sábado, abril 12, 2008

E TIMOR NÃO ACORDA

Já aqui escrevi algumas vezes a respeito das dúvidas que sustento sobre a real capacidade e interesses das lideranças timorenses. Não gosto de ser repetitivo quanto ao tema, mas há momentos em que sou forçado a bater na mesma tecla.
Ramos Horta nunca me transmitiu confiança em termos de capacidade para ocupar o cargo de Presidente da república timorense. Mesmo que no cargo desempenhe as funções qual rainha da Inglaterra, é sabido que tem poderes decisórios ao abrigo da Constituição. É um homem "fraco" para agir com decisões fortes. É um homem bom mas um dirigente fraco.
Xanana Gusmão é mais perspicaz e não tão ingénuo, ou nada ingénuo. Não confio nele quanto à salvaguarda dos naturais interesses de Timor Leste, ou mesmo na luta por eles. Vejo-o muito abrigado na sombra dos cangurús...
Nada de corridas às armas porque isso só leva o povo timorense a mais e enormes sofrimentos. Mas esse Povo, através de representantes e lideranças outras, tem que começar a movimentar-se nesse atoleiro em que se encontra para alcançar chão firme onde possa caminhar tomando o rumo das urnas em próximas eleições gerais, de preferência antecipadas. Resguardado pelas forças internacionais (não hipócritas), terá que iniciar um ciclo de mais acentuada e madura politização e de discussão dos problemas e ocorrências que amiúde ressaltam.
Uma das maiores empreitadas é fazer todo o possível e o impossível para escancarar as cortinas desse teatro que encenou os atentados aos altos dignatários dos timorenses. Se Ramos Horta agora aventa insinuações sobre a participação de milícias indonésias nos atentados e ilibe o governo daquele país, é de crer, in loco, que tem bases concretas que o fundamentam. Se assim colocadas as coisas e se isso tem alguma veracidade, acredita-se que a própria Indonésia estaria interessada em participar no aclareamento das dúvidas. Se, como diz Ramos Horta agora, os rebeldes Alfredo Reinaldo e Gastão Salsinha tinham apoio dos militares indonésios e fornecimento de material bélico por parte dos mesmos, sendo que esses militares agiam à revelia da instituição, não oficialmente portanto, é imperetrível uma reunião de alto nível dos governantes dos dois países.
As facilidades e protecção que a Austrália sempre ofereceu aos rebeldes, leva-nos a pensar que as autoridades deste país tinham conhecimento dos fornecimentos de material bélico e da sua proveniência. Haveria, então, um conluio entre as duas grandes potências vizinhas?! Repetem-se gestos de amizade e entendimento anteriores quando da ocupação? É difícil acreditar que o governo indonésio desconhecia a movimentação de alguns dos seus militares e das milícias, bem como de alguns cidadãos civis importantes, como, também, a "ignorância" da Austrália sobre a situação.
Recorro ao título de crónica anterior como frase final desta: Acorda Timor!

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