quinta-feira, fevereiro 21, 2008

O MAJOR

Sempre que volto a Lisboa fico encantado. Nessa bela cidade morei, trabalhei e estudei. Aqueles eu considero os melhores anos da minha vida, independentemente da escala de valores que possamos usar para cada uma das fases da mesma. Tudo aquilo que vivemos na adolescência parece que se enraiza mais na nossa memória. Somos mais curiosos, mais livres, aventureiros e até desprendidos de grandes problemas, se bem que eles existiram. Voltei a radicar-me na cidade depois que voltei da comissão militar em Timor; outra fase da minha vida.
A última vez que estive em Lisboa foi em 2001. Como sempre faço, percorri as suas ruas, sózinho, numa peregrinação de saudade. Passei em cada um dos lugares que para mim fôram marcantes e não me importei com as mudanças que notei, pois elas não me dizem nada. Desterro, Intendente, Mouraria, Castelo; Av. de Roma, Alvalade, Lumiar, Ameixoeira; Cais do Sodré, Chiado, Bairro Alto. Em todos esses lugares eu passei mais uma vez, comtemplativo.
No Poço do Borratém ainda encontrei aquela tasca com grupos de jogadores de "sueca". Bebi um copo e observei-os por alguns momentos na sua agilidade com o baralho. São outros seguindo o ritual daqueles do meu tempo e que certamente já se fôram... Na rua dos Fanqueiros lá estava o prédio onde fôra o meu primeiro emprego -- Flores & Ferreira. Passei na rua dos Douradores e, mais uma vez, lá saboreei aquela "dobradinha" gostosa no Galego. Saí dali com ar feliz em direção à Ginginha.
No novo trajecto da minha caminhada notei que dois engraxadores conversavam, olhando para mim, e dando risadas entre eles. Escutei um dizendo: "é o Valentim Loureiro, pá..." Estava claro que a gozação era comigo, pois que a minha barba branca e porte físico emprestavam indiscutível semelhança... Voltei e, de dedo em riste disse-lhes: "podem chamar-me de filho da puta, cabrão e outros nomes mais, mesmo eu não sendo nada disso. Porém, jamais de chamem de Valentim Loureiro ou de Major, pois eu fico muito ofendido e poderei partir para a porrada". Eles ficaram boqueabertos, sem reacção, e eu segui o meu caminho.
Esse tal de Major -- Valentim Loureiro -- é uma das figuras mais sinistras. É prepotente, arrogante, mal educado e dono de outros adjectivos a serem aprovados pela Justiça, pois enfrenta vários processos nos Tribunais portugueses, a maioria deles relacionados com o futebol. Esta semana voltou a ser notícia nos jornais.

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