segunda-feira, abril 08, 2013

Saída da Crise



No ano em que começou a circular o euro, eu estava em Portugal. Foi na passagem de 2000 para 2001.
Como eu estava a poucos dias de regressar ao Brasil, tive a preocupação de juntar umas quantas colecções dessas moedas com a cunhagem portuguesa, entendendo ser um óptimo presentinho para alguns dos amigos que sempre nos cobram garrafas de vinho, aguardentes e outras coisas que pesam muito na bagagem e no bolso e eles não percebem...
Quanto a mim, fiz uma colecção das moedas de cada um dos países da zona do euro. Na verdade, hoje está desactualizada e pretendo actualizá-la na minha próxima ida, ou pedir para que os meus filhos cumpram essa tarefa, pois pressinto que alguns abandonarão a moeda muito brevemente.
Não, não estou a sonhar e muito menos louco. Pô! Afinal formei-me em Administração e estudei economia... E tenho a certeza que se perguntar a um catedrático da área, por exemplo o meu Amigo Prof. António Serra, ele vai concordar...
Antes de eu ser céptico em relação à adopção do euro por parte de  Portugal, eu já o era em relação à sua entrada na União Europeia e muitos dos meus amigos me criticavam por isso nas tertúlias em volta de uma mesa de café ou bar.
Diziam eles que eu estava há muitos anos no Brasil e que a minha praia, em termos de macro e micro economia, tinha mais a ver com Plano Collor e outras dessas aberrações...
O Mundo dá tantas voltas... Quem diria que existiria o dia em que no Chipre, um dos membros da EU se colocaria em prática uma espécie daquele mesmo Plano tupiniquim, ameaçando a mesma prática noutros, como Portugal, por exemplo?!
Nos dias de hoje, a reflexão sobre esse tema --- a saída da zona do euro, já é uma realidade palpável e ainda bem que assim é.
Até há bem pouco tempo, os países como Portugal tinham e comungavam da ideia inabalável que eram obrigados a aceitar a austeridade, pois caso contrário, a descontinuidade do euro, seria terrível.
Não é assim, não. Não trilhemos mais essas veredas, esses caminhos. Jamais teremos possibilidades de nos desenvolvermos no meio de uma moeda tão forte.
Sei que vai ser muito difícil, depois que sairmos do euro, um progressivo desenvolvimento. E aqui me vem à mente o triste cenário que vi na cidade de Torres Novas, tendo como cicerone um outro Amigo, camarada de meu irmão nas guerras de África, também de nome Serra. Ele me mostrou as grandes tecelagens desactivadas (por exigência dos alemães) e, quase não contendo as lágrimas quando citou o elevadíssimo nível de desemprego que isso ocasionara.
Muitos dos defensores do euro, mesmo cientes de toda a desgraça que o mesmo ocasionou, sabendo que estamos no fundo do poço, não admitem a possibilidade de nos quedarmos nele e, antes ao contrário, acham que esse chão ressequido servirá de trampolim para o primeiro impulso de grande salto. Coitados! Não! Acho que os coitados seremos nós, uma espécie de berbigão a foder-se na rocha com o contínuo batimento das ondas.
Eles não concordam em sair do euro e voltar às desvalorizações competitivas das respectivas moedas. Mas esquecem-se ou não sabem que as ditas desvalorizações não eram feitas com cariz de competitividade e sim de necessidade, pois caso contrário as suas economias iriam para o beleléu.
França, Itália e Espanha são grandes forças econômicas e têm capacidade para enfrentar a tal austeridade apontando-lhes o dedo médio e, mesmo mantendo-se na zona do euro, têm grande capacidade desenvolvimentista.
Portugal, Grécia, Irlanda, Chipre e mais um ou dois, terão que abandonar o euro e voltar às suas tradicionais moedas. Mesmo assim, pode preservar-se a União Europeia.
Nós, portugueses, jamais nos deixaremos aniquilar. Sempre fomos um Povo forte e essa fortaleza dobrará o vil metal na forma bélica em que se apresentar.
Temos o nosso azeite, a nossa cortiça. Reativaremos a nossa frota pesqueira. Somos bons nessas áreas e até mesmo o somos, também, na alta tecnologia, medicina, etc., etc..
Estou ansioso para pegar na nova moeda de 1 escudo. Juro que farei uma colecção dessa próxima cunhagem e os meus netos a exibirão um dia como o marco da mudança. Os portugueses têm muitos marcos fincados por esse mundo afóra. Este é mais um.


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