Naquele começo do ano de 1972 cheguei ao Brasil como imigrante junto com a esposa e os dois filhos. Sendo ela brasileira, radicámo-nos na casa de seus pais na cidade de Rio Grande e aí eu comecei a ser gaúcho sem deixar de ser alentejano.
Tempos difíceis como, aliás, o são para a maioria dos que deixam a sua Pátria em busca de melhores oportunidades e com a agravante de ter terminado o cumprimento de quatro anos de serviço militar obrigatório naqueles negros tempos. Aos 27 anos de idade, como a quase totalidade dos jovens portugueses, iniciava finalmente a minha vida profissional, independentemente de ter começado a trabalhar aos 15.
Apesar dos pesares, já tinha notória experiência com subsídios de variados ramos de actividade. Porém, aquele que hoje se denomina “Administração de Materiais” era o que mais se encaixava no meu perfil e até mesmo no período da guerra colonial foi a minha principal ocupação.
Consegui um primeiro emprego em Rio Grande como auxiliar de escritório numa agência de navegação; estava fora da minha especialidade, mas era o necessário primeiro e, entretanto, a busca por um melhor continuava. Assim, naquele mês de Outubro de 1972 fui chamado para uma entrevista em Porto Alegre, pois tinha respondido a um anúncio para Supervisor de Controle de Estoques numa grande multinacional do ramo de rações animais.
Cheguei à capital gaúcha na véspera da entrevista e a ansiedade e o nervosismo eram muito grandes. Mais ou menos tinha uma noção do que me esperava, mas temia que me fossem feitas algumas perguntas nas quais pudesse ter algum deslize. Não conhecia a cidade e hospedei-me na área central. Fui dar uma volta e deparei-me com uma grande e movimentada Feira do Livro como jamais vira igual.
Sou e sempre fui apaixonado por livros, se bem que nos dias de hoje eu traia essa paixão frequentemente... Corri aquela feira de ponta a ponta e, ao mesmo tempo em que me inteirava sobre as novidades, procurava em particular um livro técnico sobre o tema da entrevista. Encontrei! “Planejamento da Produção e Controle de Estoques” da autoria de John F. Magee. Naquela noite mergulhei nas suas 345 páginas. Para escrever esta matéria de hoje busquei-o na minha biblioteca e lá estão por mim manuscritas, na primeira página, as anotações que em todos coloco, como a data: 2 de Novembro de 1972.
Tudo isto eu estou recordando e escrevendo nesta minha página porque, hoje, tem início a 54ª Feira do Livro de Porto Alegre e que vai até ao próximo dia 16. É o maior evento da América Latina realizado ao ar livre e está confirmada para este ano a participação de 167 expositores nacionais e estrangeiros, com um orçamento de 2,4 milhões de reais. É considerada a maior do Brasil.
Visitei aquela que presumo ter sido a 18ª edição e nunca mais lá voltei. As minhas idas a Porto Alegre nunca coincidiram com a data do evento. Talvez eu esteja presente na próxima e, de antemão, faço uma promessa nesse sentido...
1 comentário:
O meu amigo está tramado, pois como costumo ler com atenção sempre seus posts mesmo não juntando comentarios, reparo sempre que haja qualquer lapso..
E este eu tenho que lhe pedir que rectifique....
Se escreveu no livro ..2/11/1972... não pode ter sido chamado para a entrevista ...naquele mês de Outubro de 1973...
Rectifique lá para Outubro de 1972...
Como disse não passa mada ...eheheheh...
Grande abraço amigo....
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