segunda-feira, março 24, 2014

Gato Bravo

Libertação de linces-ibéricos preocupa proprietários rurais do Vale do Guadiana
 

 
A libertação de exemplares de lince-ibérico até final da primavera em Portugal está em risco por falta de condições, alertou recentemente a Associação Nacional de Proprietários Rurais, Gestão Cinegética e Biodiversidade (ANPC), que representa a maioria das zonas de caça e dos proprietários rurais da região do Vale do Guadiana, no Baixo Alentejo, a zona onde os animais serão libertados.
Em comunicado, a ANPC refere que ainda não estão reunidas as condições mínimas fundamentais para que a reintrodução do lince-ibérico em Portugal possa acontecer e venha a ser um sucesso. Por isso, a prevista libertação em Portugal de oito linces-ibéricos criados em cativeiro está seriamente em risco, alerta a ANPC. Há aspetos essenciais que têm de ser salvaguardados para que o lince-ibérico possa ser reintroduzido com êxito, como haver coelho-bravo, a principal presa do lince-ibérico, em número suficiente para o felino se poder alimentar, o que não está garantido, disse à Lusa o secretário-geral da ANPC, João Carvalho.
Atualmente, a densidade de coelho-bravo é bastante reduzida, devido a quedas abruptas das populações provocadas por uma nova doença, o que põe em risco a reintrodução do lince-ibérico, que depende quase exclusivamente daquela espécie de coelho para se alimentar, disse.
Se não houver coelho-bravo em número suficiente, os linces-ibéricos terão de percorrer distâncias enormes à procura de alimento, correndo risco de morrerem atropelados, ou virar-se para outras presas, como perdiz, lebre, galinhas e ovelhas. Por outro lado, disse João Carvalho, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas e organizações do setor da caça ainda não subscreveram o convénio para a conservação do lince-ibérico proposto pela ANPC e que é essencial para se poder formalizar acordos com os proprietários e entidades gestoras das zonas de caça situadas na área abrangida pela reintrodução do felino em Portugal.
Em declarações à Lusa, o secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Miguel castro Neto, disse que as questões levantadas pela ANPC são assuntos que estão a ser acompanhados por técnicos do projeto LIFE+ Iberlince para conservação e reintrodução da espécie na península Ibérica. A evolução do estado das populações de coelho-bravo nas zonas potenciais de reintrodução de lince-ibérico está a ser acompanhada em permanência e os atuais números de coelho-bravo não colocam em causa a planeada libertação dos oito exemplares em Portugal até final da primavera, afirmou. Estamos a falar de natureza, de condições que não controlamos, mas estamos convencidos de que, se não houver alguma alteração súbita, a questão do coelho-bravo não será um fator limitante para a libertação dos oito exemplares, frisou o governante.
A Iberlinx - Associação para a conservação do lince-ibérico está no terreno a desenvolver ações de monitorização e de recuperação das condições favoráveis à reprodução de coelho-bravo e, por isso, acredito que haja uma evolução positiva que permita assegurar a libertação dos exemplares até final da primavera, disse.
A libertação em Portugal dos oito exemplares, decidida esta semana pelo comité ibérico do projeto LIFE+ Iberlince, vai decorrer de forma gradual, sendo que primeiro serão libertados três, depois mais três e finalmente dois, disse o governante.
De acordo com Miguel castro Neto, o trabalho relativo ao convénio está em curso e o facto de ainda não estar concluído e subscrito em nada prejudica o projeto de libertação dos oito exemplares de lince-ibérico.
Segundo João Carvalho, a ANPC, após ter pedido um audiência, vai ser recebida hoje, segunda-feira, por Miguel castro Neto, a quem irá transmitir as suas preocupações. 






In Diário do Alentejo - On line

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