sexta-feira, novembro 16, 2007

RAMOS HORTA EM LISBOA

O "enraizamento" da língua portuguesa em Timor-Leste é "um esforço de longo prazo", que só estará completo dentro de duas gerações, na melhor das hipóteses, afirmou hoje em Lisboa o presidente timorense, José Ramos-Horta.
Ramos-Horta, que prossegue hoje a sua visita oficial de dois a Portugal, a primeira enquanto Chefe de Estado timorense, falava no Palácio de Belém após uma audiência de cerca de uma hora com o presidente Aníbal Cavaco Silva.
Questionado pela imprensa acerca dos progressos do ensino da língua portuguesa em Timor-Leste, que tem a oposição de alguns quadrantes, Ramos-Horta afirmou que "o desenvolvimento nota-se", mas que os resultados práticos surgirão mais tarde.
"Quem participou, como eu participei desde 2000/2001 na defesa desta opção [adopção do português como língua oficial], pode ver a melhoria na introdução, mas o esforço tem de continuar, é um esforço a longo prazo, são necessárias pelo menos mais duas gerações para que o português se enraíze", afirmou.
O presidente timorense lembrou que a história da língua portuguesa em Timor-Leste fez-se de "dificuldades e controvérsia", que obrigaram à necessidade de "esclarecer o povo [timorense] sobre a necessidade de introdução da língua portuguesa lado-a-lado com o tétum".
De todos os Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Timor-Leste é o único que tem duas línguas oficiais.
Portugal e também o Brasil têm suportado os custos do ensino da língua, e, segundo Ramos-Horta, também o Estado timorense vai começar a fazê-lo, em 2008.
"O actual governo de Xanana Gusmão orçamentou, pela primeira vez, para 2008, os custos de receber 30 professores de português, incluindo para a Universidade", disse Ramos-Horta no Palácio de Belém.
Cavaco Silva veio depois apelar a que outros países da CPLP, nomeadamente Cabo Verde, participem no esforço de introdução do português em Timor-Leste.
"Todos os países da CPLP devem estar envolvidos nesta consolidação da língua portuguesa, ao lado do tétum em Timor-Leste. O Brasil já está, Cabo Verde pode estar, e outros países podem também estar", afirmou o presidente português.
"A língua é um elemento fundamental de identidade, principalmente no mundo global", disse o chefe de Estado, que manifestou a disponibilidade portuguesa para "acolher sempre" pedidos que venham a ser feitos por Timor neste domínio.

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