De entre os muitos problemas com os quais o Brasil convive, o maior deles é relacionado com "segurança". Nós, os que vivemos nas grandes cidades, sentimo-nos todos inseguros, se bem que o problema se alastre já para outras áreas até então consideradas tranquilas.
Sentido-nos desamparados pela ineficácia do poder público nessa área, vamos tomando, por conta própria, medidas de prevenção e cautela para evitar surpresas desagradáveis. Assim, se transitamos por uma rua ou estrada, de carro, e, de repente, avistamos um "corpo" estendido no chão e que à primeira vista sugere ser uma vítima de acidente, não paramos para nos certificar sobre o que aconteceu e dar auxílio. Porquê? Porque hoje os bandidos usam esse artifício para assaltar os incautos de boa fé. É muito triste ter-mos chegado a este ponto de comportamento. E eu, pessoalmente, incluo-me na categoria dos desconfiados e prevenidos; não dou sorte para o azar...
Na madrugada de hoje, 01:30, o telefone tocou na minha residência e minha mulher atendeu. Do outro lado da linha uma voz dizia: "senhora! não fique alarmada. Eu e um amigo encontrámos o seu filho caído na estrada ao lado da moto e desacordado. Socorrêmo-lo, voltou a si e parece não ter ferimentos. Vamos aguardar um pouco aqui com ele e verificar se fica em condições de ir para casa por seus próprios meios. Fique aguardando, pois ligaremos nòvamente se a situação não melhorar."
Perante um telefonema deste tipo e de acordo com que escrevi mais acima, existe motivo para ficar na dúvida sobre a veracidade. Primeiro porque é raro alguém parar numa estrada, de madrugada, para socorrer alguém vítima, talvez (?) de um acidente que não foi presenciado. Segundo que é "modus operandi" dos marginais esse tipo de comunicação e que terá outros desenvolvimentos a seguir.
Meia hora se passou e nòvamente o telefone tocou: "Senhora! o seu filho está muito confuso e não confiamos na sua capacidade de dirigir a moto para voltar para casa; está sem noção de como fazer e que rumo tomar. Fique tranquila que não o abandonaremos até que alguém da família chegue aqui".
Nesse mesmo instante, eu e minha mulher, partimos para o local indicado e não trocámos impressões sobre se poderia ser ou não ser verídico tudo aquilo. Simplesmente o fizémos com a única preocupação do real estado de saúde do nosso filho. Chegámos e certificámo-nos que tudo era verdade. Alguns momentos depois a polícia também surgiu e isso ainda nos deu maior tranquilidade, se é que possa usar o termo. Resumindo: o nosso filho passou pelo hospital para exames e está em casa relativamente bem.
Agora, pergunto a mim próprio: Devo continuar agindo como até então em relação ao que poderá ser ou não uma vítima real de acidente? Devo parar e ajudar? Continuarei receoso ou arriscar-me-ei a enfrentar a situação, seja ela qual fôr? No caso que relatei e que pessoalmente me envolveu, algo é indubitável: se aqueles dois amigos não tivessem parado para verificar o que aconteceu e prestar socorro, algum caminhão ou carro teria passado sobre o meu filho enquanto estivesse estendido, desacordado, naquela via.
Terei que mudar!
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