No pretérito dia 22, sábado, comemomorava-se em Estremoz os 151 anos da fundação da SAE --- Sociedade de Artistas Estremocense. Sinceramente, causa-me um certo embaraço o nome da Instituição, ou mais exactamente a discordância do nome em si. Acho que deveria ser Sociedade Estremocense de Artistas ou Sociedade de Artistas Estremocenses, algo mais arreigado ao bairrismo da urbe. Mas são 151 anos e por ali já passaram pessoas mais evoluídas e letradas que eu e isso não me dá oportunidade a discussão desse tipo.
Criticas à parte, até porque não é minha intenção criticar nada e ninguém, atenho-me ao motivo que me trouxe a escrever estas linhas de hoje.
Conheço a Sociedade desde que nasci, claro, mas jamais lá tinha entrado; até mesmo durante os anos rebeldes da infância e durante os quais se entrava em qualquer lugar sem convite... Ali, no Lago do Gadanha, eu remei muito nos barcos de recreio que todos os Verões lá eram colocados. Nunca nadei nas suas águas porque nadar eu não sabia. Hoje nem navegação nem natação ali há mais e só lá permanece Neptuno com a sua gadanha impávido e sereno no centro do Lago rodeado de repuxos. Cartão postal da cidade, é deveras um lugar bonito. Ali brinquei muito na infância e ali também passava todos os dias a caminho e na volta da Escola do Caldeiro onde completei o ensino primário na década de 50.
Acabei por me desviar da Sociedade que fica bem ali ao lado do Lago do Gadanha, mas à mesma estou voltando. No passado sábado, como referi, teve uma cerimónia com comes e bebes a comemorar o aniversário. O meu cunhado é sócio antigo e convidou-me a acompanhá-lo a ele e minha irmã, depois que solicitou autorização à directoria.
Salão grande longitunalmente e em toda a sua extensão uma enorme mesa farta de acepipes, vinhos e aguardentes. Também havia água para uma minoria... Lembro-me que ali eu comi ameijoas com carne de porco, bacalhau espiritual, croquetes, bolinhos, queijinhos, presunto, etc., etc... O vinho sempre alentejano da própria terra...
Naturalmente que, mesmo estando fóra das minhas águas, sentia-me como peixe... Não reconheci ninguém do meu tempo, até porque as fisionomias não são as mesmas e a falta de contacto supera os 50 anos, mas isso não me inibiu.
Às tantas ouvi no meu redor dois rapazes comentarem entre si se eu não seria "aquele senhor do blog"!? --- Claro que não poderia resistir a isso e de imediato aquiesci apresentando-me formalmente. Eram amigos da internet, das páginas sociais. Joaquim Mira e um seu amigo que, sendo amigo do meu amigo, meu amigo é...
Às tantas a minha irmã alertou-me sobre a presença de dois amigos da infância: o Ludgero e o Rato. A eles me dirigi e assim vi aumentado o meu círculo de amigos no recinto.
Não demorou muito e eu já estava conversando com o Sr. Presidente da Câmara Muniipal de Estremoz. Senti que à sua volta o grupo que o acompanhava, vereadores e outros, nutriam uma certa curiosidade sobre quem eu seria. Dirigi-me à rodinha e, estendendo a mão ao Presidente, apresentei-me e cumprimentei, na sua pessoa, todos os meus conterrâneos. Acho que, não sendo eu político e a tal não ter pretensões, saí-me bem... Senti-me ali ainda mais entrosado na festa e acho que deixei de ser um desconhecido.
Foi uma noite muito especial para mim e eu jamais esperaria ter um momento desses na minha terra. Será uma eterna e grata lembrança.
2 comentários:
Obrigado por nos revelar as suas lembranças sobre a nossa terra a de outros tempos e a de hoje. Estremoz para sempre no coração para quem por aqui vive e para quem está longe há muitos anos. Um abraço de outro estremocense de outra geração e que por aqui continua.
Pois é amigo Cláudio, como o mundo é pequeno! Eu á espera do seu telefonema e sem que nada o fizesse prever, fomo-nos encontrar nas comemorações dos Artistas.
Isto é a prova vivida que quase tudo acontece e nem sempre é obra do acaso mas sim o destino.
Também, têm o meu apreço por ser um conhecedor nato da nossa cidade, das nossas gentes e de tudo o que por aqui acontece. Pois não conheço ninguém que tenha saído tão jovem de Estremoz, e depois de algumas décadas passadas continue a ser um estremocense muito mais atento ao que por cá acontece, do que muitos daqueles que cá vivem.
Abraços
Joaquim Mira
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