Na edição do pretérito dia 14, o jornal "Folha de S. Paulo" publicou, num dos seus cadernos, uma reportagem da qual retirei para o blog dois trechos que compactei:
Jô Soares agora vai se lançar numa seara musical, digamos, experimental. A partir de hoje à noite, o "Gordo" inaugura a programação adulta do Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, com "Remix em Pessoa", espetáculo insólito em que recita, com direito a sotaque lusitano, poemas de Fernando Pessoa (1888-1935).
Acompanhado de uma trilha sonora igualmente insólita, que inclui o compositor alemão Johann Sebastian Bach, rock, hip hop e drum "n" bass, entre outros.
É o meu xodó", disse Jô em entrevista coletiva na semana passada, adiantando que promete recitar os poemas com sotaque lusitano, brincadeira que, diz ele, costuma fazer em shows em Portugal.
"Não dá para falar palavras como "algibeira" e "enxovalho" com sotaque brasileiro", explica Jô, que fica sozinho no palco do teatro.
Não tive oportunidade de assistir à apresentação e não comprei o CD. Porém, este último eu pretendo adquirir, pela única razão de se tratar de um trabalho que faz parte de águas onde costumo navegar... Adoro poesia e gosto de recitar obras de vários autores num estilo próprio e dentro das quatro paredes da minha biblioteca. Não tenho pretensões de me igualar aos bons como Paulo Autran, Villaret e até mesmo Jô Soares.
Com esta nota fugi ao tema mestre do que pretendia abordar aqui e que diz respeito à récita ser executada com sotaque português. Não sou desmancha prazeres, mas isso não vai ficar bem. Fortalece a minha afirmativa aquela cena de alguns tempos atrás, num dos programas do mesmo Jô Soares em que um dos convidados foi o fadista português Carlos do Carmo.
Nessa oportunidade o Jô tocou nesse assunto de brasileiros algumas vezes falar imitando o sotaque de Portugal e ele próprio assim proferiu algumas frases. A reprimenda foi imediata e contundente quando Carlos do Carmo disse: "Isso sôa muito ridículo". Jô Soares engoliu a sêco...
Muitas vezes oiço amigos meus ou outras pessoas contarem piadas de português, facto muito comum aqui no Brasil, e todos fazem questão de aportuguesar a dicção como na frase "estás a ver?" em que pronunciam "estais a veire?". O mesmo acontece quando um português tenta falar abrasileirado; ridículo também.
Sou da opinião que cada um deve falar com o seu sotaque corrente, mesmo que este tenha assimilado partes distintas do original, numa fluência natural que, principalmente não agrida a língua e não se preste a xacota.
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