segunda-feira, abril 30, 2012

A namoradinha

Um destes dias visualizei uma foto no Facebook com a legenda "Parque da Ponte -- Braga". E como nós nos lembramos com mais facilidade de detalhes de há 50 anos atrás do que outros de ontem, logo achei que aquele lugar me era muito familiar. E nem foi necessário pensar muito a respeito, pois logo me lembrei  que ali estivera com uma "namoradinha" lá no começo dos anos 60. Ali mesmo numa daquelas pontes.
Tratei imediatamente de procurar nos meus arquivos por uma outra foto que com ela ali tirara. Estava gravada na minha mente aquela guarda da ponte, em cimento, imitando troncos de árvores. E achei!
Naquele dia eu fui numa excursão que saíu da cidade de Évora com destino a Braga, pois teria lá o jogo entre o Lusitano e o Braga. Naqueles anos o Lusitano de Évora era um time forte e encontrava-se na 1ª divisão.
Apesar de eu gostar de futebol, a finalidade dessa minha participação na excursão era a de me encontrar com aquela rapariguinha que morava e estudava em Braga e com a qual eu me correspondia. Iriamos conhecermo-nos pessoalmente e, a partir daí, talvez as coisas ficassem mais sérias...
O seu nome era Maria de Lurdes Pinto e estava hospedada numa casa de freiras na Rua do Carvalhal. Isto eu tirei agora da memória que é muito boa para esta coisa de nomes...
Eu era tímido a dar com um pau e ainda hoje eu não sei onde consegui arrumar coragem para enfrentar a situação. Mas lá fui...
Como andámos muito pela cidade e principalmente pelo Sameiro, Bom Jesus do Monte, o papo parece ter-se resumido a temas culturais. A colega dela que nos acompanhou sempre, inibia-nos na tentativa de algo mais ousado e eu, sinceramente a tal não me propunha; seria uma grande empreitada... Eu próprio, olhando agora para a minha expressão de antanho, naquela foto, concordei que devia estar muito "pra lá de Bagdad"...
Já depois de ter regressado a Évora, escrevi-lhe uma carta em resposta a outra que recebera. Sei que um dos assuntos abordados era religião e confessei-lhe que a tal era avesso e, ainda por cima, com a veia pulsando a rebeldia da década. Nunca mais dela obtive notícias!
Depois de tudo isto já estive em Braga algumas vezes e a última foi no passado Novembro. O clima continúa o mesmo: muito padre, muita freira. Mas a cidade é bonita.

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