Vocês,
leitores das minhas crônicas e de outras postagens de cariz diverso, certamente
não sabem, mas eu tenho um relacionamento muito estreito com Cuba. Até o
simples gesto de apontar ou comentar sobre a Ilha já me envolve de uma maneira
muito especial. Não diria agradabilíssima, mas mais para o lado do romantismo,
pois neste aspecto se encaixam até as agruras.
Não
conheço Cuba, mas nutro ganas intensas de conhecer o que presumo ser uma
maravilhosa e encantadora ilha do Caribe. Todavia, sabedor que sou da eterna
situação complicada, o que me leva a nutrir esse interesse?
Tenho
uma amiga em Havana desde o início da década de 60. Por motivos óbvios, não citarei nomes nem situações que possam levar
até ela. Infelizmente a situação é essa. Muita coisa eu gostaria de
comentar com a minha amiga nas centenas de cartas que lhe enviei ou, mais
recentemente, nos e-mails. Mas não! Existe uma linha do bom senso que me
impede de abordar alguns assuntos que fariam parte do trivial em qualquer
contacto abrigado na liberdade de expressão. Isso para não a prejudicar.
Sigo
há muito tempo tudo o que Yoani Sánchez escreve no Twitter e no blog. Assim,
tenho conhecimento de muita coisa que se passa na Ilha de Fidel, principalmente
aquelas que oficialmente jamais seriam dadas a conhecer ao mundo.
Pela
minha idade avançada e pelo longo e árduo caminho palmilhado, tenho
a vivência suficiente para discernir o que é bom e o que é mau, o certo e o
errado, o falso e o verdadeiro, etc., etc..
Vivi
45 anos sob o tacão de duas ditaduras. Essas agremiações partidárias ou
governamentais de jovens, como Juventude Socialista e outras de nomes parecidos
não possuem mais que partículas desse conhecimento adquirido. Não poderiam vir
para as ruas exocrinar a paciência de quem quer que seja, principalmente em
manifestações violentas como estas a que se propuseram em relação à visitante
cubana. É lógico que tudo isso é orquestrado pela batuta de entidades
governamentais e até diplomáticas (!), infelizmente.
Esse
ódio para com Yoani é algo artificial; é coisa que eles não saberiam explicar
se sobre tal inquiridos. Alguns nunca ouviram falar de Yoani, pelo que vi em algumas imagens na tv...
No Twitter, por exemplo,
actores como José de Abreu (petista de carteirinha) baba a sua raiva
como um cachorro raivoso em relação à blogueira cubana. Um dia estará na merda
lá no asilo dos artistas e nem mesmo os seus amigos viadinhos lhe ligarão
alguma. Outra que também não sabe o que diz é a senadora Vanessa
Grazziotin.
Nasceu em Videira SC e
casou com um ex deputado do Amazonas que agora ocupa pasta na Secretaria de
Estado da Produção Rural. Este encontra-se sob investigação em inquérito
instaurado pela P.R. do Distrito Federal por emprego de funcionários fantasmas
enquanto deputado federal. Tudo muito boa gente…
Ela apoiou a Juventude
Socialista nos protestos e diz em relação à vinda de Yoani: “Quem critica as
manifestações não conhece o que era Cuba antes e o que é agora”. E será que ela
conheceu Cuba antes?... Claro que não, pois nem nascida era.
E actualmente, se conheceu,
foi em visita de medico --- muito rápida. E mais adiante ela continua: “Cuba
não é mais o quintal dos ianques que usavam o país para se diverter”. Isso, na
realidade, é o que sempre se diz, entre outras coisas, para justificar a
Revolução Cubana.
Imagino
esse tipo de pessoas visitando Cuba. Claro que não vão lá como simples e
anônimos turistas; normalmente vão credenciados e, por isso, devem ter uma
recepção e acompanhamento especial. Mesmo assim, ficam enjoados muito
ràpidamente e sentem na pele a falta de bens básicos ou até mesmo de pequenos
bens de luxo a que estão habituados no dia a dia. Voltam rapidinho, mas não têm a
coragem de denunciar os podres...
Transcrevo
aqui artigo do jornalista Nelson Motta para o jornal “O Estado de S. Paulo”:
Se os
eficientíssimos serviços de repressão cubanos, que há anos espionam Yoani
Sanchez dia e noite, tivessem descoberto a menor prova de suborno, a
"agente milionária da CIA" já estaria presa. É sintomático que, para
eles, alguém só discorde do governo se levar dinheiro. Freud diria que estão
falando deles mesmos.
Antigamente eles queriam ser mais realistas que o rei, hoje tentam ser mais tirânicos que os tiranos, como mostraram os protestos contra Yoani em Recife, Salvador e Feira de Santana, não só com gritos e faixas, mas esfregando dólares falsos no seu rosto e puxando os seus cabelos.
Admitamos que existem
verdades nas várias correntes, da esquerda e da direita, do mesmo modo que
haverá mentiras dos dois lados, é interessante que se exponham para que a Sociedade
possa analisar e formar a sua própria opinião. Tem que haver liberdade de
expressão e de movimentação. É isso que eu defendo quando me coloco ao lado de
Yoani. Não tenho procuração para a defender e não ganho dinheiro com isso. Já
senti na pele o beliscão de ditaduras terríveis, por muitos anos, e isso
me aviva o quanto é maravilhoso o sentimento de Liberdade.Antigamente eles queriam ser mais realistas que o rei, hoje tentam ser mais tirânicos que os tiranos, como mostraram os protestos contra Yoani em Recife, Salvador e Feira de Santana, não só com gritos e faixas, mas esfregando dólares falsos no seu rosto e puxando os seus cabelos.
1 comentário:
Já visitei Cuba - ilha de muitas belezas, povo humilde pelas necessidades que têm e hospitaleiro quando vêm a possibilidade de conseguir alguns dólares.
Gostava de repetir a visita e verificar se já existe alguma liberdade naquele povo.
5 estrelas para este seu artigo e quem está contra Yoani que vá a Cuba e "olhe" para o "viver" do cubano normal.
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