segunda-feira, agosto 20, 2007

PERDIDOS EM CASA...

Frequentemente sou abordado, em qualquer ponto da cidade, solicitando informações sobre determinada rua ou ponto. Quase sempre dou a informação correcta e definitiva e acredito que, assim, tenha terminado o suplício de quem parecia estar perdido e cansado de preambular por aí. Se, por acaso, fui o primeiro a ser indagado, então acho que farejaram a pessoa certa...
Até reconheço que esta cidade onde resido, Campinas (foto cima) é muito complicada até mesmo para os seus habitantes, quanto mais para quem vem de fóra. Sofri muito, também, quando para cá vim, de mala e cúia. Mas, como em todas as demais por onde tenho assentado bases, adaptei-me fàcilmente. Foi assim em Lisboa, Porto Alegre, Genebra e muitas outras, grandes ou pequenas.
Para onde vou ou por onde passo, uso sempre alguns truques e a curiosidade é uma constante. Lembro-me, por exemplo, quando aos 14 anos de idade saí de casa de meus pais e fui trabalhar e residir em Lisboa. Caminhava muito sem destino e gravava na mente grande número de nomes de ruas e imagens relacionadas. Usava muito ônibus (autocarro) e bondes (elétricos) do início ao final da linha e volta. Muitas vezes no sobe e pula para não pagar a passagem, mas isso eram acidentes de percurso...
Em Campinas eu tive uma pequena frota de caminhões e trabalhava fazendo entregas. É natural que tenha ficado a conhecer a cidade como a palma de minha mão. Mas, independentemente disso, sempre imperou a curiosidade em conhecer o máximo que a cidade de poderia oferecer e era assim em todos os demais lugares.
Reconheço que isso é quase impossível nos dias de hoje. As pessoas vão de casa para o trabalho e vice versa. Nas horas de ócio ou de lazer vão passear nos shoppings e lá até poderão assistir a um filme numa das salas de cinema. Muitas vezes não vão além do bar da esquina próximo à sua rua. Assim, jamais terão oportunidade de conhecer a sua cidade.
O que nos leva a ter esse comportamento nos dias de hoje? Sem dúvida, a insegurança total em que vivemos! Afinal, existem bairros em que, para por lá passar, teremos que pagar um tipo de pedágio para a malandragem...
Enquanto a cidade vai crescendo não tomamos conhecimento do seu tamanho e das suas características. Estamos perdidos em "casa"...

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