quinta-feira, maio 31, 2007

A ROCHA E O MEXILHÃO

Conflito diplomático.
32 anos depois, a Indonésia recusa-se a entregar militares para julgamento.
Justiça australiana culpa exército indonésio pela morte de cinco jornalistas em 1975
As autoridades australianas querem que o ex-general Sutiyoso responda em tribunal pelo caso de Balibó. O caso remonta a 1975, altura em que cinco jornalistas, dois australianos, um neozelandês e dois britânicos foram assassinados na localidade de Balibó, em Timor-Leste. Jacarta alega que os jornalistas foram vítimas de fogo-cruzado e recusa entregar os militares a julgamento.
Sutiyoso é governador de Jacarta e foi general durante o período em que militares lideravam a ditadura indonésia. Ontem, interrompeu a visita que estava a efectuar à Austrália e regressou de imediato ao seu país, minutos depois da polícia australiana ter irrompido pelo quarto do hotel de Sidney em que este se encontrava hospedado, recorrendo a uma chave-mestra. Tudo para que o governador de Jacarta pudesse depor em tribunal, no âmbito do processo que está a julgar o assassínio dos cinco jornalistas que foram mortos pelas tropas indonésias em Balibó, em Outubro de 1975, quando ó regime do general Suharto se preparavam para invadir Timor-Leste.
A avaliar pelos depoimentos e pelas provas que já foram apresentadas em tribunal, os britânicos Brian Peters e Malcolm Rennie, os australianos Greg Shackleton e Tony Stewart e o neo-zelandês Gary Cunnigham terão sido mortos pelas tropas que se encontravam sob o comando do então capitão Yunus Yosfiah, que veio a ser general do exercito indonésio e ministro da Informação, no final do anos 90, numa tentativa de eliminação de testemunhas da invasão que a Indonésia estava a preparar.
Dentro do tribunal de Sydney há quem suspeite que Sutiyoso também se encontrava em Balibó. Daí a intimação judicial que levou a polícia australiana até ao hotel em que o governador de Jacarta se encontrava instalado.
Indignado, Sutiyoso cancelou o resto da visita e regressou a Jacarta, onde desmentiu qualquer relação com o massacre de Balibó, garantindo que nem ele, nem nenhum dos soldados que comandou em Timor-Leste, se encontrava naquela localidade situada junto à fronteira com a Indonésia, no dia em que os cincos jornalistas foram assassinados.
Declarando-se ultrajado com o comportamento da polícia australiana, o general Sutiyoso queixou-se ao ministro dos Negócios Estrangeiros da Indonésia, tendo Hassan Wirayuda pedido explicações a Camberra e reforçando o protesto que o embaixador de Jacarta já havia apresentado ao Governo australiano.
Este episódio, que já levou centenas de indonésios a protestarem junto à representação diplomática da Austrália em Jacarta, deixou o governo australiano sem saber o que fazer. De início, as autoridades australianas ainda tentaram convencer a Indonésia que tinham sido apanhados de surpresa pelos incidentes e que as ordens para obrigar o general Sutiyoso haviam partido do próprio tribunal, sem que Camberra soubesse do que estava acontecer. Mas os comentários do Presidente Susilo Bambang Yudhoyono, considerando o comportamento de Camberra inaceitável , fizeram subir o tom da polémica entre os dois países. Sobretudo depois de Jacarta ter libertado recentemente o líder islamita que foi condenado pelos atentados de Bali, em 2002, em que morreram vários australianos.
(O texto acima é um resumo de notícias veículado pela SIC e DN com adaptação minha)
Como não poderia deixar de ser, tenho que meter a colher neste prato e fazer jus ao título que escolhi. E àqueles que não conhecem o ditado, ele diz: "O mar bate na rocha e quem se fode é o mexilhão"...
Assim já acontece há algum tempo, tudo levando a crer que os grandes interesses viabilizam a actual situação, e o mexilhão vai começar a apanhar ainda mais fortemente com ondas mais encrespadas. Aguardem e depois me contem!

1 comentário:

A. João Soares disse...

O Cládio não diz explicitamente quem é o mexilhão, mas resta bem claro que é Timor. Não sei de que lado está o mar ou a rocha, mas até pode acontecer que estes se revezem. Mas o mexilhão, esse será sempre Timor.
O futuro não trará toda a paz e todo o desenvolvimento que os timorenses desejam.

Um abraço
A. João Soares