quinta-feira, junho 28, 2012

Encontros

Na sua visita de ontem a Belfast, a Rainha Elizabeth encontrou-se com o ex-chefe do IRA; estendeu-lhe a mão, pois que pelo protocolo e pelas regras de etiqueta, esse gesto tem que partir da autoridade e da mulher, respectivamente.
E falando em aperto de mão, a visita foi fundamental para que o Sinn Fein, partido político de Mc Guinness e ligado ao IRA, aceitasse o gesto. Aqui o "aceitasse" confirma o que eu escrevi atrás e referente ao protocolo e regras de etiqueta. São as jamais extintas cicatrizes das feridas profundas e dos idealismos eternos.
Noutras imagens que tive oportunidade de ver na Imprensa, há uma em que Sua Alteza mostra um olhar de desconfiança e apreensão, ou talvez curiosidade, quiçá contrariada, antes de dobrar a "esquina" formada pela parede mostrada neste foto da minha postagem. Naturalmente que a Rainha já foi bem orientada por alguns dos seus súbditos da corte no sentido de segurar essa barra pesada sem constrangimento aparente. É aquela velha ladainha que diz "devemos perdoar a quem nos ofender", mas isso para certas pessoas ou mesmo Instituições, jamais será aceite. Neste caso foi...
Dando umas braçadas no estilo crawl, na grande poça d'água que separa a Europa da América do Sul, chegamos ao Brasil onde também acabamos de observar um caso semelhante --- o encontro amistoso de Lula com Maluf pedindo apoio para o candidato à Prefeitura de São Paulo.
Os dois casos são interessantes pelo insólito, mas no Brasil não foi o aperto de mão a exigência de uma das partes, mas sim Maluf ter exigido que o encontro fosse na sua mansão e com foto oficial...
Numa análise própria dos dois casos, eles tiveram uma certa finalidade política. Porém, descartarei alongamentos no que se refere ao encontro Lula - Maluf por encarar isso como mais uma senvergonhice da desacreditada classe política brasileira.
No que diz respeito ao Reino Unido e Irlanda do Norte, a Rainha usou a cor verde nos trages e chapéu, nesta visita. Cor símbolo da República Irlandesa que é um país independente. No passado ano procedeu do mesmo modo quando da visita a este. Isto envia uma especial mensagem aos mais incrédulos sobre que algo acontecerá mais tarde ou mais cedo no agrupamento de uma Irlanda só.
Foi visível que nada de espalhafatoso aconteceu e cada uma das partes actuou pela cartilha oficial, cordial e solenemente. Só o Príncipe Consorte parece ter pisado na bola...
Mc Guinness não curvou a cabeça (como seria da praxe por parte de não chefes de Estado) e despediu-se da Rainha, usando o idioma irlandês, com a frase "boa sorte e que Deus a abençôe".
Os sacrifícios dos muitos que lutaram nesta guerra sangrenta de tantos anos não fôram em vão. Eles tinham um ideal.
Respeitemos, também, os que da outra parte lutaram, pois fôram obrigados a tanto, como acontece na maioria das guerras injustas e estúpidas com que nada se tem a ver.
A religião, com todas as suas provocações e fanatismos ignora o caminho do diálogo que quase sempre acaba por se concretizar.

Sem comentários: