Bico afiado, ele insiste em barulhar.
Agora bate palmas na janela, nas portas de vidro; em qualquer espelhado.
Penso que acha que estou dormindo.
Mas quando convido entrar ele cai fora... voa rápido.
Não entendo esse bem-te-vi
Que, embora não saiba, ficou meu amigo.
De manhã que era, ficou diuturno.
E volta quando vagueio meus pensados.
Trituro minhas prosas.
Falo ensimesmado.
Me trouxe lembranças de lá...
De noites turvas
Céus arroxeados
Nuvens de figuras trépidas esburacadas
Mando que leve escritos
Ao joão-de-barro
Forneiro amigo
Construtor de arranha-céus.
(Meu forneiro amigo tem casa de três lages
construida numa forquilha de poste na minha rua).
Me traga notícia de uma siriema
Que canta quando entardece
Aqui perto dum banhado
Ou quando o sol se levanta
secando os orvalhos das avencas.
Bença meu bem-te-vi!!!
Me poupe as dores,
Pois és mensageiro dos céus.
Livre dos barbantes do chão.
Cipós da vida.
De um aviso aos outros deuses:
Pra deixar a vida abestalhar
Sonsa
Morna
Maneira.
Bicotelegrafe ao jabuti
O bicho-preguiça
Lagarto teiú
trazer a vagareza do tempo.
Vá meu bem-te-vi, mas volte toda manhã.
Para que eu não precise mais chorar
Nem sentir saudades.
Marcilio C.Freitas
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