sábado, fevereiro 23, 2013

Salvé Yoani!



Vocês, leitores das minhas crônicas e de outras postagens de cariz diverso, certamente não sabem, mas eu tenho um relacionamento muito estreito com Cuba. Até o simples gesto de apontar ou comentar sobre a Ilha já me envolve de uma maneira muito especial. Não diria agradabilíssima, mas mais para o lado do romantismo, pois neste aspecto se encaixam até as agruras.

Não conheço Cuba, mas nutro  ganas intensas de conhecer o que presumo ser uma maravilhosa e encantadora ilha do Caribe. Todavia, sabedor que sou da eterna situação complicada, o que me leva a nutrir esse interesse?

Tenho uma amiga em Havana desde o início da década de 60. Por motivos óbvios, não citarei nomes nem situações que possam levar até ela. Infelizmente a situação é essa. Muita coisa eu  gostaria de comentar com a minha amiga nas centenas de cartas que lhe enviei ou, mais recentemente, nos  e-mails. Mas não! Existe uma linha do bom senso que me impede de abordar alguns assuntos que fariam parte do trivial em qualquer contacto abrigado na liberdade de expressão. Isso para não a prejudicar.

Sigo há muito tempo tudo o que Yoani Sánchez escreve no Twitter e no blog. Assim, tenho conhecimento de muita coisa que se passa na Ilha de Fidel, principalmente aquelas que oficialmente jamais seriam dadas a conhecer ao mundo.

Pela minha idade avançada e pelo longo e árduo caminho palmilhado, tenho a vivência suficiente para discernir o que é bom e o que é mau, o certo e o errado, o falso e o verdadeiro, etc., etc..

Vivi 45 anos sob o tacão de duas ditaduras. Essas agremiações partidárias ou governamentais de jovens, como Juventude Socialista e outras de nomes parecidos não possuem mais que partículas desse conhecimento adquirido. Não poderiam vir para as ruas exocrinar a paciência de quem quer que seja, principalmente em manifestações violentas como estas a que se propuseram em relação à visitante cubana. É lógico que tudo isso é orquestrado pela batuta de entidades governamentais e até diplomáticas (!), infelizmente.

Esse ódio para com Yoani é algo artificial; é coisa que eles não saberiam explicar se sobre tal inquiridos. Alguns nunca ouviram falar de Yoani, pelo que vi em algumas imagens na tv...

No Twitter, por exemplo, actores como  José de Abreu (petista de carteirinha) baba a sua raiva como um cachorro raivoso em relação à blogueira cubana. Um dia estará na merda lá no asilo dos artistas e nem mesmo os seus amigos viadinhos lhe ligarão alguma. Outra que também não sabe o que diz é a senadora Vanessa Grazziotin.   


Nasceu em Videira SC e casou com um ex deputado do Amazonas que agora ocupa pasta na Secretaria de Estado da Produção Rural. Este encontra-se sob investigação em inquérito instaurado pela P.R. do Distrito Federal por emprego de funcionários fantasmas enquanto deputado federal. Tudo muito boa gente…
Ela apoiou a Juventude Socialista nos protestos e diz em relação à vinda de Yoani: “Quem critica as manifestações não conhece o que era Cuba antes e o que é agora”. E será que ela conheceu Cuba antes?... Claro que não, pois nem nascida era. 

E actualmente, se conheceu, foi em visita de medico --- muito rápida. E mais adiante ela continua: “Cuba não é mais o quintal dos ianques que usavam o país para se diverter”. Isso, na realidade, é o que sempre se diz, entre outras coisas,  para justificar a Revolução Cubana.

Imagino esse tipo de pessoas visitando Cuba. Claro que não vão lá como simples e anônimos turistas; normalmente vão credenciados e, por isso, devem ter uma recepção e acompanhamento especial. Mesmo assim, ficam enjoados muito ràpidamente e sentem na pele a falta de bens básicos ou até mesmo de pequenos bens de luxo a que estão habituados no dia a dia. Voltam rapidinho, mas não têm a coragem de denunciar os podres...

Transcrevo aqui artigo do jornalista Nelson Motta para o jornal “O Estado de S. Paulo”:

Se os eficientíssimos serviços de repressão cubanos, que há anos espionam Yoani Sanchez dia e noite, tivessem descoberto a menor prova de suborno, a "agente milionária da CIA" já estaria presa. É sintomático que, para eles, alguém só discorde do governo se levar dinheiro. Freud diria que estão falando deles mesmos.
Antigamente eles queriam ser mais realistas que o rei, hoje tentam ser mais tirânicos que os tiranos, como mostraram os protestos contra Yoani em Recife, Salvador e Feira de Santana, não só com gritos e faixas, mas esfregando dólares falsos no seu rosto e puxando os seus cabelos.
Admitamos que existem verdades nas várias correntes, da esquerda e da direita, do mesmo modo que haverá mentiras dos dois lados, é interessante que se exponham para que a Sociedade possa analisar e formar a sua própria opinião. Tem que haver liberdade de expressão e de movimentação. É isso que eu defendo quando me coloco ao lado de Yoani. Não tenho procuração para a defender e não ganho dinheiro com isso. Já senti na pele o beliscão de ditaduras terríveis,  por muitos anos, e isso me aviva o quanto é maravilhoso o sentimento de Liberdade.
 




1 comentário:

António Rosa-RECORDAÇÕES disse...

Já visitei Cuba - ilha de muitas belezas, povo humilde pelas necessidades que têm e hospitaleiro quando vêm a possibilidade de conseguir alguns dólares.
Gostava de repetir a visita e verificar se já existe alguma liberdade naquele povo.
5 estrelas para este seu artigo e quem está contra Yoani que vá a Cuba e "olhe" para o "viver" do cubano normal.