Doze deputados assinaram a folha de presenças na Assembleia da República na passada sexta-feira e abandonaram a reunião plenária antes da votação, que decorreu às 12h00.
Esta era uma informação da imprensa portuguesa no pretérito dia 10. Certamente muitas outras vezes já existiu o mesmo comportamento por parte dos nossos nobres deputados e, com toda a certeza, a coisa se repetirá. Está no sangue deles, no seu DNA. E aqui no Brasil, fazendo jus ao ditado "filho de peixe...", as coisas não são diferentes.
Frequentemente escrevo aqui algumas crónicas com temas originados em passagens antigas. Não é caso para dizerem que quem vive do passado é museu... Antes, são exemplos ajustados aos dias de hoje. Assim, mais uma vez resolvi meter a mão no fundo do baú.
Em meados da década de 70 fui trabalhar na área de administração de materiais numa grande empresa do Estado de São Paulo --- Cobrasma. Era uma fábrica de vagões, carros de passageiros para o Metro e demais material ferroviário. Admitiram-me para um cargo de chefia ao qual deram o nome esquisito de Técnico de Aprovisionamento.
A nova fábrica estava sendo construída em Hortolândia, a 20 km de Campinas. Quando assumi o cargo, pouco mais existia além de barro, muito barro e um vaivém de grandes máquinas de terraplanagem. Um barracão de madeira era a administração e ali todos picavam o seu cartão de ponto, antes de se dirigirem aos seus postos. Daqui até ao meu local de trabalho era quase um kilómetro.
O ônibus deixava-nos na portaria e esta bem mas perto da minha área, em relação à administração. Algum tempo passado, todas as manhãs me defrontava com uma fila enorme de carretas e caminhões aguardando a ordem de entrada para descarga e isso dependia de mim. Então, para racionalização do trabalho e evitar os constantes confrontos com motoristas estressados e agressivos, mandei que um dos meus subordinados picasse o meu cartão junto com o dele, enquanto eu me dirigia para a minha área e de imediato niciar as operações.
Esse comportamento durou mais ou menos um mês, com óptimos resultados, até que um puxa-saco qualquer (existem em todos os lugares do planeta...) nos denunciou ao departamento de relações humanas. Eu e o meu subordinado fômos punidos com uma advertência escrita a qual mais tarde, se bem que 4 anos depois, viria a pesar na decisão da minha demissão.
O meu caso e os deputados é uma simples comparação. E ambos os casos há falta de ética mas, como diria o filósofo, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa... Há grandes diferenças. E, falando de diferenças, lembro-me e entendo agora porque os gregos tanto se opuseram à entrada dos portugueses na União Europeia há anos atrás... E lembro-me, também, da música do Chico em que a letra dizia: "mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas"...
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