A Australian Security Intelligence Organization (ASIO, serviços secretos) desclassificou ontem centenas de documentos referentes ao actual Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta. Mas ainda conserva por desvendar cinco dossiers que tem sobre ele.
Naquilo que o jornal The Canberra Times considerou "um passo em falso diplomático", a ASIO e o ministério australiano dos Negócios Estrangeiros nem sequer teriam consultado ou avisado o chefe de Estado de que iam trazer a público todo o seu passado, desde que, em Outubro de 1974, o começaram a espiar. Foi quando se tornou claro que era o principal representante internacional da causa nacionalista timorense.
A divulgação de ficheiros secretos sobre um Presidente em exercício num país vizinho é algo "sem precedentes", comentou Clinton Fernandes, professor da Universidade da Nova Gales do Sul." Primeiro a Austrália espia a vida de Ramos-Horta, depois Camberra trai Timor para benefício dos militares indonésios e, três décadas depois, divulga os documentos sem sequer se dar ao trabalho de um telefonema para lhe dizer", referiu.
O material vindo a lume revela que, em Maio de 1975, a ASIO contou à sua congénere indonésia BAKIN os contactos que Ramos-Horta tivera com a Comissão Australiana para um Timor-Leste Independente e com o Partido Comunista da Austrália. Sabe-se que o primeiro-ministro australiano do período 1972-1975, o trabalhista Gough Whitlam, achava que Timor-Leste "era demasiado pequeno e economicamente inviável para se tornar independente". Whitlam "lamentará um dia a negociata que fez com Suharto" (o ditador indonésio), para que Jacarta ocupasse Timor-Leste, teria escrito em dada altura Ramos-Horta, segundo uma carta sua incluída nas mais de 550 páginas agora desclassificadas.
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