O
caramurizeiro, árvore que dá a agora célebre fruta caramuri, é muito alta como
todas as que disputam a luz na selva amazônica. Chega a medir 25 metros. Por
isso mesmo, os índios cortam o tronco bem rasteiro com as suas catanas ou
machadinhas quando vão colher a fruta, uma vez que é impossível chegar-lhe lá nos
confins da copa. Não diria que seja impossível, mas certamente muito difícil. Contudo,
plantada em região descampada, algo que actualmente já se começa a fazer, ela se torna frondosa e o caule engrossa,
diferentemente de suas irmãs no meio da mata. Nesse caso já não se torna
necessário o seu abate para a colheita das frutas muito saborosas.
Eu
jamais vi ao natural uma dessas frutas, pois a árvore só frutifica de quatro em
quatro anos e, por isso, a produção acaba por não ser mercantilizada. Não
aparece aqui nos Mercados da minha região.
O
caramuri é uma fruta pequena e nasce
colada nos galhos que ficam na copa. O local de ocorrência natural da árvore é uma
localidade ribeirinha chamada São Francisco do Caramuri, nas proximidades do
município de Itacoatiara no Estado do Amazonas.
Estando ciente que a maioria das visitas ao
meu blog centraliza-se nas matérias
sobre frutas tropicais, eu resolvi hoje falar do caramuri, seguindo essa
tendência e porque o mesmo está famosíssimo. Mas, infelizmente, não o faço do
mesmo modo que fiz com outras frutas anteriormente e exactamente pela falta de
conhecimentos científicos.
Os biólogos estimam que existe 1,8 milhão de
espécies de animais e vegetais catalogados na Terra e ainda de 10 a 40 milhões
que não foram sequer descritas. Boa parte dos vegetais está na Amazônia, região
que concentra a maior biodiversidade do planeta e uma prova desse
desconhecimento é o caramuri.
O
trabalho de pesquisa sobre o caramuri deve iniciar-se pela investigação do
ciclo de germinação em todas as suas nuances. Passada esta fase, será investigado se de fato o caramuri só dá
fruto de quatro em quatro anos e se isso é uma característica genética da
espécie ou ocorre porque a árvore está em competição por luz e nutrientes no
meio da floresta.
Resta-me,
então, explicar o motivo da minha abordagem da fruta e o porquê da mesma estar
tão famosa no momento.
Ela
foi escolhida pelo povo da Amazónia para ser símbolo da bola a ser usada na
próxima Copa do Mundo a realizar-se no Brasil e o resto do país aceitou essa
ideia com muito carinho. Afinal, só frutificando a cada 4 anos e tendo sido a
última frutificação em 2010, nada mais a ser cogitado.
Porém, neste pretérito domingo pela manhã, no programa “Esporte Espetacular”,
da Rede Globo, a FIFA e a Adidas (fabricante da bola) lançaram uma campanha
para que a população escolha, via Internet, o nome da bola e das 3 opções
apresentadas não constava o nosso caramuri.
Apenas três opções horrorosas e muito
desgastadas constam na lista anunciada: Bossa Nova, Brazuca e Carnavalesca. Em
nenhum momento foi explicado como estes nomes foram selecionados para a disputa.
Isto foi um grande golpe na já enraizada campanha que pretendia fosse escolhida
a nossa frutinha e por uma série de razões ambientais, culturais e de
sustentabilidade
Eu
tive que usar fotos que retirei da Internet e que não referiam os créditos,
algo que deixei de fazer há algum tempo por causa de uma reclamação. Passei a
comprar as frutas das quais me proponha a escrever e delas tirar as respectivas
fotos e com mais propriedade referir as suas qualidades. Desta vez fico devendo
isso…
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