quinta-feira, junho 21, 2007

POETAS ALENTEJANOS (Décimas)

Hoje dediquei um pouco do meu tempo para uma passagem de olhos sobre alguns dos alfarrábios da minha biblioteca. De repente, defronto-me com umas décimas cujo conteúdo é muito actual. Aliás, sempre actual no decorrer destes anos todos que tenho vivivo, pois parece que nada mudou...
Ó BURGUÊS NÃO TE ADMIRES
MOTE
Ó burguês não te admires
do que pode acontecer
tanta coisa possuires
sem nada te pertencer
I
Tu pensas que eu não sei
que não mereces o que gozas
coisas tão maravilhosas
roubadas ao esforço alheio
vives num alto recreio
sem sofrimentos sentires
para fóra do planeta
e se a justiça te fôr feita
ó burguês não te admires
II
Quem tenha o sentido agudo
bem vê que esta ordem é malvada
os que não produzem nada
querem ser donos de tudo
não podemos ter descuido
já os vamos combater
para fazer desaparecer
a quadrilha desse bando
é já tempo de ires pensando
no que pode acontecer
III
Esta é a alta verdade
a fortíssima razão
quem trabalha é que produz pão
para toda a humanidade
e tu vives da crueldade
para ainda em cima te rires
e para mim nunca mais te vires
com dentes de cão raivoso
chega para seres criminoso
tanta coisa possuires
Autor: Francisco Angélico (Tio Chico "Velhaco")

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