Dois meses e uma semana passados em Portugal. Eram para ser sómente dois meses, não fôra aquela ameaça de greve dos pilotos da TAP que me obrigou a ficar mais um tempo. Por sorte que o dinheiro chegou. E se não chegasse, eles também não me indemnizaríam certamente, pois há que atender as directrizes da troika, do FMI, enfim. É sempre pau no cú do pobre, como sempre foi e sempre será.
Foram dias maravilhosos que por lá passei e isso em todos os imaginários aspectos. Encontrei e convivi com muitos dos meus velhos amigos, conheci outros, reafirmei amizade com algns internautas. Lamentei muito não ter podido conhecer mais, mas fica para a próxima oportunidade.
O mais importante, porém, foi o convívio com a família. Afinal, lá na terrinha eu também tenho família...
Todos os dias que estive em Évora passava algumas horas ao lado de minha mãe. Convivi muito com os meus 3 filhos e com os meus 4 netos. E, muito importante para assinalar, retomei uma amizade muito especial com a minha ex mulher, pois concluímos não ser interessante alimentar velhas richas, mal entendidos e teimosias. Ela era o fulcro de toda essa convivência familiar, não só porque está em contacto permanente com os nossos filhos, mas porque também cuida da minha velhota.
Inesquecíveis serão sempre os momentos gastronómicos. Portugal tem a melhor gastronomia do Mundo e todos precisam saber disso. Eu serei sempre incansável nessa propagação.
Por incrível que pareça, almoçando todos os dias como um verdadeiro monarca, ainda emagreci 10 kilos. Isso só se explica pela nobreza dos pratos e excelência dos vinhos...
Hoje já se passou uma semana que regressei ao Brasil. Aos poucos fui-me ambientando, pois as mudanças são bruscas e muito acentuadas...
As minhas plantas e árvores, com que muito convivo e dialógo nos momentos em que me afasto um pouco das pessoas, estavam lindas. Principalmente as roseiras e a aceroleira, esta já carregada de frutos vermelhinhos, saborosos e nutritivos. A mangueira coquinho também carregada de mangas. Os netos brincando na rua e muita molecada soltando pipa. São visões que nos dão muito ânimo e nos convencem de que os tempos ainda são muito bons, como os de antigamente. É triste verificar que na Europa não se vêm mais essas coisas, talvez porque por lá pensem que são mais evoluídos... Mas hoje eu não estou aqui para dizer mal de quem quer que seja. Quero simplesmente dar notícias aos meus amigos dos dois lados da poça grande e apontar semelhanças e diferenças do meu quotidiano e da vivência nos dois países.
No Bar do Gaúcho as coisas continúam como dantes e, para a readaptação ser triunfal, hoje teve churrasco e leitão assado. Muita fartura, grátis, regada com muitas loirinhas de vários tipos e tamanhos. Aqui, aquele delicioso vinho alentejano não tem lugar... Também, com quase 40 graus ao cair da tarde, só temos que tomar banho de cerveja...
Logo pela manhã fui avisado de que haveria uma churrasco ao cair da tarde e, como sempre gentileza da casa. Só se pagam as bebidas.
A hora prevista lá me fui aproximando e já de longe se via um grupo com as cadeiras na calçada, informalidade que por aqui muito se vê e que não adianta proibir em certos lugares, principalmente nos bairros fóra da área central. Não que aqui seja a voz do povo quem mais ordena (...), mas a sua alegria está acima de todas as coisas. Até um pouquinho da rua invadimos e a própria polícia chega a dar adeusinho nas suas esporádicas passagens. E estes só não param para tomar uma cervejinha porque daria muito nas vistas...
Belíssimas e escolhidas peças de carne o Gaúcho exibe na preparação do churrasco e só de olhar escorrega mais uma loirinha pela goela abaixo...
E, como sempre, tudo muito gostoso; desde aquele maravilhoso vinagrete até ao próprio pãozinho francês.
Quando já todos pensávamos que a festança iria parar por ali e que pouca prosa correria mais, eis que chega um belíssimo leitão assado! Haja estômago e vontade de comer e beber para enfardar tudo e mais alguma coisa. Mas é assim mesmo aqui no meu Brasil, do mesmo modo que é no meu Portugal. Quando toca a comer e beber, as coisas são muito semelhantes. A alegria transborda, as brincadeiras entre os amigos são idênticas. Talvez aqui no Brasil haja uma maior descontracção e mais irreverência que, por sinal, alguns portugueses que eu bem conheço não gostam e mostram uma certa relutância (alô Coimbra!...).
Como tudo o que é bom tem o seu término mais rápido, este encontro de amigos foi-se esvaiando e eu tive ainda que sair dali mais cêdo porque amanhã a véspera de Natal vai ser muito movimentada e, por isso, deverá ser um árduo dia de trabalho a que eu já andava um pouco desacostumado...
Ainda dediquei um tempo a escrever estas linhas para desenferrujar o blog e me comunicar um pouco mais, algo que hoje esteve muito complicado, principalmente no download das fotos que teimava em não ter sucesso...
Aproveito para desejar um Feliz Natal a todos os que por aqui passam e me dão o prazer dos seus comentários ou, quanto mais não seja, dessa companhia virtual.
Tenho feito muitos amigos neste e outros espaços cibernéticos, tendo muitas dessas amizades virtuais se tornado reais. Espero que o próximo ano seja pródigo nesse aspecto.