Nesta época de Rio+20 e de tantos outros debates sobre sustentabilidade, meio ambiente, ecologia, aquecimento global, etc., etc., há coisas que nos deixam de orelha em pé, obrigam-nos a um debruçar com maior detalhe sobre as questões e, até, acabam por mudar a nossa opinião.
Ùltimamente tive oportunidade de ler e ouvir na grande Imprensa, artigos interessantíssimos que desdizem o que há anos nos enfiam pela goela abaixo. O caso, por exemplo, do aumento de volume dos oceanos que, afinal, é cíclico e nada tem a ver com o aquecimento do planeta.
Toquei no assunto da água e era este mesmo que eu me propuz a abordar hoje, mas sobre outro prisma.
Na minha rua tem uma vizinha obcecada por limpeza. Depois que ela varre toda a calçada que compõe o trecho em frente à sua casa e o dos vizinhos de cima e de baixo (pena que ela não se preocupe também com a minha que fica logo a seguir...), pega a mangueira e lava minuciosamente todo aquele mesmo espaço. Acho que deve andar por volta de uma hora o tempo em que aquela torneira de 3/4 de polegada fica aberta. Não farei as contas agora porque estou digitando de improviso e tal requereria o uso de fórmulas matemáticas enferrujadas na minha cabeça... Mas é certamente muita água e a conta no final de cada mês deve ser astronómica. Não sou que pago, claro.
Sempre critiquei aquele desperdício e muitas vezes me vinha a lembrança de que muitos povos sofrem com a falta de tão valioso bem da Natureza.
Um destes dias o meu neto mais novo (foto) insistiu muito em que queria que eu o trouxesse na minha casa para molhar as plantas. É assim que ele define o tempo, para si maravilhoso, com frio ou calor, em que brinca com a mangueira molhando tudo o que tem pela frente. Adora!
Como eu tivesse filmado a cena, aproveitei e enviei o vídeo para a família em Portugal. De um dos meus filhos de lá eu recebi elogios sobre a qualidade técnica do filme e, porque ele não perde uma boa oportunidade de me cotucar, fê-lo sob o guarda-chuva do ecològicamente correcto (incorrecto no caso). Quando li, fiz aqui um gesto com o dedo médio, mas ele não viu...
Então, comecei a pensar: a água que abastece a cidade de Campinas é oriunda principalmente de dois rios que banham a sua periferia. Ela é tratada nas Estações específicas e encanada para chegar aos lares da população. E pergunto: se nós não aproveitássemos essa água, para onde ela iria correndo no leito dos rios?
A conclusão a que chego é que, através dos rios ou pelas galerias pluviais (caso da água "desperdiçada" pela minha vizinha), o destino é o Oceano. E, como dizia Lavoisier, na Natureza nada se cria e nada se perde; tudo se transforma. E, como digo eu, na Natureza a água só muda de lugar...
Já comecei a nadar contra a maré e estou abraçando a corrente contrária.
1 comentário:
Olá amigo Trindade...
Além do artigo, gostei do seu português/brasileiro usado no artigo.
Sabe que a palavra cutucar deu-me algum trabalho para saber o seu significado?
Um abraço.
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