sexta-feira, maio 09, 2008

AZULÃO

Não posso afirmar que eu seja um desprotegido da sorte, mas sim uma vítima da sacanagem. Eu e muitos outros, pois não quero trazer só para mim as lamentações. Muita gente não liga para essas coisas, mas eu costumo participar do mesmo modo que participo das loterias (ou lotarias em Portugal...), acreditando que o "jogo" seja limpo e transparente, se bem que nem sempre se possa ter um certificado dessa transparência.
Quando jóvem participava intensamente de certos concursos da rádio ou dos jornais; hoje faço-o esporádica e selectivamente. Na antiga "Emissora Nacional" eu ganhei por diversas vezes bons livros, que eram os prémios oferecidos aos que fôssem sorteados entre os que tivessem respondido a perguntas formuladas ou participado da programação de qualquer outra forma.
Numa certa vez estava viajando naquele velho e sonolento "comboio" do Barreiro para Évora e lendo o jornal para não me aperceber das horas que essa viagem demorava para percorrer os 144 km do trajecto... Notei que o jornal (Diário de Notícias) mantinha um concurso no qual publicava uma foto de uma cidade e pedia para que a mesma fôsse identificada. Respondi através de um postal e fui premiado com 500 contos; um bom dinheiro.
Citei dois casos positivos, não atribuindo essa positividade ao facto de ter sido eu o vencedor, claro. Agora citarei dois negativos dos quais também participei.
Lá na velha Escola de Santa Clara, em Évora, o professor de história mandou que a classe fizesse uma pesquisa sobre os Descobrimentos Portugueses, pois comemoravam-se os 500 anos do início dos mesmos. O autor do melhor trabalho teria depois que discursar sobre o mesmo para toda a turma. O prémio era a participação gratuita na excursão anual que a Escola realizava a qualquer uma outra região do país e nesse ano era no Algarve. Esforcei-me além dos limites; fui um verdadeiro "rato de biblioteca". Decorei aquele trabalho letra por letra de um calhamaço de páginas soltas. O meu trabalho foi o eleito e lá na frente o meu discurso decorado foi impecável.
Como poderia um aluno médio, daqueles que só fazem uma ligeira leitura dos livros e cadernos na véspera das provas e exames, ganhar do melhor da turma, o tradicional CDF e que ainda por cima era filho de um dos professores do curso industrial!? Isso não era justo, no julgamento deles, e foi agendado um outro trabalho, o qual deveria ser feito durante o período de uma aula E e não mais em casa...
Sem sombra de dúvidas sobre quem foi o vencedor, sendo até estarrecedor que o trabalho entregue estava dactilografado... Esse meu colega "sortudo" é hoje professor na Universidade de Coimbra. O tipo era bom mesmo...
Aqui no Brasil e agora puxando o cenário para os tempos actuais, a companhia aérea norte-americana JetBlue anunciou o seu interesse e planos para criação de uma empresa no país. Lançou um tipo de concurso para escolha do nome com o que a empresa operaria. A participação era aberta a qualquer indivíduo através da internet. O criador do nome mais votado seria premiado como "viajante vitalício" sem pagar passagens. O prémio era tentador e teclar meia dúzia de palavras no computador e enviar, não custava nada. Como eram facultadas várias alternativas, exigi da minha imaginação e sugeri alguns nomes interessantes e relacionados com o Brasil.
Agora foi publicado o nome escolhido: AZUL. A empresa passar-se-á a chamar "Azul Linhas Aéreas Brasileiras... Até dá vontade de escrever aqui um nome chulo para mandar todos para aquele lugar mas, como era azul e azul ficou, direi que por aqui e comigo está tudo azul e na santa paz...

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