Naquele dia 26 de Fevereiro de 1972 emigrava para o Brasil com destino ao Rio Grande do Sul. Pisei em terras de Santa Cruz, pela primeira vez, no Rio de Janeiro. Como demorava algumas horas para a baldeação num outro avião, por ali fiquei andando de um lado para o outro, até com acesso à parte externa do aeroporto.
Talvez devido ao cansaço das muitas horas de vôo, a preocupação com a mulher e os filhos pequenos e a ansiedade de chegar ao destino final, esse meu primeiro contacto com o Brasil não foi marcado por muita alegria e satisfação; sentia-me verdadeiramente deslocado.
Finalmente, ao desembarcar em Porto Alegre, tudo mudou. O próprio clima já influíu numa melhor adaptação. No trajecto para a cidade de Rio Grande, de ônibus, contemplava a paisagem gaúcha que de algum modo espelhava a planície do meu Alentejo que eu deixara para trás.
Finalmente estabelecido, o contacto com as pessoas e o entrosamento imediato transmitiram-me uma tal segurança que mais parecia estar na minha terra. Como são grandes as semelhanças no jeito do povo aguerrido, no culto das tradições.
Em tempos mais remotos houvera muita influência dos primeiros colonos que eram alentejanos como eu, e a maioria da região de Moura. Até mesmo os açorianos que ali se estabeleceram eram descendentes dos alentejanos que povoaram os Açores. Assim, não poderia ser diferente a minha tão rápida adaptação.
Apesar de sòmente três anos eu ter vivido nos pampas gaúchos, considero-me como nascido naquela terra maravilhosa e lá deixei uma semente... Voltei algumas vezes, mas actualmente são grandes as saudades. Nesta semana em que os gaúchos comemoram a sua maior data, não poderia ser omisso e contribuí, de alguma forma, com duas postagens aqui no blog. Estou sempre presente de alma e coração.
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