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Por onde o Presidente do Brasil passa faz questão de desfraldar a bandeira dos biocombustíveis como sendo a joia da corôa do seu governo. E defende ser a solução para os problemas climáticos do planeta. Será?
Celso Amorim, chanceler da República, é peremptório quando rebate a tese de que a produção de alimentos é afectada pelo crescimento da cultura da cana de açúcar para a produção de etanol.
O Instituto de Economia Agrícola apresenta dados que apontam para a diminuição das áreas de cultivo de 32 produtos agrícolas numa média de 13%, com destaque para o algodão (40%) e a redução do rebanho bovino em um milhão de cabeças, além da diminuição da produção de leite.
O desmatamento da Amazónia é e sempre foi violento e criminoso. Muitas áreas são desmatadas simplesmente para a comercialização ilegal da madeira e por lá ficam as enormes clareiras abandonadas. Grande extensão foi desmatada para dar lugar à criação de gado ou plantio de soja. E sempre se dizia que nessas terras o plantio de cana de açúcar é inviável dado as características a terra. Todavia, com a actual febre dos biocombustíveis, nem soja nem gado se estaleceram e a cana começa a avançar.
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A colheita da cana de açúcar é um verdadeira trabalho escravo. Os que trabalham nessa área em algumas regiões do Estado de S. Paulo são oriundos dos Estados do nordeste e Minas Gerais. Segundo dados da Pastoral do Migrante, são homens jóvens com idade compreendida entre 15 e 35 anos de idade. São terriveis as condições em que vivem e trabalham. Baixos salários, surrupiados depois para pagamento de alojamento e alimentação... Alto o número de baixas por motivo de doença, ferimentos e incapacidade física.
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A mecanização desta cultura é viável a exemplo de todas as demais. Num ou noutro ponto já observamos colheitadeiras fazendo esse serviço, mas é muito pouco e isso contraria o interesse desses senhores, dessa casta que teima em não desaparecer e que ao longo dos anos escraviza e manipula a educação desse povo sofrido.
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Afinal, vale a pena tanto alarde e tanto empenho por parte das autoridades em transformar a cana de açúcar numa comoditie? Fazer dela mais uma moeda de troca e abastecer aqueles que jamais se preocuparam com a defesa do meio ambiente? Acho eu que esta deveria ser uma cultura local para consumo próprio, respeitando a dignidade humana, e que cada país tente resolver esse problema dentro das suas fronteiras.
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Imagens: www.radiobras.com.br
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