Esporàdicamente surgem comentários em matérias aqui publicadas, que não abordam especìficamente o assunto e antes tentam agredir o autor. É pura ignorância e pouca ou nenhuma inteligência! Mesmo assim, desde que não sejam ofensivos, acabo por permitir a publicação dos mesmos e é aí que reside a diferença...
sexta-feira, setembro 30, 2011
domingo, setembro 25, 2011
Cesária Évora
Há uns anos atrás, quando ainda Timor Leste se tentava livrar dos tentáculos da Indonésia, Ramos Horta passou pelo Brasil na sua incansável caminhada pelo Mundo e, sinceramente, não sei se pela primeira vez. A situação estava efervescente, pois isso tudo se passava após o massacre de Santa Cruz.
Sorrateiramente eu sempre andei envolvido em algo que de alguma forma pudesse ajudar o sacrificado povo timorense. Sempre fiz uma grande propaganda de Timor, explicava a muitos o que foi, o que era e o que aspirava a ser aquele Território. Por incrível que pareça, muita gente culta jamais tinha ouvido falar...
Nessas andanças de Ramos Horta, ele passou aqui por Campinas, mas eu não tive oportunidade de conversar com ele ou, pelo menos, de vê-lo. Mas tentei envolver-me mais e contactei algumas Organizações. Fiz alguns comentários em matérias publicadas na Imprensa e abordei certas passagens de que me lembrava de quando estive cumprindo comissão militar em Díli.
Por tudo isso, pela minha exposição no momento, surgiu um convite da Rádio Transamérica de São Paulo para que eu desse uma entrevista. Claro que de imediato recusei, pois a timidez sempre foi o meu fraco e eu sei que me iria engasgar ou entrar num buraco negro a qualquer momento. Além disso, acho que não seria a pessoa indicada para falar daquele Timor do momento.
Nessa mesma altura recebi um telefonema do então Director da Tv Cultura de São Paulo que me fez algumas perguntas sobre a situação em Timor e, lá pelas tantas, inquiriu-me sobre alguns dados pessoais como, por exemplo, a minha origem portuguesa. Citei-lhe Estremoz, a minha cidade natal e Évora onde mais vivi e estudei.
Não percebi a confusão que ele engendrou naquele momento ao confundir Évora com Cesária Évora e sobre esta tecer alguns comentários, pois a nobra caboverdiana não estava na pauta em discussão e um director de um Canal cultural jamais poderia cometer uma gafe dessas...
Após tudo o que escrevi até aqui nesta crónica só um detalhe assinalado na mesma me trouxe aqui. Exactamente a diva Cesária Évora.
Sim! desta vez é ela o personagem central da peça e vim até ao seu nome passando por Timor e São Paulo porque o seu nome foi citado naquelas situações e até se sobrepôs ao da cidade que é Património Mundial da Humanidade.
Cesária Évora também é Património Mundial para todos aqueles que ouviram as suas maravilhosas interpretações no titmo de mornas e coladeras.
Surgiu na Imprensa que Cesária Évora sofreu um acidente cerebral vascular nestes dias e isso me deixou estupefacto e muito aborrecido. Possìvelmente ela não voltará a cantar, mas teremos sempre o prazer de escutar as suas gravações, ver os seus clips e passar tudo isso e muito mais sobre ela às gerações futuras.
segunda-feira, setembro 19, 2011
Movimentos
Esqueci de contar esta a que assisti na passada sexta-feira. Talvez não faça qualquer sentido para alguns que por aqui passam, mas achei interessante porque insólito. Aliás, é sempre bom lembrar que mais importante que a preocupação com o achatamento ou não das calotes polares, é o sentido que o Mundo está seguindo no seu movimento rectilíneo. Sim! o mundo tem um movimento rectilíneo; aquele em que ele não volta a passar pelo mesmo ponto do modo como passa no de rotação e de translação. Não sei se alguém já alguma vez escreveu isto e eu acho que a ideia foi minha agora, apesar de ser algo tão explícito...
Estava eu, como em quase todos os finais de tarde, tomando uma cervejinha estùpidamente gelada na calçada do Bar, depois que baixei a poeira da garganta com uma saborosa cachaça de Salinas. De repente notei que se aproximava um jóvem aparentando entre 18 a 20 anos. Corpo esguio, alto e bem vestido, com uma camiseta preta e alguns daqueles colares de prata que ora muito se usam. Dirigindo-se a um outro frequentador do Bar e num jeito desesperado, ofegante, perguntou onde se vendia "farinha pra cheirar".
Acho que não será preciso explicar o que é essa tal farinha de cheirar, pois todos sabem que é cocaína. Uns a tratam simplesmente por "pó" e outros nomes mais íntimos. De qualquer modo, eu sempre andei muito longe dessas intimidades e só estou escrevendo sobre o assunto porque ele vem até mim quando eu mais fujo dele. Ele, o assunto...
Alguns logo indicaram que ele andasse mais duas quadras e voltasse à esquerda, etc. e tal. Acho que até mais por gozação, se bem que o pó se encontra hoje em quase todas as esquinas.
O insólito do quadro pintado, como o denominei lá atrás, é a tranquilidade com que o indivíduo se dirigiu a pessoas que ele não conhece e lugar que não frequenta, com aquela pergunta na ponta da língua. O vício se apodera de tal maneira dessas pessoas, que a ansiedade vence todos os obstáculos, até mesmo os de ordem legal.
Vemos, então, que esse movimento rectilíneo do Mundo tem muitos solavancos e, por isso, não mais oferece aquela gostosa tranquilidade. Talvez até entorte a direcção.
quinta-feira, setembro 15, 2011
terça-feira, setembro 06, 2011
sábado, setembro 03, 2011
Frutas Tropicais --- Cacau
O cacaueiro, da família das esterculiáceas, é nativo
das regiões tropicais da América Central e do Sul, provavelmente das bacias dos
rios Amazonas e Orenoco, de onde se espalhou por toda região e onde ainda se
encontram algumas espécies em estado nativo. Quando os primeiros colonizadores
espanhóis chegaram à América, o cacau já era cultivado pelos índios,
principalmente os Astecas, no México, e os Maias, na América Central. De acordo com os historiadores, o cacaueiro, chamado cacahualt, era considerado
sagrado. No México os Astecas acreditavam ser ele de
origem divina e que o próprio profeta Quatzalcault ensinara ao povo como
cultivá-lo tanto para o alimento como para embelezar os jardins da cidade de
Talzitapec. Seu cultivo era acompanhado
de solenes cerimônias religiosas. Esse significado religioso provavelmente
influenciou o botânico sueco Carolus Linneu
(1707 – 1778), que denominou a planta de Theobroma cacao, chamando-a assim de “manjar dos deuses”.
Os índios consideravam as sementes de cacau tão
valiosas que as usavam como moeda.
Antes do descobrimento do Brasil ele era encontrado
em estado selvagem no Amazonas e Pará.
A região onde fica aquela que deveria ser a maior
rodovia do Brasil e que jamais foi terminada, a Rodovia Transamazônica, possui
hoje quase 100 milhões de pés de cacau, fazendo desta atividade produtiva uma
das principais forças econômicas da região que vai receber a hidrelétrica de
Belo Monte, no Pará.
Em 1746 as primeiras sementes chegaram à Bahia, sendo
o primeiro cacaueiro plantado na Fazenda Cubículo. O introdutor do cacau na
Capitania foi o português António Dias Ribeiro, com sementes trazidas do Pará
pelo francês Louis Frederic Warneau.
Hoje encontramos o cacauzeiro no Caribe, na África,
no Sudeste da Ásia e até nas ilhas do Pacífico Sul, Samoa e Nova Guiné. Devem
ter sido os portugueses que o levaram para esses lugares...
A produção de cacau é uma opção como atividade que
concilia a necessidade de produzir com a proteção ao meio ambiente. O cacau tem
que ser plantado consorciado com variedades florestais diversas para garantir o
seu sombreamento, e por isso pode ser considerado como reflorestamento de áreas
já alteradas. Isso torna a lavoura do cacau uma atividade sustentável do ponto
de vista econômico, social e ambiental.
A
"vassoura-de-bruxa", a mais destrutiva doença do cacaueiro, contribuiu
fortemente com a derrocada da cacauicultura e da economia regional a partir de
1989, provocando grandes impactos econômicos e sociais negativos para a região.
Fortes indícios indicam que esta doença foi introduzida nas plantações por
sabotadores querendo o declínio econômico dos fazendeiros, enfraquecendo-os
politicamente. Esta doença só existia no norte do país e somente o homem,
intencionalmente ou não, poderia ter propagado a "vassoura-de-bruxa"
no sul da Bahia.
Os preços
internacionais baixaram e a tecnologia de plantio continua antiga, dificultando
a produção e competitividade. Mas aos poucos as plantações vão sendo recuperadas.
Existem três principais variedades de cacaueiro. A
mais comum é o forastero, responsável por cerca de 90% da produção mundial de
grãos de cacau. Os grãos do tipo crioulo são mais raros e por causa do seu
aroma e gosto são procurados pelos melhores chocolateiros. Há também o cacau
trinitário, um cruzamento entre o crioulo e o forastero.
Após a
colheita, os frutos são juntados, quebrados e retiram-se as favas que são
levadas a fermentar em caixas de madeira. Esta fase do beneficiamento é de
muita importância, pois de uma fermentação adequada resultará em grande parte o
sabor do produto.
O processo
de transformar o cacau em chocolate começa na seleção e mistura dos grãos. Em
geral são utilizadas diversas variedades de grãos. Todos os grãos são separados
manualmente antes de começar a torrefação onde se desenvolve o aroma do
produto. Cada variedade de grãos é torrada separadamente.
Após, as favas são resfriadas e levadas ao triturador. A casca e a amêndoa são
separadas por peneiras sucessivas, com sistema de ventilação e sucção, sendo, a
partir de então, utilizada apenas a amêndoa que é é o produto básico usado na
produção de chocolate.
A etapa
seguinte é a moagem, estágio em que é liberada a gordura, desprendendo
substâncias aromáticas que dão ao chocolate sua qualidade de conservação. A
máquina de moagem tem um dispositivo de granito que roda sobre uma plataforma
de aço ou de pedra para amassar a semente triturada até obter uma pasta
espessa, a massa de cacau (ou liquor de cacau), produto básico para a elaboração
dos diversos tipos de chocolate. É nesta etapa são acrescentados açúcar e
baunilha.
A seguir, vem a refinação e a conchagem, que dura por horas ou dias, durante a
qual a massa é agitada até expulsar a acidez ainda existente, ganhando, então,
textura e tendo seu sabor realçado, adquirindo aspecto brilhante e apetitoso.
As etapas finais são a moldagem, o esfriamento e o empacotamento do chocolate.
O cacaueiro
sempre foi cultivado para dele aproveitar-se apenas as sementes de seus frutos,
que são a matéria-prima da indústria chocolateira. As sementes secas
representam no máximo 10% do peso do fruto do cacaueiro. Apenas recentemente é
que os 90% restantes começaram a despertar o interesse dos produtores.
A casca do
fruto do cacaueiro, também pode ter aproveitamento econômico. Ela serve para
alimentar bovinos, tanto in natura como na forma de farinha de casca
seca ou de silagem, como também para suínos, aves e até peixes. A casca do fruto
do cacaueiro pode ainda ser utilizada na produção de biogás e biofertilizante,
no processo de compostagem ou vermicompostagem, na obtenção de proteína
microbiana ou unicelular, na produção de álcool e na extração de pectina.
O suco de
cacau possui sabor bem característico, considerado exótico e muito agradável ao
paladar, assemelhando-se ao suco de outras frutas tropicais, como o bacuri,
cupuaçu, graviola, acerola e taperebá. É fibroso e rico em açúcares (glicose,
frutose e sacarose) e também em pectina. Em termos de proteína e de algumas
vitaminas, é equivalente aos sucos de acerola, goiaba e umbu. Algumas das
substâncias que compõem o suco de cacau lhe conferem uma alta viscosidade e
aspecto pastoso.
O chocolate
possui vitaminas A, B, C, D e os minerais potássio, sódio, ferro e flúor. Além
disso, pode aumentar o nível do hormônio responsável pela sensação de
bem-estar, a serotonina, tornando-se eficaz no combate à depressão e à
ansiedade.
Outra substância "positiva" encontrada no chocolate é a feniletilamina, também conhecida como "hormônio da paixão". Cientistas explicam que, quando estamos apaixonados, aumenta a produção de feniletilamina pelo organismo. Por isso, quando algumas pessoas passam por um processo de desilusão amorosa, muitos recorrem ao chocolate numa tentativa inconsciente de "compensar" a quantidade desse hormônio.
Outra substância "positiva" encontrada no chocolate é a feniletilamina, também conhecida como "hormônio da paixão". Cientistas explicam que, quando estamos apaixonados, aumenta a produção de feniletilamina pelo organismo. Por isso, quando algumas pessoas passam por um processo de desilusão amorosa, muitos recorrem ao chocolate numa tentativa inconsciente de "compensar" a quantidade desse hormônio.
O melhor
compromisso será comer com moderação e escolher, preferencialmente, chocolate
preto (amargo). Não só contém mais cacau e proporcionalmente menos açucar e
gordura do que o chocolate de leite, mas também é rico em compostos
antioxidantes, chamados flavonóides. De facto, o chocolate preto contém mais
flavonóides do que outros alimentos ricos em antioxidantes, como o vinho tinto.
Os flavonóides previnem vários tipos de cancro, protegem os vasos sanguíneos,
promovem o bem-estar cardíaco e contrariam a hipertensão moderada.
Os
resultados de uma das pesquisas mais recentes sobre esse chocolate confirmam que ele protege o coração.
Realizado na Alemanha, o estudo revela que seu consumo rotineiro reduz os
níveis da pressão arterial. 6,3
gramas da versão de gosto mais acre derrubam a pressão
que o sangue exerce sobre os vasos; a máxima, ou sistólica, em 1,6 milímetros de
mercúrio e a mínima, a diastólica, em 1 milímetro de
mercúrio.
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