizados na doçaria portuguesa,
como o figo cheio, o queijo de figo ou o morgado de figo, e em compotas. Aqui
no Brasil também se faz quase de tudo isso. São também um bom complemento,
quando se adicionam aos acompanhamentos de pratos de aves ou caça. É aqui que
entra a minha açorda à alentejana...
A quem não conhece,
explico como faço a minha açorda. Piso num almofariz, meio mólho de poejos com
meio mólho de coentros (gosto de usar estes dois temperos juntos), sal grosso,
três dentes de alho e azeite de oliveira. Obtenho, assim, uma massa homogenia. Coloco
esta massa numa terrina e rego-a com um pouco mais de azeite. Escaldo a mistura
com a água a ferver, onde previamente cozinhei uma posta de bacalhau ou pescada
e onde também escalfei dois ovos. Vou mexendo muito bem e, ao mesmo tempo, vou
juntando pedacinhos de pão caseiro e duro.
Coloco a açorda no prato e sobre esta os ovos e o peixe.
O acompanhamento vai muito da preferência de
cada um. Eu, porém, acompanho com tiras de pimentão verde crú, azeitonas e os
figos, fruta que abordei como começo desta minha crônica de hoje.
Coloco a açorda no prato e sobre esta os ovos e o peixe.
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