segunda-feira, outubro 08, 2007

RAMOS HORTA EM BERLIM

Ramos Horta foi orador convidado na entrega dos prêmios Quadriga, em Berlim, no dia em que se comemorou a data da Reunificação Alemã. O presidente de Timor entregou os prêmios atribuídos a Aicha El-Wafi, uma muçulmana mãe de um terrorista condenado, e a Phyllis Rodriguez, uma católica mãe de uma das vítimas daquele. No seu discurso disse:
“É para mim uma honra ser o orador convidado para celebrar e constatar públicamente a impressionante reconciliação entre Aicha El-Wafi e Phyllis Rogriguez”.
Os laços de amizade desenvolvidos a partir de uma tragédia são uma inspiração para todos nós”.
“Honrar aqueles que promovem a unidade e a aproximação do mundo de hoje é, de facto, uma excelente escolha para comemorar o Dia da Reunificação Alemã”.
”De certa maneira, ambos os acontecimentos nos recordam que devemos abrir o coração ao pedão e o espírito aos contributos que todos os seres humanos podem dar em prol da paz nas nossas comunidades”.
A cerimónia de entrega dos prêmios teve este ano a participação de diversas personalidades e de entre elas o ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Bernard Kouchner, com quem Ramos Horta teve um encontro de trabalho. Vale a pena registar aqui, também, partes de entrevista que deu a jornalistas espanhóis, destacando o que afirmou sobre a actual situação na Birmânia e em oposição às idéias dos Estados Unidos e de alguns outros países, cujos dirigentes apóiam a adopção de sanções com vista a forçar uma abertura para a democracia.
Sobre a Birmânia disse que “a prioridade é fazer com que a parte militar e a civil, esta encabeçada por Aung Sang Suu Kyi (lider oposicionista e também Prémio Nobel da Paz) se sentem para dialogar e cegar a um consenso. Sempre foi a estratégia de Suu que jamais respondeu com mensagens subversivas ou de ódio aos militares e sim com ofertas de diálogo”.
O chefe da junta militar da Birmania (Mianmar), o general Than Shwe, afirmou à noite, através da televisão oficial do país, que está disposto a reunir-se com Suu Kyi uma vez abandonada a confrontação.
Ramos Horta crê que esta diosposição ao diálogo por parte de Than Shwe pode ser fruto de uma intervenção de alguns sócios da ASEAN, “os únicos que têm o poder econômico e político para fazer mudar o rumo da situação”.
“Eu, como Prémio Nobel, tentarei mobilizar outros Nobel em apoio de Suu Kyi, mas sou consciente que essa acção não passará de um acto simbólico”.
“Na Ásia há uma outra forma de fazer as coisas e o meu próprio país é um exemplo. Se os militares indonésios não tivessem aceitado retirar-se de Timor, hoje não seríamos um país independente. E mais que ressentimento, há agradecimento”.
“As relações entre Díli e Yakarta são boas, quase fraternais, não obstante os crimes cometidos durante a ocupação, algo que pode chocar o ocidente mas que reflecte a indosincracia da Ásia”.
Sobre a situação em Timor, Ramos Horta reconheceu que muito há que fazer e mostrou-se confiado em que a renovação da missão da ONU no seu país se renove a cada ano até 2012.
Disse, também, que Timor necesita de mais ajuda e cooperação de alguns países.

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