segunda-feira, agosto 13, 2012

Verso e Reverso

Muitos dos emigrantes já sentiram na pele o problema que vou abordar hoje.
Tentei a melhor forma de poder transcrever para aqui a foto acima, que se refere a uma página do Facebook. Foi o melhor que consegui e acho que é possível ler o conteúdo do diálogo travado entre eu e outro usuário. Acrescento agora que, enquanto eu estava tratando da foto, reparei que o parceiro do diálogo retirou os seus comentários e isso deve ter sido por orientação dos gestores da página (?). De qualquer forma, não vou abordar mais este assunto retratado e sim o problema na generalidade.
Depois que cumpri a minha comissão militar em Timor (1970), emigrei para o Brasil em 1972. Naquela época era difícil conseguir um razoável emprego em Portugal antes de ir para a tropa e, depois que voltava quando terminava os 4 anos de serviço militar já nos consideravam velhos...
Tenho 40 anos de Brasil e já assisti a muita coisa. Primeiro a guerra dos dentistas portugueses com os brasileiros; depois a revanche aqui por determinação do então chanceler Fernando Henrique Cardoso e disso eu fui vítima um dia no aeroporto de Cumbica. Depois outras escaramuças do mesmo tipo, mas sempre pela incompetência de alguns para as evitar ou resolver.
Todavia, os portugueses sempre se deram bem aqui e noutras partes do Mundo. São trabalhadores, muito competentes e são muito respeitados por isso. A colónia portuguesa é muito grande e quase todo o brasileiro tem sangue português...
Aqui, apesar de ter filhos e mulher brasileiros e de jamais ter levado para fóra do país um único tostão para aforrar, vez ou outra tenho que escutar baboseiras típicas de um ou outro ignorante. É o caso de nos apontarem como surrupiadores do ouro da Colónia. É o caso de, também, nos quererem incomodar ao contarem piadas de português. No primeiro caso eu costumo perguntar o sobrenome do reclamante e vejo que é Silva, Oliveira, enfim. É quando eu respondo: "Porra! os seus avós pertencíam à quadrilha. Afinal, eles eram portugueses..." E no que diz respeito às piadas, quando o indivíduo me conta uma, eu dou risada e conto outra também de português; é aqui que eu os desarmo...
Em Portugal as coisas não são diferentes e eu também senti isso na pele. Sim! Voltei para lá em 1990 e por lá fiquei até final de 1995. Trabalhei como Representante/Vendedor e um belo dia em, Estremoz, ao visitar pela enésima vez um possível comprador, além de nada vender ainda senti que estava sendo discriminado por causa da minha pronúncia meio abrasileirada. O tipo pensava que eu era brasileiro. E não aguentando mais desaforos, tirei da carteira o meu Bilhete de Identidade, mostrei-o para que ele se certificasse que, além de português eu era estremocense. Depois, agarrei-o pelos colarinhos e disparei um monte de impropérios.
Se todos os portugueses da diáspora resolvesem regressar à terra natal, duplicaria a densidade demográfica do nosso pequenino rectângulo à beira mar plantado. Acho que actualmente não fica bem o termo "jardim"...
Um indivíduo que se proponha realizar um estudo aqui no Brasil, verifica que, além das tradicionais colónias portuguesas do sudeste e sul, tem no nordeste um avultado número de novos patrícios trabalhando ou investindo e que para cá vieram ainda nos bons tempos dos subsídios europeus a fundo perdido. Agora, com a terrível crise em Portugal e adjacências, é impressionante o tamanho da onda imigratória.
Os de cá e os de lá, brasileiros e portugueses, devem de uma vez por todas, parar de afirmar algo que desconhecem na essência. E isso vale para todos os campos do conhecimento. Os demais, com um pouco mais de cultura e conhecedores dos factos, esses sempre defenderão a nossa fraternidade.
Seria uma boa, no momento, Dona Dilma assumir Portugal como Colónia num prazo suficiente para a total recuperação... Infelizmente, pelo número de maus políticos que tem aqui, seria pior a emenda que o soneto.
Conterrâneos! Providenciem um expurgo dessa canalha que se tem alternado no poder desde o 25 de Abril e substituam-nos pelo voto democrático e consciente. Esse é o caminho. Nós, os da década de 60 e na maioria fóra do país, já fizémos a nossa parte com suor, sangue e lágrimas.
 

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